quinta-feira, março 03, 2011

Programa de Carnaval

"Já no tempo de Raphael Bordallo Pinheiro apertar o cinto era um desígnio nacional. José Sócrates não inventou nenhum instrumento de tortura.

A sopa dos pobres é sempre a mesma: aumenta-se os impostos e taxas e diminui-se os serviços prestados pelo Estado. Normalmente, a classe dirigente equilibra isso com doses de pão a preços módicos e festa. É essa a política de Sócrates. A dádiva de mais uma tolerância de ponto no Carnaval não é um sintoma do desarranjo intelectual do Governo. É uma benesse a pensar nas eleições. A austeridade prometida por Sócrates talvez já não seja implementada por este Governo. O abraço que Angela Merkel lhe dará hoje será o último sufoco. Com uma opinião pública contra o auxílio aos "irresponsáveis" do sul da Europa, Merkel entregará Sócrates a si próprio. E este que fale com quem emprestar o dinheiro, seja o FMI ou os marcianos. Desta vez dificilmente o PSD poderá estender a passadeira vermelha ao Executivo.

O momento da verdade aproxima-se. E agora o próprio PSD sabe que não pode esperar muito mais para mostrar o que quer. Coisa que ainda não sabemos o que é. Esse, claro, é o palco político. O cinto para apertar está prometido aos portugueses. Resta saber para que servirá essa prova de resistência física. O jovem Tancredi, em "O Leopardo", de Tomasi di Lampedusa, dizia que: "se queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude". Mas o objectivo de alguns não é líquido. Há quem deseje que as coisas melhorem para os governantes, ainda que piorem para quem é governado. Quem aperta o cinto é capaz de achar que isso não deve ser um desígnio
."

Fernando Sobral

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