quinta-feira, dezembro 17, 2009

Vai tudo de TGV

"Provavelmente mais cedo do que se imagina, vamos aterrar na realidade com estrondo, sangue, suor e muitas lágrimas.

O senhor presidente relativo do Conselho anunciou com imenso orgulho que é tempo do TGV passar do papel ao terreno. Feliz consigo mesmo, anunciou pela milésima vez aos indígenas que a obra vai dar emprego e ajudar à recuperação económica. Patranhas que a própria realidade já desmente e que o futuro próximo vai atirar definitivamente para o lixo. Conhece-se o estado a que o sítio chegou. Défice descontrolado, dívida pública galopante e um endividamento externo alarmante. Para além disso, o desemprego não pára de subir e o número de pessoas com fome aumenta todos os dias. Os sinais de alarme vêm de fora e alguns, ainda muito tímidos e desgarrados, cá de dentro.

Mas nem os mais recentes exemplos externos servem para Governo e Oposição arrepiarem caminho e, de uma vez para sempre, virem dizer aos indígenas que o modelo económico está errado há muitos anos e que chegou o tempo de mudanças sérias, abruptas e muito dolorosas. Continuam com a cabeça metida na areia e, com o apoio de alguns avençados de serviço, vão desvalorizando as tragédias da Grécia e da Irlanda. Mas, mais cedo do que tarde, as ondas gigantes vão atingir de uma forma violenta este sítio esfomeado, pobre, manhoso, corrupto, hipócrita e, obviamente, cada vez mais mal frequentado. O tsunami vai chegar a alta velocidade e só esta desgraçada classe política não vê as ondas que vão atirar o sítio para a desgraça absoluta. Agora, quando o Governo do senhor presidente relativo do Conselho prepara o Orçamento de Estado para 2010, é certo e sabido que nada de relevante irá mudar.

Nem mesmo a oposição vai ser capaz de dizer que o rei vai nu, dar um murro na mesa e, finalmente, falar verdade aos indígenas. Uma coisa é certa. No meio das desgraças que aí vêm haverá sempre alguém que virá com antibióticos fortíssimos evitar o descalabro e a morte do artista. Mas os efeitos secundários vão ser tão ou mais dolorosos que a própria doença. E o exemplo irlandês virá, com certeza, marcar essa emergência médica. A mal ou a bem, provavelmente a mal, alguém virá dizer a esta classe política irresponsável e incompetente que a despesa do Estado é incomportável, que o número de funcionários públicos tem de ser reduzido e que os salários dos indígenas estão muito acima da riqueza produzida. Mais cedo ou mais tarde, provavelmente mais cedo do que se imagina, vamos aterrar na realidade com estrondo, sangue, suor e muitas lágrimas
."

António Ribeiro Ferreira

1 Comments:

Anonymous João said...

Mas então quando isto bater mesmo no fundo e os tais que se aproveitam chegarem a conclusão que nada há mais para sacar. Quando a torneira do endividamento exterior for fechada. Virão as carpideiras gritar… reduzam os salários, reduzam os salários aos malandros. Os que sempre pagaram o que lhes meteram na gamela.
Viram os outros e os oportunistas subsidiodependentes gritar em unisse eles que paguem. Eles que paguem com a redução de 10% ou mais dos salários. Eles já gritam com o exemplo da Irlanda, “esquecem” não dizem, que os Irlandeses tiveram ganhos reais nos salários nos últimos anos ao contrário dos FP dos funcionários Públicos Portugueses.

quinta-feira, dezembro 17, 2009  

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