terça-feira, junho 16, 2009

O BPP, Louçã e os riscos sistémicos

"Depois de o Governo ter deixado cair os clientes de retorno absoluto do BPP, José Sócrates foi confrontado com o tratamento diferente dado aos clientes do BPN. O primeiro-ministro justificou-se falando no "risco sistémico" do BPN na altura da nacionalização.

Foi uma saída hábil. Porque uma coisa é o risco sistémico, outra o tratamento diferenciado dos clientes. É verdade que ao intervir no BPN o Governo travou uma corrida aos bancos. Dizer que no BPP não fez o mesmo por não haver esse risco (de contágio), é falsear o problema. Porque ninguém pedia que segurasse o BPP, como fez com o BPN: pedia-se apenas que segurasse os depósitos... e equiparados.

Sócrates diz que no BPP o Governo garantiu os depósitos, tal como no BPN. É verdade. Só que no BPN foi mais longe: garantiu também aplicações de 550 milhões de euros, semelhantes às de retorno absoluto do BPP (ambas estavam fora do balanço, como disse o presidente da CMVM no Parlamento).

É este pormenor que confirma que o BPP passou de problema técnico a problema político. Com a tareia que levou nas eleições (não foi por acaso que o BPP ficou para depois das europeias), Sócrates tinha receio de acabar presa fácil da demagogia do dr. Louçã (estilo "o Governo está a ajudar os malandros da banca com dinheiro dos impostos") se o Governo desse uma garantia ao fundo que vai gerir os produtos de retorno absoluto.

Não há dúvida: Louçã, mesmo sem estar no Governo, é o político mais influente de Portugal...
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Camilo Lourenço

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