segunda-feira, abril 26, 2010

Um salário pela crise

"Os mercados estão frenéticos com Portugal. Há dez dias que os juros nos ficam mais caros, que as bolsas caem, que o risco do País sobe. Quebramos nós ou quebra-se o enguiço?

Não é enguiço. Por mais que citemos Sócrates e gritemos que não somos gregos nem atenienses, os mercados lembram-nos de que somos cidadãos do mundo. E, no mundo, quem deve muito, produz pouco e não é rico, é risco.

Há uma semana que o Negócios está, diariamente, a analisar o perigoso momento que vivemos e a compreender a crise que nos cerca. A informação é a única forma de evitar a especulação: a externa de que vamos falir; a interna de que não se passa nada. Deste precipício só não se cai se enfrentarmos as vertigens - e olharmos para baixo.

A realidade encarregou-se de tirar as vendas. Das clássicas cinco fases do desgosto, já passámos a da negação ("Quem, nós?") e a do ressentimento ("Porquê eu?). Estamos na da negociação ("E se fizer isto?"). Se nada fizermos, seguem-se as fases derradeiras: a depressão e a aceitação ("Aconteceu...").

O que fazer? Já percebemos que não basta gritar que somos diferentes da Grécia nem teimar que não é justo. Nem que outros gritem connosco, como fez ontem o FMI. Porque o problema de fun-do, estrutural, é económico. É pesaroso ler até os que nos defendem. Como ontem fez a "The Economist", frisando que estamos a milhas da Grécia. Mas depois exibindo a nossa desgraça: a "perda desastrosa de competitividade", a dívida, os agentes económicos suportados pelo Estado e protegidos da concorrência, a educação pobre, a burocracia, a justiça ineficiente.

O cinto que Mário Soares um dia pediu que apertássemos, numa célebre intervenção nos anos do FMI, já não tem mais furos. Mas ainda serve: para desapertar e batermo-nos nas costas. Devagar, se os mercados sossegarem. À bruta, se continuarem a fritura diária.

A taxa de IRS de 45% ontem aprovada, o imposto sobre mais-valias em acções (duvidosamente retroactivo) ou as portagens nas SCUT são decilitros na barragem que é preciso encher. Prepare-se para mais. Se o Governo recuar no aumento de carga fiscal através das deduções (como parece ter acontecido), é porque pode haver acordo entre PS e PSD para entrar pelas despesas adentro. Para cortar subsídios, rendimentos de inserção, despesas do Estado, despesas com pessoal.

Mas grande parte do problema não está no Estado, mas nos privados. Ao contrário da Grécia, o que Portugal tem é dívida privada a mais, o que pode prenunciar uma pressão sobre a dívida dos bancos, depois da do Estado. E isso demora pouco até chegar aos bolsos dos clientes.
Quer saber como sair da crise? Pague as dívidas, poupe mais, produza melhor. Se não for voluntariamente, será à força. Imposto por Bruxelas ou pelo FMI. Corte de salários, como diz Daniel Gros na página seguinte. E como dizia Silva Lopes há um ano, dito pelo qual foi apedrejado.

Silva Lopes é um decano dos economistas e passou, gerindo-as, pelas maiores crises económicas dos últimos 50 anos. Sabe o que diz. Portugal vai ter uma recessão menor mas lenta, ou maior e rápida. E os salários ou descem de uma maneira (valores nominais) ou de outra (pelo desemprego). O mesmo Silva Lopes propõe nesta edição uma penalização dos aumentos salariais e poupança forçada, por pagamento de subsídios de Natal em títulos de dívida.

As medidas radicais estão a chegar. Não é o juízo final. Mas é o juízo, afinal
."

Pedro Guerreiro

2 Comments:

Blogger Toupeira said...

o mercado resolve.
Mas o mercado é uma entidade que existe na cabeça dos economistas.
Silva Lopes não é um tal que tem várias reformas?

