Programas de sucesso
"Criticou-se imenso a demora na apresentação dos programas eleitorais dos partidos ditos à direita. Não se criticou à toa. Depois de terem passado as férias a ler, e a reler, os programas de PS, PCP e Bloco, milhões de eleitores andavam em pulgas para analisar os programas do CDS e, sobretudo, do PSD. A fim de disfarçar a expectativa, muita gente já se entretinha com as brochuras de propaganda do PCTP e do PNR, e eu fique ceguinho se um destes dias não vi um passageiro do metro a anotar minuciosamente uma fotocópia do POUS que continha quatro ou cinco desabafos e um retrato, a duas cores, de Carmelinda Pereira. Entretanto, o programa do PSD chegou enfim. O do CDS vem a caminho. Ainda bem. Não há escolha popular autêntica sem um povo rigorosamente informado acerca do que os partidos pretendem, propõem e, quando são poder, infalivelmente cumprem. Sem os importantíssimos programas partidários, as pessoas votariam fundamentadas em quê? No hábito? Na fezada? No sentimento? No ressentimento? Na tradição familiar? Nos debates televisivos? Numa impressão recolhida nos "sound bytes" dos noticiários? No aprumo estético dos "outdoors"? No comício a que compareceram a troco de um passeio de autocarro e um pão com mortadela? Na "imagem" dos candidatos? Na simpatia ou na antipatia que o líder X ou o líder Y lhe suscita? No emprego que lhes deram ou prometeram? Nas recomendações da corporação a que pertencem? Na livre vontade? Consta que há democracias assim. Coitadas. "
Alberto Gonçalves
Alberto Gonçalves
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