Um belo exemplo
"Vejo no telejornal que, após uma polémica com Francisco Louçã, um eurodeputado independente do Bloco de Esquerda chamado Rui Tavares desvinculou-se do partido e abandonou o posto no Parlamento Europeu. Por instantes, comovo-me com a sobrevivência da honra num meio tão complicado como a política. Infelizmente, a comoção passa quando vejo, noutra fonte, a versão autêntica dos acontecimentos.
A polémica, uma coisinha desinteressante em volta dos fundadores do BE, existiu de facto. O eurodeputado saiu de facto do BE. Mas o dr. Tavares não saiu do Parlamento Europeu: juntou-se à bancada dos Verdes, aproximação que, segundo o respectivo líder, essa lendária inutilidade que dá pelo nome de Daniel Cohn-Bendit, o dr. Tavares iniciara meses antes da polémica com o dr. Louçã.
É verdade que Cohn-Bendit depois negou a data da transferência e as suas próprias declarações. Não faz grande diferença. O que fascina em tudo isto é um independente eleito para um determinado cargo graças a um partido a que nunca pertenceu conseguir, apesar da independência, sair do partido e manter-se no cargo, aliás partidário e não pessoal.
O comum dos mortais apenas é capaz de sair dos lugares onde entrou. O inverso é prodígio ao alcance de alguns predestinados, donos de propriedades metafísicas e de pouquíssima vergonha na cara. Para os abençoados que não o conhecem, o dr. Tavares acrescenta ao emprego de Estrasburgo umas crónicas no Público, nas quais decreta assiduamente a superioridade moral da esquerda. Decreta e, pelos vistos, pratica-a. E um belo dia irá praticá-la no PS."
Alberto Gonçalves
A polémica, uma coisinha desinteressante em volta dos fundadores do BE, existiu de facto. O eurodeputado saiu de facto do BE. Mas o dr. Tavares não saiu do Parlamento Europeu: juntou-se à bancada dos Verdes, aproximação que, segundo o respectivo líder, essa lendária inutilidade que dá pelo nome de Daniel Cohn-Bendit, o dr. Tavares iniciara meses antes da polémica com o dr. Louçã.
É verdade que Cohn-Bendit depois negou a data da transferência e as suas próprias declarações. Não faz grande diferença. O que fascina em tudo isto é um independente eleito para um determinado cargo graças a um partido a que nunca pertenceu conseguir, apesar da independência, sair do partido e manter-se no cargo, aliás partidário e não pessoal.
O comum dos mortais apenas é capaz de sair dos lugares onde entrou. O inverso é prodígio ao alcance de alguns predestinados, donos de propriedades metafísicas e de pouquíssima vergonha na cara. Para os abençoados que não o conhecem, o dr. Tavares acrescenta ao emprego de Estrasburgo umas crónicas no Público, nas quais decreta assiduamente a superioridade moral da esquerda. Decreta e, pelos vistos, pratica-a. E um belo dia irá praticá-la no PS."
Alberto Gonçalves
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