O euro é uma doença crónica e os resgates são aspirinas.
"Deve ser lida a entrevista, porque diz o essencial e a verdade sobre o que daqui a um ano seremos se não sairmos a tempo e com alguma segurança.
Entrevista com Gustavo Cudell
"O euro é uma doença crónica e os resgates são aspirinas"
16.08.2011 - 17:25 Jornal Público
Gustavo Cudell nasceu em Portugal em 1954, mas foi para Suíça em 1974, onde tirou uma licenciatura em Engenharia e uma pós-graduação em Gestão Industrial.
Trabalhou vários anos na Suíça, primeiro como assistente na Faculdade Politécnica de Zurique e depois em duas multinacionais, uma das quais o grupo ABB. Regressou a Portugal 14 anos depois, já no final da década de oitenta, para trabalhar na Gustavo Cudell, Lda., a empresa criada pelo pai, precisamente no dia do seu nascimento e à qual deu o mesmo nome.
O empresário assumiu a presidência da empresa em 1990, depois da morte do pai, de ascendência francesa. O empresário integra, há 14 anos, o painel internacional do IFO, o instituto independente alemão de estudos económicos, que elabora relatórios regulares sobre as expectativas dos empresários em relação à conjuntura económica de diferentes países. Em entrevista ao PÚBLICO, Gustavo Cudell admite que foi um entusiasta do euro, mas agora defende o fim da moeda única e mostra-se muito crítico dos actuais políticos e banqueiros, que define como "marionetas do poder".
O resgate financeiro dos países mais afectados pela crise de dívida tem sido a estratégia mais seguida pela União Europeia. Essa estratégia tem sido a mais correcta ou é desastrosa?
A estratégia que tem sido seguida é desastrosa, porque aumenta as dívidas, os juros e o desemprego e, consequentemente, faz minguar a economia dos países resgatados. Os resgates de bancos e dos países só adiam e aumentam os problemas. E o problema está no euro. No início, também fui um grande apoiante da moeda única, mas hoje acho que o euro é um colete de forças para todos os países que o adoptaram. O euro não funcionou nem nunca vai funcionar, porque os países são completamente diferentes em termos de cultura, dimensão do PIB [Produto Interno Bruto] per capita e competências ou "saber fazer" das populações. Neste momento, o euro é uma doença crónica para todos os países e os resgates são aspirinas para atenuar sintomas e anestesiar as populações.
Qual a estratégia que a União Europeia deveria seguir neste momento? A saída do euro da Grécia, Irlanda e Portugal?
Sem dúvida nenhuma que a saída do euro dos GIPS [Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, também conhecidas pelo acrónimo, em inglês, PIGS] é a solução. Mas de uma forma gradual. Levámos 16 anos a entrar no euro, com as consequências cambiais e de juros, e, por isso, a saída não pode acontecer em poucos dias. O processo terá de passar pela renegociação da dívida, incluindo um perdão parcial, renegociar prazos e taxas de juro e sair da união monetária [euro] para, eventualmente, reentrar numa união cambial, com bandas de flutuação. A Alemanha, a Holanda e a Áustria também devem sair, porque também estão a ser gravemente prejudicadas.
Mas a saída de Portugal do euro não teria consequências dramáticas?
Se a saída for gradual e negociada, não é nada dramático. Reintroduz-se o escudo, as importações baixam, as exportações sobem, o desemprego cai, o turismo sobe, os imóveis transaccionam-se, o desemprego e o deficit baixam. Desaparece o colete de forças do euro. Podemos respirar de novo e recuperar a soberania de Portugal (pelo menos em parte), que nos foi roubada de forma gradual.
Se a solução é tão fácil, por que é que esse cenário assusta tanto os líderes políticos portugueses?
Os políticos e banqueiros, com grande poder, não se assustam. Eles querem é assustar os cidadãos, para que estes não lhes tirem o poder. Aliás, nunca se assiste a um político ou banqueiro a apresentar razões concretas para tal e fazem da discussão objectiva tabu. Os políticos e banqueiros são marionetas do poder, que está agregado nas mãos dos bancos, incluindo os centrais, no FMI, no Banco Mundial, nas bolsas e em algumas famílias de alta finança.
Neste momento, a crise da dívida alastra a outros países, com destaque para Espanha e Itália. Pode a dimensão destes países obrigar a União Europeia a avançar com outras soluções alternativas ao resgate financeiro?
