terça-feira, junho 23, 2009

A arte de bem receber

"Ahmed Ghailani, o primeiro transferido de Guantánamo para os EUA, chegou há dias a Nova Iorque a fim de ser julgado. O sr. Ghailani, que possui nacionalidade tanzaniana, que enfrenta trezentas acusações e que é suspeito da morte de 224 pessoas em diversos atentados no continente africano, é representativo de muitos dos duzentos e tal detidos que permanecem na prisão americana em Cuba. Mas não de todos.

Abdallah Saleh al-Ajmi, natural do Koweit, foi um exemplo dos detidos em Guantánamo sob acusações menores, no caso a pertença aos talibãs. Após interrogatórios militares puxarem para um lado e advogados para o outro, acabou libertado em finais de 2005 e enviado para o país natal. Em Março de 2008, após gravar o tradicional vídeo em que glorificava Alá e ameaçava os apóstatas, Abdallah Saleh al-Ajmi conduziu um camião armadilhado contra uma base do exército iraquiano nos arredores de Mosul. Matou apenas 13 soldados e feriu apenas 42.

Não vale a pena discutir a ideia de Guantánamo, a névoa jurídica que a envolveu ou a autêntica escola corânica que ali se permitiu. As discussões, hoje, estão em fase mais adiantada e visam a extradição dos respectivos ex--prisioneiros para países aliados dos EUA. Observante da hospitalidade da casa, o nosso MNE já se dispôs a aceitar um "pequeno número" deles. Óptimo, mas, pequeno que seja, qualquer número retirado dos eventuais fanáticos que ainda sobram parece-me altamente susceptível de jackpot. Talvez nos saiam assassinos em grande escola género Ghailani, talvez nos saiam assassinos moderados género al-Ajmi, talvez nos saiam infelizes capturados por engano e decididos a levar uma vida decente. É esperar o resultado da rifa. Se houver festa, será com certeza explosiva
."

Alberto Gonçalves

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