quarta-feira, junho 17, 2009

O grande cacarejar

"Em momentos de crise os políticos costumam actuar como galinhas tontas, correndo para todos os lados. Desta vez, o grande cacarejar é sobre como poderá este País ser governado após umas legislativas de onde não saia uma maioria. Esgotado o modelo Sócrates, em que tudo se reduzia à gestão do poder, exige-se simplesmente o regresso da política pura. A campanha para as legislativas vai ser uma "performance" artística: como é que será possível pedir o voto do povo quando os detalhes de qualquer política governamental serão necessariamente pouco populares? Por isso os partidos preparam-se para esconder o essencial, para promover o acessório. Como escrevia o grande escritor John Le Carré, "neste momento estamos divididos entre os que estamos afectados pela recessão e os que simplesmente a observam". E a classe política apenas a observa, sem ideias coerentes. Há quem tenha ficado admirado por, após a crise deste modelo de capitalismo, terem sido os conservadores a ganhar as eleições na Europa? Mas, enfim, o que andou a chamada "esquerda" a fazer, para além de ser a mais militante defensora e gestora desse modelo até há uns dias? Quando se esqueceram da ideologia e da política para colocarem as mãos em homens que garantiam o poder (Blair, Sócrates), a esquerda perdeu o elixir da mudança entusiástica que costumava transportar em períodos de crise. O problema é que, por aqui, a campanha eleitoral para escolher um governo que drible esta crise estrutural vai só debater se deve haver ou não TGV. Um cacarejar suicida."

Fernando Sobral

1 Comments:

Blogger O Micróbio II said...

TGV será a tábua de salvação do pescoço de alguns e será a corda que há-de apertar ainda mais o pescoço de todos nós...

quarta-feira, junho 17, 2009  

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