É verdade. A Espanha e a Itália estão a ser contagiadas e é esse o objectivo. Neste momento, o objectivo é que todos os países, incluindo a Alemanha, entrem num "caldeirão", e fiquem todos doentes. O sr. Durão Barroso, de Bruxelas, não vai fazer nada para impedir isto. O que vai acontecer é que os cidadãos vão negar a colaboração com este sistema de poder e, no limite, deixar de pagar impostos. É preciso que surja um ou vários mohandas [mais conhecido por Mahatma, que quer dizer "alma grande" em hindi] Gandhi para fazer a resistência sem violência.
A Alemanha tem-se revelado contra a saída de alguns países do Euro. Esta posição explica-se pelo facto de a economia alemã sair beneficiada com a falta de competitividade de alguns países da moeda única?
Isso é o que os media mainstream contam aos cidadãos menos esclarecidos. Quando falamos da Alemanha, temos que distinguir entre a elite do poder (banqueiros e políticos) e a esmagadora maioria dos cidadãos, que são os trabalhadores e os empresários. A elite do poder alemã segue o mesmo caminho da elite do poder dos outros países. Mas não é verdade que a Alemanha beneficie com o euro, e a grande maioria do povo alemão é contra o euro. A Alemanha oferece (através do euro fraco) os excedentes que obtém da sua exportação ao Banco Central Europeu e este financia os défices dos países do Sul. Sem o euro, a Alemanha teria matérias-primas, incluindo o petróleo, e juros mais baratos e seria muito mais rica.
A Alemanha já há mais de 10 anos que exporta, de forma constante, mais de 40 por cento da sua produção. A Alemanha soube tirar partido do crescimento do PIB mundial, através de produtos e serviços competitivos e inovadores. Ao contrário dos países do Sul, onde houve uma bonança económica e os salários subiram cerca de 40 por cento, sem que o PIB tenha crescido da mesma medida. Consequentemente, o PIB tem sido absorvido só para pagamento de salários, em detrimento do investimento e o consequente colapso da competitividade destes países.
Deve a Europa avançar rapidamente para uma união política, de forma a salvar o euro?
Não. Com toda a certeza que não. Para quê salvar um colete de forças? As populações não são loucas, não precisam de um colete de forças. Uma união que não funciona economicamente, nunca pode nem vai funcionar politicamente. Isso é o desastre total. Mas é isso que os tecnocratas do poder de Bruxelas querem.
A economia portuguesa vai enfrentar um longo período recessivo. A intenção do Governo (e imposição de troika) de reduzir a taxa social única é uma medida bem-vinda?
Reduzir a taxa social única é uma medida temporária, que adia e agrava os problemas, pois a intenção por trás desta medida é baixar o custo/hora de trabalho em Portugal, mas, como a economia portuguesa não é competitiva, pelas razões já apontadas, isso é um artifício com uma duração temporária. É evidente que quem estiver a morrer afogado, agarra tudo e todos para conseguir respirar mais um pouco.
Na actual conjuntura, que outras medidas pode o Governo tomar para ajudar as empresas a aguentarem-se e a aumentarem as exportações?
A medida mais importante é negociar a saída do euro. De forma suave."
Esta entrevista e linha de pensamento está em marcha, não há que ter medo, há que ter medo de quem vendeu a soberania do nosso paíse é mordomo dos agiotas da finaça, há que ter medo dos da Abrilada que destruiram o país, Soares, dos Sócrates, dos Cavacos,Barrosos, Coelhos e Ângelos.
Há que ter medo da partidocracia que não quer mudar uma Constituição sem sentido, de uma Assembleia gosrda num país desgraçado e sobretudo há que ser portugês antes de ser de esquerda ou direita, isso são invenções de gente que sempre se serviram dos que trabalham todos os dias e dos que querem trabalhar e não podem.
É um pensamento e mais sair do Euro antes de levar um pontapé para sair.
Entrevista com Gustavo Cudell
"O euro é uma doença crónica e os resgates são aspirinas"
16.08.2011 - 17:25 Jornal Público
Gustavo Cudell nasceu em Portugal em 1954, mas foi para Suíça em 1974, onde tirou uma licenciatura em Engenharia e uma pós-graduação em Gestão Industrial.
Trabalhou vários anos na Suíça, primeiro como assistente na Faculdade Politécnica de Zurique e depois em duas multinacionais, uma das quais o grupo ABB. Regressou a Portugal 14 anos depois, já no final da década de oitenta, para trabalhar na Gustavo Cudell, Lda., a empresa criada pelo pai, precisamente no dia do seu nascimento e à qual deu o mesmo nome.
