O rapaz das pizzas
"Podia usar a metáfora do pirómano que se prontifica a doar dois contos para a reconstrução da casa que ele mesmo incinerou. Mas prefiro a seguinte. Imagine que um sujeito é contratado para entregar pizzas. Imagine que o sujeito se desloca de motorizada e conduz portentosamente mal. Imagine que, entre pizzas perdidas em acidentes e quedas, o sujeito dá, mês após mês, um enorme prejuízo à empresa que o contratou, a ponto de a aproximar da falência. Imagine que, confrontado com a situação, o sujeito sugere a manutenção dos níveis de prejuízo e, em contrapartida, admite uma ligeira descida no próprio salário. Imagine a reacção do gerente do sujeito e, depois, a reacção do patrão.
Não custa imaginar. A menos que o patrão seja o contribuinte nacional, o gerente o eng. Sócrates e o rapaz das pizas o ministro das Finanças, o qual, em entrevista à Sic, não rejeitou uma pequena redução salarial de modo a enfrentar um défice com demasiados zeros para caber confortavelmente nesta página. Não vale a pena notar que o dito défice se deve em grande parte ao dr. Teixeira dos Santos e ao Governo que o dr. Teixeira dos Santos integra, ou que o proposto Orçamento do Estado demonstra escassa ou nenhuma vontade de inverter o desastre literalmente anunciado. Vale sublinhar o espírito de sacrifício de que quem se dispõe a abdicar de uns cêntimos para compensar os milhares de milhões de pizzas, perdão, de euros que espatifou em despistes e choques frontais. E os milhares de milhões que se prepara para espatifar, para cúmulo na convicção de que a culpa é do código da estrada, perdão, das agências de rating.
Aqui as metáforas confundem-se. Porém, não se confundem as consequências: o rapaz das pizas foi prontamente demitido e o ministro das Finanças não. O gerente do dr. Teixeira dos Santos não só apoia os estragos como lhe exige que estrague mais. E, apesar dos resmungos da praxe, no fundo o patrão não quer saber."
ALBERTO GONÇALVES
Não custa imaginar. A menos que o patrão seja o contribuinte nacional, o gerente o eng. Sócrates e o rapaz das pizas o ministro das Finanças, o qual, em entrevista à Sic, não rejeitou uma pequena redução salarial de modo a enfrentar um défice com demasiados zeros para caber confortavelmente nesta página. Não vale a pena notar que o dito défice se deve em grande parte ao dr. Teixeira dos Santos e ao Governo que o dr. Teixeira dos Santos integra, ou que o proposto Orçamento do Estado demonstra escassa ou nenhuma vontade de inverter o desastre literalmente anunciado. Vale sublinhar o espírito de sacrifício de que quem se dispõe a abdicar de uns cêntimos para compensar os milhares de milhões de pizzas, perdão, de euros que espatifou em despistes e choques frontais. E os milhares de milhões que se prepara para espatifar, para cúmulo na convicção de que a culpa é do código da estrada, perdão, das agências de rating.
Aqui as metáforas confundem-se. Porém, não se confundem as consequências: o rapaz das pizas foi prontamente demitido e o ministro das Finanças não. O gerente do dr. Teixeira dos Santos não só apoia os estragos como lhe exige que estrague mais. E, apesar dos resmungos da praxe, no fundo o patrão não quer saber."
ALBERTO GONÇALVES
1 Comments:
De facto estamos lixados porque a ser verdade esta politicada toda que está no poleiro esteve envolvida neste caso. O PS, PSD, CDS... tudo uma cambada com "culpas no cartório" o Bloco de Esquerda não sei se teve tempo para corromper ou ser corrompido, mas também pelas críticas e propostas que fazem ou são hipócritas ou são utopistas, tal como o PCP e quejandos.
O Cavaco também está metido na alhada já não bastava as ligações perigosas aos seus coleguinhas do BPN agora sabemos que cala a boca a troca de favorecimento do seu genro.
Precisamos de uma renovação política de raíz, estas corporações que estão/rodam no poder só têm interesse para os próprios. Os administradores da Banca e das empresas onde o Estado tem golden share também têm que ir a andar e deve-se acabar com os seus "monopólios de facto" que tanto têm custado aos consumidores e empresas no país.
Não há alternativas sérias.
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