Ciclone político
"Agora que estalou a revolta surda contra o PS, o primeiro-ministro tem uma oportunidade para mostrar a fibra de que é feito.
Não é o medo, nem o clima de intimidação, nem o peso da máquina rosa que fazem a diferença. A diferença está no cansaço dos portugueses em relação ao estilo arrogante, agressivo e soberbo de impunidade com que o primeiro-ministro governa o país. Debilitado pelo Bloco de Esquerda, surpreendido pela Direita renascida, o PS ficou parado no deserto do centro político e perdeu em toda a linha quando quis ser tudo para todos ao mesmo tempo. O poder e a maioria absoluta descaracterizaram o PS até ao delírio de se acharem donos da democracia. Assim se explica o choque e a surpresa da derrota.
Pode correr a especulação de uma remodelação do Governo e de uma guinada a grosso e a retalho para a Esquerda. Que não haja ilusões. Sócrates não é homem de segundas velocidades, mas um político de velocidade única que só conhece o rumo estabelecido. Remodelar agora é negar quatro anos de governação e reconhecer os erros, abusos e omissões do passado. Por outro lado, o primeiro-ministro não tem tempo para mudar, mas também não tem ideias para mudar. Mais ainda, com a derrota sofrida nas europeias, Sócrates não tem a força nem a legitimidade para grandes inflexões políticas. A partir de agora, Sócrates lidera um Governo de maioria absoluta que funciona em regime de gestão corrente. Uma originalidade nacional que garante a paragem da governação e o domínio absoluto da propaganda eleitoral. Com o país parado, com o resultado das legislativas em aberto, Portugal vai entrar num período de forte agressividade e crispação política.
Ao contrário de Portugal onde a extrema-esquerda cresce e floresce, na Europa a extrema-direita afirma-se com um discurso nacionalista e anti-imigração. Sinais de uma crise económica que no entanto não atinge os grandes partidos da Direita europeia, reforçados nos governos e dominadores no Parlamento Europeu. Quando se julgava que a Esquerda europeia iria colher os lucros da crise económica, eis que a grande decepção política vem arrefecer as excitações que apontavam para o fim do modelo neoliberal e para a morte do capitalismo. Existe uma moral nestas eleições europeias e que diz respeito à percepção dos cidadãos - os europeus não querem uma expansão do intervencionismo de Estado obtido por via da limitação da liberdade individual. Os cidadãos podem não ter lido Hayek, mas percebem que a imposição da igualdade de condições recorrendo à coerção da livre iniciativa significa sempre o empobrecimento geral."
Carlos Marques de Almeida
Não é o medo, nem o clima de intimidação, nem o peso da máquina rosa que fazem a diferença. A diferença está no cansaço dos portugueses em relação ao estilo arrogante, agressivo e soberbo de impunidade com que o primeiro-ministro governa o país. Debilitado pelo Bloco de Esquerda, surpreendido pela Direita renascida, o PS ficou parado no deserto do centro político e perdeu em toda a linha quando quis ser tudo para todos ao mesmo tempo. O poder e a maioria absoluta descaracterizaram o PS até ao delírio de se acharem donos da democracia. Assim se explica o choque e a surpresa da derrota.
Pode correr a especulação de uma remodelação do Governo e de uma guinada a grosso e a retalho para a Esquerda. Que não haja ilusões. Sócrates não é homem de segundas velocidades, mas um político de velocidade única que só conhece o rumo estabelecido. Remodelar agora é negar quatro anos de governação e reconhecer os erros, abusos e omissões do passado. Por outro lado, o primeiro-ministro não tem tempo para mudar, mas também não tem ideias para mudar. Mais ainda, com a derrota sofrida nas europeias, Sócrates não tem a força nem a legitimidade para grandes inflexões políticas. A partir de agora, Sócrates lidera um Governo de maioria absoluta que funciona em regime de gestão corrente. Uma originalidade nacional que garante a paragem da governação e o domínio absoluto da propaganda eleitoral. Com o país parado, com o resultado das legislativas em aberto, Portugal vai entrar num período de forte agressividade e crispação política.
Ao contrário de Portugal onde a extrema-esquerda cresce e floresce, na Europa a extrema-direita afirma-se com um discurso nacionalista e anti-imigração. Sinais de uma crise económica que no entanto não atinge os grandes partidos da Direita europeia, reforçados nos governos e dominadores no Parlamento Europeu. Quando se julgava que a Esquerda europeia iria colher os lucros da crise económica, eis que a grande decepção política vem arrefecer as excitações que apontavam para o fim do modelo neoliberal e para a morte do capitalismo. Existe uma moral nestas eleições europeias e que diz respeito à percepção dos cidadãos - os europeus não querem uma expansão do intervencionismo de Estado obtido por via da limitação da liberdade individual. Os cidadãos podem não ter lido Hayek, mas percebem que a imposição da igualdade de condições recorrendo à coerção da livre iniciativa significa sempre o empobrecimento geral."
Carlos Marques de Almeida
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