Mas que desilusão… Governo e Troika!
"Não há dúvida. Somos um país que não consegue cortar despesa. A prova tivemo-la hoje quando o ministro das Finanças convocou a Imprensa para uma declaração (sem direito a perguntas) para anunciar mais… um aumento de impostos.
Desta vez, a passagem do IVA do gás electricidade da taxa de 6 para 23%. Tudo porque o governo precisa de mais 100 milhões de euros para ajudar a quadrar as contas deste ano (o défice de 5,9%, como referiu a Troika logo a seguir, é intocável!).
Mas maior que a desilusão de mais um aumento de impostos (Vítor Gaspar dir-me-ia, no final da conferência de imprensa que cortes de despesa ficam para a apresentação do OE 2012), foi a conferência de imprensa da Troika. Não que não tivessem sido (espantosamente) detalhados quanto aos problemas da economia portuguesa (até conseguiram especificar onde ocorreram os desvios orçamentais deste ano, coisa que devia ter sido feita pelo Governo). Não que não tivessem confirmado que seguem a implementação do programa de ajustamento ao milímetro; não que tivessem feito novos avisos à Banca (a desalavancagem não pode prejudicar o financiamento das empresas e os bancos precisam de aumentar o capital, mesmo que isso implique novos accionistas, Estado inclusivé); não que não tivessem repetido que o Estado tem de sair de uma série de sectores da economia; não que não tivessem reiterado que a União vai garantir o financiamento de Portugal se o país não conseguir regressar aos mercados, desde que implementemos o plano acordado com a Troika (vamos ver se os parlamentos alemão, finlandês e holandês não tiram o tapete às decisões da cimeira de 21 de Julho); não que não tenham feito finca-pé na redução da Taxa Social Única, em 6 a 7% e para todos os sectores (num “aviso” àqueles que no governo e Banco de Portugal preferiam uma versão minimalista do corte da TSU); não que não tivessem “sugerido” um novo programa de “governance” na Madeira (pena que não tivessem dito o mesmo para as autarquias…); não que não tenha reiterado que o ajustamento orçamental se não for acompanhado de reformas estruturais só resolve parte do problema (a economia estagna)…
Mas se eles fizeram tantos avisos, perguntará o leitor, porque estou tão desiludido? É simples: não foram suficientemente assertivos na questão do corte de despesa. Quando perguntei à Troika se não estavam desapontados com o facto de o Governo, até agora, ter feito “mais do mesmo”, a resposta foi: o governo tomou posse há pouco tempo, há que compreender isso. “Mas não é verdade que não fez nada: estabilizou o ritmo de crescimento da despesa”. Como analista a “força” desta declaração não chega. É verdade que Poul Thomsen, mais à frente, ainda disse que em 2012 terá de haver “cortes substanciais de despesa”. Mas a Troika tinha obrigação de ter posto mais pressão sobre o Governo. Para bem do próprio Governo (a opinião pública teria mais uma prova de que Portugal não tem saída senão o corte de despesa) e por respeito pelo contribuinte, que acaba sempre por pagar as correcções dos desvios orçamentais.
Mais: ontem ficámos a saber que parte do desvio das despesas de 2011 (provocado pelo BPN, em 320 milhões, e pela Madeira, em 277 milhões) será coberto pela transferência do fundo de pensões da banca para a Segurança Social. Só que este “pormaior” foi divulgado pela Troika, quando devia ter sido pelo Governo. Inadmissível!"
Camilo Lourenço
Desta vez, a passagem do IVA do gás electricidade da taxa de 6 para 23%. Tudo porque o governo precisa de mais 100 milhões de euros para ajudar a quadrar as contas deste ano (o défice de 5,9%, como referiu a Troika logo a seguir, é intocável!).
