segunda-feira, dezembro 07, 2009

A 'Marcha contra o Sporting'

"O avanço dos direitos cívicos faz-se de momentos decisivos. O dia de 1905 em que Annie Kenney interpelou Churchill sobre o voto das mulheres. O dia de 1955 em que Rosa Parks recusou ceder o lugar no autocarro a um branco. O dia de 2009 em que um sócio anónimo do Sporting se queixou à ASAE de discriminação sexual.

É facto que a última das proezas ainda não alcançou estatuto mítico, mas não faltará muito. Entretanto, convém explicá-la: o Sporting lançou uma promoção de bilhetes para o futebol; a promoção é reservada a casais; os casais terão de ser constituídos por um homem e uma mulher; o tal sócio anónimo e diversos activistas conhecidos explodiram de indignação. Um dos activistas, o deputado do PS Vale de Almeida, até considerou a restrição "inaceitável", "ilegal" e "pura maldade", não necessariamente por essa ordem.

Eu também acho. E acho mais: neste caso nem a pura maldade é só do clube da bola nem os seus alvos são só os puros homossexuais. Primeiro que tudo, há a questão dos dicionários, os quais, salvo raras e abençoadas excepções, teimam no reaccionarismo de definir "casal" como o conjunto de um macho e de uma fêmea. Depois, há a questão do movimento LGBT, que às vezes parece ceder a um certo conservadorismo alternativo e privilegiar as relações entre indivíduos do mesmo sexo.

E se o sexo não for nem o mesmo nem o oposto? Eu, por exemplo, conheço inúmeras parelhas lésbica/travesti e transgénero/andrógino que andam mortinhas por comprar bilhetes do Sporting a preços módicos. Isto para não falar no casal amigo composto por um heterossexual e um transexual-em-curso que sonha com um lugar cativo. Ou do meu vizinho(a) hermafrodita que deseja beneficiar sozinho da promoção.

A queixa à ASAE é apenas um princípio. Subscrevo-a e proponho, desde já, ampliá-la a uma ou duas vigílias à porta de Alvalade, com Maria José Valério a interpretar a novíssima Marcha contra o Sporting. A História ensinou-nos que a luta pela dignidade de todos é uma tarefa de todos, tão imensa quanto urgente: o importante é não ter medo, da repressão nuns casos, do ridículo noutros
. "

Alberto Gonçalves

1 Comments:

Anonymous Vivó Sporting said...

No entanto já foi criado um movimento cívico contra a paneleiragem.

Um grupo extensíssimo de mulheres organizadas em "movimento" criaram uma campanha contra a concorrência desleal dos ?machos?

Acabaram de lançar uma T-Shirt com um slogan que querem apresentar no Estádio de alvalade (O visconde deve andar às voltas, lá no mausoléu e o leanito até coça os t......

Pois o slogan dessas bravas mulheres, é:

NÓS TAMBÉM TEMOS CU

segunda-feira, dezembro 07, 2009  

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