Notícias do purgatório
"José Sócrates, do outro lado do espelho, não vê Alice. Só vislumbra o seu próprio reflexo, num País onde acredita só haver maravilhas.
O seu discurso de Natal foi a síntese de tudo o que já sintetizou em alocuções anteriores. Ou seja, o seu discurso é um eco de um "sound-byte". Esvai-se à velocidade do som. Que é que ele tentou dizer aos portugueses? Que está determinado a driblar a crise, que já há sinais animadores de retoma, que o problema de tudo foi a crise internacional e não os dislates do seu Executivo e que o seu Governo tem metas ambiciosas e que está aqui para as cumprir. Sócrates tem um plano quinquenal para os seus discursos: escreve-os em papel químico.
Quando lê a última folha ainda acredita que o que está a recitar é uma verdade que se aplica à actualidade. Às vezes Sócrates parece-se com Fausto no seu momento de pacto com Mefistófeles. Só que a maioria dos portugueses vive um dilema que a aproximará muito mais do purgatório de Dante. Atormentados pela felicidade que estão a perder, os portugeses não querem saber dos pactos de Sócrates em busca da sua energia perdida. E Sócrates vive distraído do purgatório que ajudou a servir aos que pastoreava.
É por isso que na sua mensagem de Natal se esqueceu de falar dos desempregados que irão atormentar o equilíbrio social durante bastante tempo. É claro que Sócrates não conseguiu ainda anunciar o fim da crise, como o seu leal Manuel Pinho fez há quatro anos, numa clara demonstração de vidência esclarecida. Vontade não lhe falta. Falou de tudo, menos de esperança. E é isso que não tem para oferecer"
Fernando Sobral
O seu discurso de Natal foi a síntese de tudo o que já sintetizou em alocuções anteriores. Ou seja, o seu discurso é um eco de um "sound-byte". Esvai-se à velocidade do som. Que é que ele tentou dizer aos portugueses? Que está determinado a driblar a crise, que já há sinais animadores de retoma, que o problema de tudo foi a crise internacional e não os dislates do seu Executivo e que o seu Governo tem metas ambiciosas e que está aqui para as cumprir. Sócrates tem um plano quinquenal para os seus discursos: escreve-os em papel químico.
Quando lê a última folha ainda acredita que o que está a recitar é uma verdade que se aplica à actualidade. Às vezes Sócrates parece-se com Fausto no seu momento de pacto com Mefistófeles. Só que a maioria dos portugueses vive um dilema que a aproximará muito mais do purgatório de Dante. Atormentados pela felicidade que estão a perder, os portugeses não querem saber dos pactos de Sócrates em busca da sua energia perdida. E Sócrates vive distraído do purgatório que ajudou a servir aos que pastoreava.
É por isso que na sua mensagem de Natal se esqueceu de falar dos desempregados que irão atormentar o equilíbrio social durante bastante tempo. É claro que Sócrates não conseguiu ainda anunciar o fim da crise, como o seu leal Manuel Pinho fez há quatro anos, numa clara demonstração de vidência esclarecida. Vontade não lhe falta. Falou de tudo, menos de esperança. E é isso que não tem para oferecer"
Fernando Sobral
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