quarta-feira, junho 29, 2011

Quase tudo em família

"O que terá acontecido em poucos minutos para que um deputado mudasse a sua apreciação do dr. Nobre entre a primeira e a segunda votações? Caso o regulamento do Parlamento permitisse um número ilimitado de repetições da votação, a quantas humilhações o PSD sujeitaria o dr. Nobre? O que escreveram ou desenharam nos boletins os deputados que votaram nulo? A permanência de votos nulos nas duas tentativas do dr. Nobre (e na eleição de Assunção Esteves) prova que há pelo menos dois deputados que não sabem ler? Quantos deputados do PSD votaram no dr. Nobre? O que passou pela cabeça de Pedro Passos Coelho (ou do dr. Relvas) no momento em que escolheu o dr. Nobre para candidato a deputado e, estranhamente, "candidato" a segunda figura da nação?

De qualquer modo, tudo está bem quando acaba bem. Pelo menos para o PSD, que ganhou juízo e optou por uma escolha séria. Quanto ao dr. Nobre, a história perece ter acabado mal. O homem queria ser presidente da República. Mesmo sem levar o famoso tiro na cabeça, não conseguiu. Depois queria ser presidente da Assembleia da República. Mesmo após duas votações, não conseguiu. Para um monárquico, é notável a insistência presidencial em instituições republicanas. É, também, escusada.

Hoje, resta ao dr. Nobre quedar-se pelo assento parlamentar indiferenciado enquanto, passo a citar, a sua presença for útil para o país. Ou até que, passo a traduzir, a sua saída airosa não dê demasiado nas vistas. O povo é ingrato. Os representantes do povo são vingativos. Por sorte, em matéria de presidências há sempre a da AMI, cujo organigrama literalmente familiar ao dr. Nobre não obstará à recondução perpétua de um vulto incompreendido
."

Alberto Gonçalves

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