Valeu a pena, sr. Engenheiro?
"Na semana passada José Sócrates disse que o país iria ter saudades do "chumbado" PEC IV (porque o PEC V seria mais duro).
Nas semanas anteriores diabolizara, ad nauseam, o FMI; até chegou a dizer que não governaria com o Fundo. Na noite de 3ª feira, quando se dirigiu ao país, tudo mudou: Sócrates qualificou o acordo com a troika como "um bom acordo". É a confirmação de que o 1º ministro consegue dizer duas coisas diametralmente opostas, com a mesma convicção, no curto espaço de uma semana…
Mas vamos ao acordo. Aquilo que se conhece chega para o qualificar como "bom acordo"? Não. É verdade que há áreas onde houve um grande avanço; v.g. as medidas, muito positivas, para aumentar a competitividade da economia (leis laborais, arrendamento, contribuições para a Segurança Social, privatizações, subsídio de desemprego…), um dos três vértices do acordo. É o que sucede também na Banca (o segundo vértice), que terá de reforçar os rácios de capital. Mas na frente orçamental as coisas são menos óbvias.
Nas semanas anteriores diabolizara, ad nauseam, o FMI; até chegou a dizer que não governaria com o Fundo. Na noite de 3ª feira, quando se dirigiu ao país, tudo mudou: Sócrates qualificou o acordo com a troika como "um bom acordo". É a confirmação de que o 1º ministro consegue dizer duas coisas diametralmente opostas, com a mesma convicção, no curto espaço de uma semana…
Mas vamos ao acordo. Aquilo que se conhece chega para o qualificar como "bom acordo"? Não. É verdade que há áreas onde houve um grande avanço; v.g. as medidas, muito positivas, para aumentar a competitividade da economia (leis laborais, arrendamento, contribuições para a Segurança Social, privatizações, subsídio de desemprego…), um dos três vértices do acordo. É o que sucede também na Banca (o segundo vértice), que terá de reforçar os rácios de capital. Mas na frente orçamental as coisas são menos óbvias.
Ficámos a saber muita coisa sobre aumento, em alguns casos violento, de impostos (IVA, IRS, IMI, IMT, imposto sobre veículos…), aumento de preços (transportes, Saúde…) mas não é muito claro se se vai suficientemente longe no corte de despesa corrente: o que vai acontecer aos milhares de organismos do Estado que têm gente a mais e aos que vão ser encerrados? O corte de despesa corrente tem a mesma dimensão do esforço fiscal que as famílias (sempre elas) vão fazer? É duvidoso. Chegados aqui, vale a pena deixar uma última pergunta: sr. Engenheiro, valeu a pena cuspir na mão do FMI, a instituição que mais nos ajudou neste processo?"
Camilo Lourenço
Camilo Lourenço
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