Grevistas sem causas.
"Podia haver pior altura para uma greve de condutores que paralisa os conduzidos? Não. Por isso é que a greve se faz. Todas as greves de sucesso são inoportunas. A de hoje é, além disso, oportunística. Quais mercados, qual carapuça...
Defenderemos até ao fim o direito à greve mas não defenderemos por princípio cada greve que esse direito permite. A de hoje reclama, numa palavra, salários. O que é desadequado, incoerente e injusto. Desadequado face ao que o País pode, incoerente ante o que estes trabalhadores já tiveram e injusto para com os do sector privado.
O Negócios analisa nesta edição os aumentos salariais de 2005 a 2009 em cada uma das empresas dos grevistas de hoje. Em todas houve ganho de poder de compra em 2009; em quase todas houve ganho acumulado de 2005 a 2009; em todas os grandes aumentos aconteceram em 2005 e em 2009, tendo sido negativos nos três anos intermédios. O que aconteceu em Portugal em 2005 e em 2009?
Eleições. É quando os funcionários públicos são mais aumentados. E os trabalhadores de empresas públicas de transportes também. Os Governos manipulam a satisfação dos trabalhadores em função dos votos. É hoje a vez dos trabalhadores manipularem os Governos pela sua insatisfação.
Quem dera a muitos trabalhadores do sector privado terem nos últimos anos os aumentos de poder de compra destas empresas do Estado. Em 2009, foram 3,7% na CP, Carris e Refer, 5,36% na Soflusa, 3,89% na Transtejo (além de 2,6% nos CTT, também em greve, e de 3,2% na Função Pública).
Os trabalhadores comparam sempre os seus aumentos com a inflação, que anda à volta do zero. Mas os economistas adequam-nos aos aumentos de produtividade, que na maioria destas empresas andam abaixo de zero. Não é preciso dizer muito sobre a espectacular capacidade destas empresas (de quem as gere e de quem as governa) gerarem prejuízos, certo?
A justiça não tem, no entanto, nada a ver com as greves de hoje. São greves sem causas mas com consequências. Porque já sabem que, com este Governo, vencerão.
Poucos governos novos foram tão contrários aos anteriores como este, com a particularidade de ambos serem liderados pelo mesmo primeiro-ministro. Os retratos de Correia de Campos ou de Maria de Lurdes Rodrigues foram arquivados numa cave do PS, que contratou para a Educação, para a Saúde, para a Agricultura (e para outros) não mandantes mas mandados das profissões que tutelam. Esta política de "melhores amigos" é uma desistência. Mais vale fechar ministérios e abrir cooperativas.
As cedências aos professores ou nas greves na TAP foram, como aqui se escreveu, cobardias. Não venceram os argumentos, venceu a força. Um convite à agremiação sindical, que agora se reproduz, à espera de que o Governo ajoelhe.
Gerir uma situação não é governar um País. A necessidade da mobilidade no Estado, transferindo funcionários em serviços excedentários para aqueles que estão carentes, é um exemplo: tem de ser feito, mas haverá força?
Estas greves não nascem de baixo para cima, mas dos sindicatos (politizados?) que encontram a força nos trabalhadores para vencer a fraqueza do Governo. São greves de ocasião, para as quais a CGTP e a UGT até deram as mãos, depois de anos de zanga.
Os sindicatos não querem saber de Obrigações do Tesouro, estão-se nas tintas para "yields" e CDS e querem mais é que o PSI-20 vá morrer longe. É o seu papel: nós estamos no lodo mas eles é que estão no cais. Não é, todavia, o papel do Governo, que tirou licença há seis meses. Com vencimento."
Pedro Santos Guerreiro
Defenderemos até ao fim o direito à greve mas não defenderemos por princípio cada greve que esse direito permite. A de hoje reclama, numa palavra, salários. O que é desadequado, incoerente e injusto. Desadequado face ao que o País pode, incoerente ante o que estes trabalhadores já tiveram e injusto para com os do sector privado.
O Negócios analisa nesta edição os aumentos salariais de 2005 a 2009 em cada uma das empresas dos grevistas de hoje. Em todas houve ganho de poder de compra em 2009; em quase todas houve ganho acumulado de 2005 a 2009; em todas os grandes aumentos aconteceram em 2005 e em 2009, tendo sido negativos nos três anos intermédios. O que aconteceu em Portugal em 2005 e em 2009?
Eleições. É quando os funcionários públicos são mais aumentados. E os trabalhadores de empresas públicas de transportes também. Os Governos manipulam a satisfação dos trabalhadores em função dos votos. É hoje a vez dos trabalhadores manipularem os Governos pela sua insatisfação.
Quem dera a muitos trabalhadores do sector privado terem nos últimos anos os aumentos de poder de compra destas empresas do Estado. Em 2009, foram 3,7% na CP, Carris e Refer, 5,36% na Soflusa, 3,89% na Transtejo (além de 2,6% nos CTT, também em greve, e de 3,2% na Função Pública).
Os trabalhadores comparam sempre os seus aumentos com a inflação, que anda à volta do zero. Mas os economistas adequam-nos aos aumentos de produtividade, que na maioria destas empresas andam abaixo de zero. Não é preciso dizer muito sobre a espectacular capacidade destas empresas (de quem as gere e de quem as governa) gerarem prejuízos, certo?
A justiça não tem, no entanto, nada a ver com as greves de hoje. São greves sem causas mas com consequências. Porque já sabem que, com este Governo, vencerão.
Poucos governos novos foram tão contrários aos anteriores como este, com a particularidade de ambos serem liderados pelo mesmo primeiro-ministro. Os retratos de Correia de Campos ou de Maria de Lurdes Rodrigues foram arquivados numa cave do PS, que contratou para a Educação, para a Saúde, para a Agricultura (e para outros) não mandantes mas mandados das profissões que tutelam. Esta política de "melhores amigos" é uma desistência. Mais vale fechar ministérios e abrir cooperativas.
As cedências aos professores ou nas greves na TAP foram, como aqui se escreveu, cobardias. Não venceram os argumentos, venceu a força. Um convite à agremiação sindical, que agora se reproduz, à espera de que o Governo ajoelhe.
Gerir uma situação não é governar um País. A necessidade da mobilidade no Estado, transferindo funcionários em serviços excedentários para aqueles que estão carentes, é um exemplo: tem de ser feito, mas haverá força?
Estas greves não nascem de baixo para cima, mas dos sindicatos (politizados?) que encontram a força nos trabalhadores para vencer a fraqueza do Governo. São greves de ocasião, para as quais a CGTP e a UGT até deram as mãos, depois de anos de zanga.
Os sindicatos não querem saber de Obrigações do Tesouro, estão-se nas tintas para "yields" e CDS e querem mais é que o PSI-20 vá morrer longe. É o seu papel: nós estamos no lodo mas eles é que estão no cais. Não é, todavia, o papel do Governo, que tirou licença há seis meses. Com vencimento."
Pedro Santos Guerreiro
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