O empresário assumiu a presidência da empresa em 1990, depois da morte do pai, de ascendência francesa. O empresário integra, há 14 anos, o painel internacional do IFO, o instituto independente alemão de estudos económicos, que elabora relatórios regulares sobre as expectativas dos empresários em relação à conjuntura económica de diferentes países. Em entrevista ao PÚBLICO, Gustavo Cudell admite que foi um entusiasta do euro, mas agora defende o fim da moeda única e mostra-se muito crítico dos actuais políticos e banqueiros, que define como "marionetas do poder".
O resgate financeiro dos países mais afectados pela crise de dívida tem sido a estratégia mais seguida pela União Europeia. Essa estratégia tem sido a mais correcta ou é desastrosa?
A estratégia que tem sido seguida é desastrosa, porque aumenta as dívidas, os juros e o desemprego e, consequentemente, faz minguar a economia dos países resgatados. Os resgates de bancos e dos países só adiam e aumentam os problemas. E o problema está no euro. No início, também fui um grande apoiante da moeda única, mas hoje acho que o euro é um colete de forças para todos os países que o adoptaram. O euro não funcionou nem nunca vai funcionar, porque os países são completamente diferentes em termos de cultura, dimensão do PIB [Produto Interno Bruto] per capita e competências ou "saber fazer" das populações. Neste momento, o euro é uma doença crónica para todos os países e os resgates são aspirinas para atenuar sintomas e anestesiar as populações.
Qual a estratégia que a União Europeia deveria seguir neste momento? A saída do euro da Grécia, Irlanda e Portugal?
Sem dúvida nenhuma que a saída do euro dos GIPS [Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, também conhecidas pelo acrónimo, em inglês, PIGS] é a solução. Mas de uma forma gradual. Levámos 16 anos a entrar no euro, com as consequências cambiais e de juros, e, por isso, a saída não pode acontecer em poucos dias. O processo terá de passar pela renegociação da dívida, incluindo um perdão parcial, renegociar prazos e taxas de juro e sair da união monetária [euro] para, eventualmente, reentrar numa união cambial, com bandas de flutuação. A Alemanha, a Holanda e a Áustria também devem sair, porque também estão a ser gravemente prejudicadas.
Mas a saída de Portugal do euro não teria consequências dramáticas?
Se a saída for gradual e negociada, não é nada dramático. Reintroduz-se o escudo, as importações baixam, as exportações sobem, o desemprego cai, o turismo sobe, os imóveis transaccionam-se, o desemprego e o deficit baixam. Desaparece o colete de forças do euro. Podemos respirar de novo e recuperar a soberania de Portugal (pelo menos em parte), que nos foi roubada de forma gradual.
Se a solução é tão fácil, por que é que esse cenário assusta tanto os líderes políticos portugueses?
Os políticos e banqueiros, com grande poder, não se assustam. Eles querem é assustar os cidadãos, para que estes não lhes tirem o poder. Aliás, nunca se assiste a um político ou banqueiro a apresentar razões concretas para tal e fazem da discussão objectiva tabu. Os políticos e banqueiros são marionetas do poder, que está agregado nas mãos dos bancos, incluindo os centrais, no FMI, no Banco Mundial, nas bolsas e em algumas famílias de alta finança.
Neste momento, a crise da dívida alastra a outros países, com destaque para Espanha e Itália. Pode a dimensão destes países obrigar a União Europeia a avançar com outras soluções alternativas ao resgate financeiro?
É verdade. A Espanha e a Itália estão a ser contagiadas e é esse o objectivo. Neste momento, o objectivo é que todos os países, incluindo a Alemanha, entrem num "caldeirão", e fiquem todos doentes. O sr. Durão Barroso, de Bruxelas, não vai fazer nada para impedir isto. O que vai acontecer é que os cidadãos vão negar a colaboração com este sistema de poder e, no limite, deixar de pagar impostos. É preciso que surja um ou vários mohandas [mais conhecido por Mahatma, que quer dizer "alma grande" em hindi] Gandhi para fazer a resistência sem violência.
A Alemanha tem-se revelado contra a saída de alguns países do Euro. Esta posição explica-se pelo facto de a economia alemã sair beneficiada com a falta de competitividade de alguns países da moeda única?
Isso é o que os media mainstream contam aos cidadãos menos esclarecidos. Quando falamos da Alemanha, temos que distinguir entre a elite do poder (banqueiros e políticos) e a esmagadora maioria dos cidadãos, que são os trabalhadores e os empresários. A elite do poder alemã segue o mesmo caminho da elite do poder dos outros países. Mas não é verdade que a Alemanha beneficie com o euro, e a grande maioria do povo alemão é contra o euro. A Alemanha oferece (através do euro fraco) os excedentes que obtém da sua exportação ao Banco Central Europeu e este financia os défices dos países do Sul. Sem o euro, a Alemanha teria matérias-primas, incluindo o petróleo, e juros mais baratos e seria muito mais rica.