Os CEO são uma parte do problema.
Os grandes bancos americanos e a oligarquia que governa os USA provocaram esta crise que é artificial, existe mas é artificial.
Ninguém foi preso, o secretário do mulato Obama (é preciso ter um preto à frente do país mais poderoso do planeta), para dizer que são democratas, and so on; não são, é uma oligarquia, governado por uma marionete.
O Secretário do Tesouro era do staff de um dos 5 maiores bancos americanos, Paulson igual, são homens dos neoconservadores e alinham com os democratas, faz lembrar o anão que dizia que regulava e que não tinha armas para regular, assim disseram os mesmos que provocaram a crise subprime, a bolha do imobiliário e os derivativos, no Fed, que foram engolidos por gente como a chanceler alemã, que fala com a voz grossa.
Por cá as nacionalizações encapotadas fizeram também o seu baylout.
Cá também temos a nossa oligarquia, temos um Mexia que insulta o PR, mas esse deixa-se insultar, pelos vistos está a ficar perito em se deixar insultar, Mexia sabe o que pode e até onde e há muitos Mexias nesta coisa e sítio muito mal frequentado.
O Estado foi tomado de assalto pelas empresas de out sourcing dos amigos, paga a 100 e recebe 500 e não há ministério que se não sirva deles, bastava saber quem as controla e saber quem as contrata, a polícia sabe, os juízes não querem, a maçonaria afinal safa-se sempre bem.
Um grupo de palermas ainda coloca o cravo ao peito e desce a avenida e outro grupo de palermas ainda acha que as greves é que os salvam.
Se houver bancarrota não vai ser a brincar.
Portanto tanto economista a falar e a verdade é que ninguém resolveu, o mercado resolve, diz o novel príncipe do PSD.
Isto não existe é um sítio e um pântano.

segunda-feira, abril 26, 2010  
Blogger Toupeira said...

o mercado resolve.
Mas o mercado é uma entidade que existe na cabeça dos economistas.
Silva Lopes não é um tal que tem várias reformas?

Os CEO são uma parte do problema.
Os grandes bancos americanos e a oligarquia que governa os USA provocaram esta crise que é artificial, existe mas é artificial.
Ninguém foi preso, o secretário do mulato Obama (é preciso ter um preto à frente do país mais poderoso do planeta), para dizer que são democratas, and so on; não são, é uma oligarquia, governado por uma marionete.
O Secretário do Tesouro era do staff de um dos 5 maiores bancos americanos, Paulson igual, são homens dos neoconservadores e alinham com os democratas, faz lembrar o anão que dizia que regulava e que não tinha armas para regular, assim disseram os mesmos que provocaram a crise subprime, a bolha do imobiliário e os derivativos, no Fed, que foram engolidos por gente como a chanceler alemã, que fala com a voz grossa.
Por cá as nacionalizações encapotadas fizeram também o seu baylout.
Cá também temos a nossa oligarquia, temos um Mexia que insulta o PR, mas esse deixa-se insultar, pelos vistos está a ficar perito em se deixar insultar, Mexia sabe o que pode e até onde e há muitos Mexias nesta coisa e sítio muito mal frequentado.
O Estado foi tomado de assalto pelas empresas de out sourcing dos amigos, paga a 100 e recebe 500 e não há ministério que se não sirva deles, bastava saber quem as controla e saber quem as contrata, a polícia sabe, os juízes não querem, a maçonaria afinal safa-se sempre bem.
Um grupo de palermas ainda coloca o cravo ao peito e desce a avenida e outro grupo de palermas ainda acha que as greves é que os salvam.
Se houver bancarrota não vai ser a brincar.
Portanto tanto economista a falar e a verdade é que ninguém resolveu, o mercado resolve, diz o novel príncipe do PSD.
Isto não existe é um sítio e um pântano.

segunda-feira, abril 26, 2010  

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