segunda-feira, agosto 29, 2011

O Sol pode salvar a Grécia?

"O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, defendeu que o desenvolvimento de recursos energéticos alternativos poderia ser uma forma adequada da Grécia gerar crescimento económico. No papel, parece a solução perfeita para os problemas orçamentais do país: a Grécia, de acordo com Schäuble, poderia exportar electricidade solar para a Alemanha.

À primeira vista, aproveitar um recurso natural abundante (como é a energia solar) para equilibrar as contas nacionais parece uma ideia lógica, em particular tendo em conta que, no centro e no Norte da Europa, a electricidade é cada vez mais escassa e cara, após a Alemanha ter decidido, no início deste ano, eliminar, progressivamente, a energia nuclear. Mas será que Schäuble encontrou a solução mágica para baixar os preços da electricidade na Alemanha e, ao mesmo tempo, repor o crescimento económico na Grécia? Sim e não.

Primeiro, as más notícias: a electricidade produzida, actualmente, nas instalações fotovoltaicas está longe de ter um preço competitivo face às tecnologias convencionais. A "paridade de rede" ("grid parity") - o custo da electricidade produzida por um painel solar colocado no telhado de uma casa é igual à electricidade procedente de uma tomada na parede - só será alcançada em meados deste século.

Mesmo nessa altura, a energia solar vai continuar a ser mais cara do que a electricidade produzida de forma convencional, porque a "paridade de rede" exclui os custos de transmissão e distribuição, que, normalmente representam metade do preço final da electricidade. Além disso, mesmo que a energia solar fosse competitiva, exportá-la para a Alemanha não faria sentido económico: as linhas de transmissão não existem e as perdas de energia, que ocorrem quando a electricidade é transportada longas distâncias, são um desincentivo à sua construção.

De facto, os preços da electricidade na Alemanha não são, sistematicamente, mais elevados do que na Grécia, que, actualmente, é importador de electricidade. Assim, a electricidade solar grega apenas serviria para substituir a geração convencional mais cara na Grécia.

Nem mesmo a redução das importações de combustível (um quarto da electricidade grega é produzido através de petróleo e gás) teria um grande impacto na conta corrente grega. Na verdade, como é pouco provável que os painéis solares sejam produzidos no país, estes teriam de ser importados.

Em poucas palavras, o problema é que a produção de electricidade solar não promete grandes benefícios. Exige uma grande quantidade de capital e geraria poucos postos de trabalho (para a montagem dos painéis). Mesmo que a Grécia fosse capaz de ser excedentária na electricidade solar, as exportações gerariam poucas receitas, já que as empresas e os países não conseguem ter vantagens competitivas devido à tecnologia "standardizada". Assim que a energia solar se tornar competitiva na Grécia, outros países com níveis semelhantes de irradiação (Espanha, Itália, Portugal, Bulgária, etc.) vão entrar no mercado. Isto vai aproximar os preços da electricidade dos preços de produção, à medida que a capacidade de gerar energia solar na Europa se aproximar da procura de electricidade.

Mas, mesmo que desenvolva sistemas fotovoltaicos em larga escala, a Grécia não pode esperar tornar-se na Arábia Saudita da energia solar. Ainda assim, Schäuble está certo ao afirmar que faz mais sentido produzir energia solar na Grécia do que na Alemanha. De facto, o apoio alemão à energia solar passa pela redução dos custos dos painéis solares, que é a principal justificação para pagar elevados subsídios (cerca de 200 euros por MWh, o que compara com os actuais preços da electricidade: 55 euros por MWh).

Naturalmente, a redução do custo não depende do local onde o desenvolvimento tem lugar: usar o dinheiro alemão para apoiar o desenvolvimento da energia solar na solarenga Grécia seria mais eficiente do que usá-lo para apoiar o desenvolvimento desta energia na nublada Alemanha. Um sistema fotovoltaico instalado na Grécia poderia cobrir uma grande percentagem dos custos e, assim, exigir menos subsídios.

A melhor forma de garantir que o dinheiro alemão e o sol grego apoiam o desenvolvimento da energia solar seria a implementação de um "sistema de certificado verde" europeu. Com este sistema, todos os fornecedores de electricidade europeus teriam de garantir que uma percentagem da electricidade que vendem é originária de fontes renováveis. As metas de cada fornecedor poderiam variar consoante o potencial de cada país para desenvolver as energias renováveis.