A Alemanha já há mais de 10 anos que exporta, de forma constante, mais de 40 por cento da sua produção. A Alemanha soube tirar partido do crescimento do PIB mundial, através de produtos e serviços competitivos e inovadores. Ao contrário dos países do Sul, onde houve uma bonança económica e os salários subiram cerca de 40 por cento, sem que o PIB tenha crescido da mesma medida. Consequentemente, o PIB tem sido absorvido só para pagamento de salários, em detrimento do investimento e o consequente colapso da competitividade destes países.
Deve a Europa avançar rapidamente para uma união política, de forma a salvar o euro?
Não. Com toda a certeza que não. Para quê salvar um colete de forças? As populações não são loucas, não precisam de um colete de forças. Uma união que não funciona economicamente, nunca pode nem vai funcionar politicamente. Isso é o desastre total. Mas é isso que os tecnocratas do poder de Bruxelas querem.
A economia portuguesa vai enfrentar um longo período recessivo. A intenção do Governo (e imposição de troika) de reduzir a taxa social única é uma medida bem-vinda?
Reduzir a taxa social única é uma medida temporária, que adia e agrava os problemas, pois a intenção por trás desta medida é baixar o custo/hora de trabalho em Portugal, mas, como a economia portuguesa não é competitiva, pelas razões já apontadas, isso é um artifício com uma duração temporária. É evidente que quem estiver a morrer afogado, agarra tudo e todos para conseguir respirar mais um pouco.
Na actual conjuntura, que outras medidas pode o Governo tomar para ajudar as empresas a aguentarem-se e a aumentarem as exportações?
A medida mais importante é negociar a saída do euro. De forma suave."
Esta entrevista e linha de pensamento está em marcha, não há que ter medo, há que ter medo de quem vendeu a soberania do nosso paíse é mordomo dos agiotas da finaça, há que ter medo dos da Abrilada que destruiram o país, Soares, dos Sócrates, dos Cavacos,Barrosos, Coelhos e Ângelos.
Há que ter medo da partidocracia que não quer mudar uma Constituição sem sentido, de uma Assembleia gosrda num país desgraçado e sobretudo há que ser portugês antes de ser de esquerda ou direita, isso são invenções de gente que sempre se serviram dos que trabalham todos os dias e dos que querem trabalhar e não podem.
É um pensamento e mais sair do Euro antes de levar um pontapé para sair.
Pede-se coragem, o nosso país já estava a ser goverando pelos banqueiros há muito, a troika são bancos, mas antes já eramos governados por banqueiros e pelas suas falsidades. "
TOUPEIRA
4 Comments:
Sim!
Sair do Euro, mas de forma diferente como entrámos. A trama estava montada, os autores da mesma estavam e estão no poder, eles e os bons alunos.
Portugal está primeiro e a ideia é melhor que a desgraça que aí vem se persistirmos numa política que contrai o PIB, aumenta o desemprego e empobrece e acaba com a classe média, fecha cada vez mais empresas, através do aumento de impostos para pagar uma dívida impossível de pagar e incobrável. Não há tempo a perder.
Interessante ainda não ouvi ninguém, nem da chamada esquerda nem da direita defender isto, porque será?
Acabaram-se as ideias?
A Europa está profundamente dividida. Seja pela questão de ver os países a evoluir a duas ou três velocidades distintas, seja pelas dúvidas quanto ao caminho a tomar, nunca como hoje se tornou tão evidente quantas cabeças tentam decidir o rumo europeu sem que haja uma única a liderar. Pelo menos oficialmente.
Paris e Berlim estão contra as obrigações europeias enquanto remédio imediato para a crise da dívida, e a estes juntam-se a Holanda, os finlandeses e mesmo o economista-chefe do Banco Central Europeu, Jürgen Stark. Defendem que primeiro é preciso que os países do euro cedam soberania e que só então poderão aspirar a endividar-se em conjunto com os seus pares. Só depois da inscrição de limites à dívida nas constituições e da aprovação de sanções automáticas a quem não cumprir, assim como do lançamento de um organismo europeu que valide os orçamentos locais, é que se poderá pensar em lançar esses mecanismos, dizem.
Do outro lado, e além de gregos e portugueses, contam-se os italianos, um ou outro Prémio Nobel, os britânicos e mesmo um ex-ministro alemão do SPD. Deste lado do campo pede-se o lançamento das obrigações europeias para evitar o colapso imediato e depois começar a integração da zona euro.
