Com nome escrito nas costas
"Há diferença entre um homem e a multidão. Um tem cara; a outra é maria-vai-com-as-outras. A opinião do primeiro vale porque o compromete; o comportamento da outra é anónimo e, por isso, quase irrelevante. Da última vez que Marcelo Caetano se apresentou em público (num Sporting-Benfica, Estádio de Alvalade, a 31 de Março de 1974) recebeu uma ovação da multidão de pé. Assim, como adivinhar o 25 de Abril? Já o gesto de seis futebolistas da selecção iraniana, ontem, na Coreia do Sul, merece atenção para se saber o futuro próximo do Irão. Muitos dos anónimos que aplaudiram Marcelo estiveram, logo três semanas depois, com a liberdade na boca. Poderiam, até, estar a ser sinceros em ambas as situações, só que a sinceridade quando é gratuita, significa pouco. Já o ocorrido com os seis homens (cada um com o seu nome escrito nas costas), comprometendo-se, é gesto de outra loiça. Caso a sua opção falhe, eles (cada um deles) terão a vida em risco. Ontem, de novo, as ruas de Teerão voltaram a encher-se. Mas, ontem, o que falou mais alto foram as pequenas bandas verdes no punho de seis homens com nome escrito nas costas."
Ferreira Fernandes
Ferreira Fernandes
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