Radicais livres
"Felizmente existe lucidez na generalidade da imprensa europeia e na imprensa "liberal" americana. Se não existisse, não saberíamos que o Tea Party, o movimento libertário que, à semelhança de outros no passado, reformulou o Partido Republicano e venceu as eleições intercalares nos EUA, é fundamentalmente um bando de extremistas, radicais, campónios, racistas, homófobos, selvagens, chauvinistas, fascistas e, não podia faltar, nazis. Tudo isso por não quererem que o Estado se intrometa nas suas vidas. Uns feios, é o que eles são.
Felizmente, também existe Obama, ainda que ninguém, inclusive o próprio, perceba de que modo conseguirá continuar a de-senvolver as suas reformas, leia-se a espalhar a sua bondade, perante uma Câmara dos Representantes hostil. Para já, há mudanças notórias. Imediatamente antes das eleições, o Presidente referiu-se aos republicanos como "o inimigo". Imediatamente após as eleições, a retórica de Obama desviou-se para a humildade e o ecumenismo. De repente, "o inimigo" transformou-se num parceiro de negociações e, quiçá, num companheiro de convívio.
O convívio não será fácil. Embora os media não o refiram com frequência, os apoiantes do Tea Party por acaso são mais instruídos do que a população média e por convicção não abdicam de meia dúzia de trivialidades: alívio fiscal, autonomia económica, moderação no "investimento" público e nos "resgates" financeiros, o fim dos custos reais do aquecimento global imaginário, o recuo do sonho de um sistema estatal de saúde cuja expansão visa favorecer o Estado e não a saúde, etc. Privado de exercer a generosidade que o define, ou Obama deixa de ser Obama ou, na data aprazada, deixa de ser presidente.
De qualquer modo, a melhor notícia da semana é a de que o anti-americanismo, inibido por dois anos à conta da adoração de um político barra ídolo pop, está de regresso. Se é desagradável que os anti-americanos suspendam o rancor, é um óptimo sinal vê-los voltar ao seu estado natural: o sinal de resistência de uma certa ideia da América. Ou de liberdade, no fundo o verdadeiro inimigo da imprensa lúcida e do respectivo herói."
Alberto Gonçalves
Felizmente, também existe Obama, ainda que ninguém, inclusive o próprio, perceba de que modo conseguirá continuar a de-senvolver as suas reformas, leia-se a espalhar a sua bondade, perante uma Câmara dos Representantes hostil. Para já, há mudanças notórias. Imediatamente antes das eleições, o Presidente referiu-se aos republicanos como "o inimigo". Imediatamente após as eleições, a retórica de Obama desviou-se para a humildade e o ecumenismo. De repente, "o inimigo" transformou-se num parceiro de negociações e, quiçá, num companheiro de convívio.
O convívio não será fácil. Embora os media não o refiram com frequência, os apoiantes do Tea Party por acaso são mais instruídos do que a população média e por convicção não abdicam de meia dúzia de trivialidades: alívio fiscal, autonomia económica, moderação no "investimento" público e nos "resgates" financeiros, o fim dos custos reais do aquecimento global imaginário, o recuo do sonho de um sistema estatal de saúde cuja expansão visa favorecer o Estado e não a saúde, etc. Privado de exercer a generosidade que o define, ou Obama deixa de ser Obama ou, na data aprazada, deixa de ser presidente.
De qualquer modo, a melhor notícia da semana é a de que o anti-americanismo, inibido por dois anos à conta da adoração de um político barra ídolo pop, está de regresso. Se é desagradável que os anti-americanos suspendam o rancor, é um óptimo sinal vê-los voltar ao seu estado natural: o sinal de resistência de uma certa ideia da América. Ou de liberdade, no fundo o verdadeiro inimigo da imprensa lúcida e do respectivo herói."
Alberto Gonçalves
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