Há, portanto, uma base comum, que é a necessidade de avançar com as eurobonds. Mas falta convergir em termos de timings. De um lado do campo defende- -se que uma crise não é razão para que se criem mecanismos à pressa. Do outro lado do campo clama-se que não vale a pena esperar por mais integração, pois esta pode ser inútil caso a crise da dívida atinja Itália, Espanha ou França. O caos chegará primeiro.
Haverá um meio termo? A resposta pode ter começado a surgir ontem, por intermédio do ministro do Ambiente alemão. Norbert Roettgen não descartou as eurobonds, salientando que a maior integração no euro pode arrancar num "núcleo de Estados-chave". Ainda assim, sublinhou, a emissão de dívida europeia "é secundária". "Do que precisamos, e depressa, é de uma política económica supranacional estabelecida e legitimada democraticamente", afirmou.
Enquanto os líderes da Europa não se decidem, o que é certo é que as obrigações europeias continuam a existir, ainda que indirectamente. Entre 8 e 19 de Agosto, foi ontem noticiado, o Banco Central Europeu gastou mais 36,3 mil milhões de euros em obrigações da zona euro no mercado secundário, continuando assim o seu esforço de contrariar artificialmente a tendência dos mercados: a exigência de juros cada vez mais altos nos títulos de dívida de Portugal, Espanha, Irlanda, Grécia, Itália ou França.
Foram as políticas neoliberais e a deslocalização exigida pelos grupos financeiros que provocaram a desgraça.
Ao acabarem com as indústrias transformadores no Ocidente destruiram a capacidade de desenvolvimento e com o crescimento, provocando consequências que podem ser devastadoras na coesão social.
"A perda de postos de trabalho no sector da indústria transformadora norte-americana acelerou depois do ano 2000, com a concorrência global como provável culpado. Conforme mostrou Maggie McMillan do International Food Policy Research Institute, existe uma estranha correlação negativa entre alterações no emprego na China e nos Estados Unidos no seio das indústrias de transformação. Naquilo em que a China mais se expandiu, os Estados Unidos perderam o maior número de postos de trabalho. Nos poucos sectores que, na China, sofreram contracção, os Estados Unidos ganharam emprego.
Em Inglaterra, onde o declínio da indústria de transformação parece ter sido almejado quase alegremente pelos Conservadores, desde Margaret Thatcher até David Cameron ter chegado ao poder, os números são ainda mais impressionantes.
Para os países em vias de desenvolvimento, o imperativo da indústria transformadora é absolutamente vital. Normalmente, a diferença de produtividade em relação ao resto da economia é muito maior. Quando a indústria transformadora se desenvolve, pode criar milhões de postos de trabalho para trabalhadores não- qualificados, frequentemente mulheres que anteriormente trabalhavam na agricultura tradicional ou desempenhavam serviços subalternos. A industrialização foi a força motriz de um rápido crescimento no Sul da Europa durante as décadas de 1950 e 1960, e no Este e Sudeste asiáticos nos anos 1960.
A Índia, que recentemente teve taxas de crescimento idênticas às da China, contrariou essa tendência apoiando-se em software, call centers e outros serviços às empresas. Isso levou a que algumas pessoas pensassem que a Índia (e talvez outros países) pudesse enveredar por um caminho diferente, liderado pelos serviços, para o crescimento.
Mas a fraqueza da indústria transformadora é um entrave ao desempenho económico global da Índia e ameaça a sustentabilidade do seu crescimento."
A nossa desgraça advem do facto de termos aceite de braços abertos " A democracia " seja isso o que for.
Olhando para trás verifico que um povo inteiro por incultura, inveja e pequenez própria dos anões assistiu à destruição do seu império em nome da liberdade. Porém o estado a que chegamos é uma pequena parte do castigo pelo caminho por nós escolhido.
Há data do 25 de abril Portugal era detentor de coisas como:
A maior marinha mercante da Europa, os únicos estaleiros de reparação naval do mundo com capacidade para receber super- petorleiros acima das 500 mil toneladas, a CUF era então a sexagézima empresa da europa, A SOREFAME produzia comboios electricos para todo o mundo desde 1955, a metalúrgica Duarte Ferreira no Tramagal produzia não só equipamento militar co máquinas industriais e agrícolas, os cabos de Avila produziam cabos condutores que exportavamos para toda a parte do mundo, a Marconi possuía a maior rede de cabos sub-marinos do mundo entre tantas e tantas outras coisas...
Hoje, tal como há 37 anos a esta parte temos sido governados pelos piores de nós em nome de compromissos assumidos para implantar a Democracia, não tenhamos ilusões o pior está para vir.
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