Uma aventura eleitoralista.
"Há demasiado tempo, talvez em 1984, a professora de História do 9.º ano prometeu um livro, não identificado, ao aluno com o melhor teste. No dia da grande decisão, a professora disse o meu nome e eu levantei-me, embaraçado pela distinção, satisfeito pelo prémio. Num ápice, fiquei-me pelo embaraço: o prémio era um livrinho da colecção "Uma Aventura", cópia indígena e pelintra dos "Famous Five" de Enid Blyton, os quais, aliás, lera aos seis anos. Aos catorze, andava, provavelmente sem compreender, pelos Camus e Kafka da praxe. Dei o livrinho a uma prima bebé e no 9.º ano não repeti os bons resultados a História. Embora a duras penas, aprendi nesse momento a incapacidade da docência em "motivar" as crianças. E aprendi o nome de Isabel Alçada, co-autora da mencionada colecção e hoje, talvez ironicamente, ministra da Educação. Pelo meio, ouvi que a senhora passou pelo Plano Nacional de Leitura, onde continuou a tentar infantilizar a população estudantil, tarefa nada difícil.
Dos novos ministros, o meu conhecimento esgota-se aqui. O meu e, ao que parece, o de toda a gente. Quando se diz que os estreantes constituem uma aposta do eng. Sócrates na "componente técnica", pretende-se dizer que ninguém tem ideia de quem sejam. Juntos na obediência dócil ao eng. Sócrates, estreantes e repetentes apontam dois caminhos. O primeiro é o desejo de sossegar polémicas (Educação, Saúde) ou em não as criar (Justiça, Administração Interna): oficialmente, o "reformismo" terminou antes de deixar marcas. O segundo caminho prende-se inteirinho com o dinheiro e, mediante abraço à esquerda e desprezo à despesa pública, descreve-se em três palavras: gastar, gastar, gastar. As Obras Públicas foram para um entusiasta das mesmas. A Economia foi para o dr. Vieira da Silva do Trabalho. O trabalho foi para uma sindicalista. E as Finanças permanecem no dr. Teixeira dos Santos, cujos méritos, esses sim técnicos, não moderam os propósitos do chefe.
Aparentemente, o chefe procedeu a um levantamento dos maiores problemas nacionais e inventou um Governo empenhado em mantê-los ou agravá-los. Com sorte, enquanto a médio prazo o país se afunda, no curto a popularidade do primeiro-ministro sobe, o que virá a jeito para dissuadir ou vencer eleições antecipadas. As almas seduzidas pelo eng. Sócrates falam em "Governo de combate". As almas cépticas suspeitam de que o combate é com o seu bolso, e partem já derrotadas."
Alberto Gonçalves
Dos novos ministros, o meu conhecimento esgota-se aqui. O meu e, ao que parece, o de toda a gente. Quando se diz que os estreantes constituem uma aposta do eng. Sócrates na "componente técnica", pretende-se dizer que ninguém tem ideia de quem sejam. Juntos na obediência dócil ao eng. Sócrates, estreantes e repetentes apontam dois caminhos. O primeiro é o desejo de sossegar polémicas (Educação, Saúde) ou em não as criar (Justiça, Administração Interna): oficialmente, o "reformismo" terminou antes de deixar marcas. O segundo caminho prende-se inteirinho com o dinheiro e, mediante abraço à esquerda e desprezo à despesa pública, descreve-se em três palavras: gastar, gastar, gastar. As Obras Públicas foram para um entusiasta das mesmas. A Economia foi para o dr. Vieira da Silva do Trabalho. O trabalho foi para uma sindicalista. E as Finanças permanecem no dr. Teixeira dos Santos, cujos méritos, esses sim técnicos, não moderam os propósitos do chefe.
Aparentemente, o chefe procedeu a um levantamento dos maiores problemas nacionais e inventou um Governo empenhado em mantê-los ou agravá-los. Com sorte, enquanto a médio prazo o país se afunda, no curto a popularidade do primeiro-ministro sobe, o que virá a jeito para dissuadir ou vencer eleições antecipadas. As almas seduzidas pelo eng. Sócrates falam em "Governo de combate". As almas cépticas suspeitam de que o combate é com o seu bolso, e partem já derrotadas."
Alberto Gonçalves
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home