Sobe custo de vida

"Março marcou o regresso da inflação adormecida pela crise. A subida dos preços de 1,1% face ao mês anterior foi suficiente para comer os magros ganhos salariais dos trabalhadores que tiveram a sorte de ter aumento e roubou mais poder de compra a uma grande franja de portugueses que nem sequer teve aumento.

Há um factor conjuntural que explica parte da inflação de Março, a introdução de novas colecções de roupa, vendidas a um preço mais elevado, mas há um perigo mais notório para a estabilidade dos preços: a subida dos combustíveis. O petróleo está mais caro e o euro mais fraco, o que justifica aumentos a um ritmo quase semanal da gasolina e do gasóleo, o que diminuiu o orçamento disponível dos automobilistas e encarece os custos das empresas provocando uma maior pressão de preços nos próximos meses.

Mas a maior ameaça para o agravamento do custo de vida para quase dois milhões de famílias é a previsível subida das taxas de juro. A Euribor já deu sinais de subida, tendência que será mais notória no final deste ano e em 2011, tornando mais difícil esticar o magro orçamento das famílias até ao fim do mês. E não há muita esperança de o custo de vida ser acompanhado por mais salários. O elevado desemprego favorece o esmagamento das remunerações."

Armando Esteves Pereira