Os países mais aptos para desenvolver energias renováveis (como a Grécia) poderiam depois vender certificados aos países que mais precisam (como a Alemanha), tornando o apoio alemão a estas energias mais barato, ao mesmo tempo que gerava receitas na Grécia sem comprometer o desenvolvimento das energias renováveis. Mas ninguém deve esperar encontrar uma mina de ouro solar
. "

Georg Zachmann

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há uma coisa que o artigo não diz.
Chama-se cinismo do ministro alemão e "greedy", termo em inglês que por aqui se chama de ganância.
A Alemanha beneficiou com a perda e entrega de muita da produção através dos subsídios aos países do sul que incentivou, sempre com a ganância própria de quem tomou conta da Alemanha no pós guerra.
Cantigas...
Os juros de mais de 40 por % nem têm classificação e chamam a isto de mercado.
O BCE está a enterrar a Europa, pela mão da França e da Alemanha e os apelos de Stiglitz devem ser lidos ao contrário, porque será exactamente o que o BCE não irá fazer. A Alemanha enquanto exportar para a China estará bem, quando os mercados chineses se ressentirem a Alemanha entrará em decadência, fruto do que ninguém quer ver, a queda da UE, do Euro e as consequências da desindustrialização e do contributo da França para acabar com a agricultura na Europa, com os subsídios que sempre mamou muito mais que outros e através da blindagem à importação de produtos de outros países da UE, com o beneplácito da Comissão.
Agora deliram com um Estado Federal Europeu, mas com as regras de agora e sem pagarem as dívidas de guerra que ainda devem por exemplo aos gregos. Os alemães que continuam a ladrar, nesta Europa sem rei nem roque, valem o mesmo que os franceses, no fundo odeiam-se, mas agora como as prostitutas, fazem um acordo de bordel de rua, para ser rompido de forma violenta assim a coisa corra mal.

Toupeira

terça-feira, agosto 30, 2011  
Anonymous Anónimo said...

Este senhor não conhece a tecnologia da energia solar e muito menos de electricidade.

Primeiro porque a forma mais rentável de produzir energia eléctrica a partir do sol não é cpm paineis fotovoltaicos mas com centrais de forno solar, segundo o transporte não se fax da Grécia para a Alemanha mas por balanceamento energético nas redes dos países fronteiriços.

quarta-feira, agosto 31, 2011  
Anonymous Anónimo said...

O estranho caso de um ministro extraterrestre e de uns malandros com ar de arruaceiros a que chamam de deputados
Hoje assisti a umas cenas na televisão, por pouco tempo é certo, porque detesto televisão e porque se discutia política no Parlamento, uma audição, assim chamam, ao Ministro das Finanças.
O homem parece um extraterrestre, parece saído de uma daquelas salas experimentais usadas pela psiquiatria experimental há uns anos, para ver o que acontecia depois de um indivíduo viver numa sala muito branca, toda branca sem portas visíveis e sem janelas e com luz branca, calculam como um indivíduo normal sairia de lá, mas este tipo, acho que saía, assim, a responder ao que lhe perguntavam de forma muito controlada, muito aparentemente coerente, apesar da forma provocadora e mal educada, dos deputados desta porcaria de esquerda, estes agora já de outra ninhada diferente, da do execrável Sr Cunhal e do não menos execrável Sr Soares.
Mas a verdade é que não aprendi nada e já tenho as conclusões e consequências deste plano da troika, da UE e BCE.
Não vamos conseguir pagar a dívida, vamos entrar em incumprimento, porque é impossível a economia recuperar com o brutal aumento de impostos, o PIB irá cair de forma brutal, haverá a eutanásia social e nem sei se o ministro da saúde aquele indivíduo que foi da DGCI colocado lá pela Sr Manuela Leite, qual pescador com a rede cheia de buracos para peixe graúdo, coisas de pescador insano, mas este tipo não é insano, disse que iria deixar morrer portugueses porque não é possível fazer tantos transplantes, foi isso que ouvi, com palavras um pouco diferentes, mas semântica é semântica e contas são contas, coisas aprendidas algures em algum lugar, onde contas são contas, principalmente se não forem para pagar, acho eu, sei lá...
Sempre soube que o PS e o PSD eram irmãos siameses e esta história do Dr Passos dizer que Sócrates se foi despedir da chanceler do Leste e do tipo catalão, não lembra o diabo e se isto é um país, vou ali e já volto, trata-se de um imenso manicómio, lembra-me o Miguel Bombarda e só faltam as fardas, porque os olhares para o infinito não tardam.
Estamos falidos, vamos ser pontapeados como a Grécia do Euro e parece que ainda ninguém se apercebeu disto e foi esta gente que foi eleita, uns para serem do poder outros dos poderes paralelos, porque são todos iguais, uns crápulas.
Depois do país estar mais pobre e depois de muitos mortos pelo frio, pela fome e espero que a gripe este ano, seja como a do ano passado, porque se for a sério, vai ser uma coisa de Dante.
Nada me espanta, da imobilidade da justiça que só pune os idiotas e os inimigos, ao poder executivo de uma coisa pior que uma ditadura a que chamam de democracia, porque é pior, porque feita em nome da liberdade e um estado de direito democrático que quer dizer um estado inexistente, pertencente ao poder dos sindicatos bancários e do poder económico parasita.
O resto, é apenas um vazio e uma imensa sensação de impotência de não poder fazer uma coisa inconfessável, mas que deixaria decerto o ar mais respirável.
TOUPEIRA

sexta-feira, setembro 02, 2011  

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