Mas maior que a desilusão de mais um aumento de impostos (Vítor Gaspar dir-me-ia, no final da conferência de imprensa que cortes de despesa ficam para a apresentação do OE 2012), foi a conferência de imprensa da Troika. Não que não tivessem sido (espantosamente) detalhados quanto aos problemas da economia portuguesa (até conseguiram especificar onde ocorreram os desvios orçamentais deste ano, coisa que devia ter sido feita pelo Governo). Não que não tivessem confirmado que seguem a implementação do programa de ajustamento ao milímetro; não que tivessem feito novos avisos à Banca (a desalavancagem não pode prejudicar o financiamento das empresas e os bancos precisam de aumentar o capital, mesmo que isso implique novos accionistas, Estado inclusivé); não que não tivessem repetido que o Estado tem de sair de uma série de sectores da economia; não que não tivessem reiterado que a União vai garantir o financiamento de Portugal se o país não conseguir regressar aos mercados, desde que implementemos o plano acordado com a Troika (vamos ver se os parlamentos alemão, finlandês e holandês não tiram o tapete às decisões da cimeira de 21 de Julho); não que não tenham feito finca-pé na redução da Taxa Social Única, em 6 a 7% e para todos os sectores (num “aviso” àqueles que no governo e Banco de Portugal preferiam uma versão minimalista do corte da TSU); não que não tivessem “sugerido” um novo programa de “governance” na Madeira (pena que não tivessem dito o mesmo para as autarquias…); não que não tenha reiterado que o ajustamento orçamental se não for acompanhado de reformas estruturais só resolve parte do problema (a economia estagna)…
Mas se eles fizeram tantos avisos, perguntará o leitor, porque estou tão desiludido? É simples: não foram suficientemente assertivos na questão do corte de despesa. Quando perguntei à Troika se não estavam desapontados com o facto de o Governo, até agora, ter feito “mais do mesmo”, a resposta foi: o governo tomou posse há pouco tempo, há que compreender isso. “Mas não é verdade que não fez nada: estabilizou o ritmo de crescimento da despesa”. Como analista a “força” desta declaração não chega. É verdade que Poul Thomsen, mais à frente, ainda disse que em 2012 terá de haver “cortes substanciais de despesa”. Mas a Troika tinha obrigação de ter posto mais pressão sobre o Governo. Para bem do próprio Governo (a opinião pública teria mais uma prova de que Portugal não tem saída senão o corte de despesa) e por respeito pelo contribuinte, que acaba sempre por pagar as correcções dos desvios orçamentais.
Mais: ontem ficámos a saber que parte do desvio das despesas de 2011 (provocado pelo BPN, em 320 milhões, e pela Madeira, em 277 milhões) será coberto pela transferência do fundo de pensões da banca para a Segurança Social. Só que este “pormaior” foi divulgado pela Troika, quando devia ter sido pelo Governo. Inadmissível!"
Camilo Lourenço
3 Comments:
1- Mais uma achega para incendiar a instabilidade dos mercados. Alemanha, sempre a Alemanha.2- Três opções tem a Alemanha em relação ao Euro. A primeira, assume claramente a defesa do euro e da sua estabilidade e, embora forçada, cede aos que os mercados pretendem: a emissão de eurobonds, com a contrapartida de um avanço significativo na vertente política da governação da Zona Euro. Dando à Alemanha, como principal economia e avalizadora da dívida da Zona Euro, um lugar de destaque e de poder efectivo; ou sai da Zona Euro, libertando-se do pântano da "dívida soberana" que parece não ter fim na Grécia e já atinge o segundo círculo das economias da moeda única e com fortes probabilidades de contaminar a França. Uma terceira hipótese, é forçar a saída dos três países periféricos resgatados. Mas esta opção já não parece ter muita eficácia devido à focalização dos mercsdos na dívida da Itália e da Espanha.3- Uma coisa é certa, a Alemanha está a contribuir para o agravamento da crise na Zona Euro. Umas vezes por omissão, como é o caso do alargamento e flexibilidade do FEEF,outras por acção como se tem verificado nas sucessivas resistências ao avanço dos mecanismos de apoio aos países resgatados.4- A questão que se coloca é para onde vais Alemanha? Dentro ou fora do Euro? As próximas semanas podem dar uma resposta.
Os políticos portugueses continuam a gozar com o seu povo analfabeto.
O Berlusconi que é parvo, é o que dizem em Itália, pelo menos tem vergonha na cara. Possivelmente teremos que importá-lo para cá.
Então, o homem é parvo, mas no lugar de atacar os reformados e aqueles que pouco têm, resolveu criar "um imposto especial de solidariedade" no valor de 5% sobre quem aufere anualmente mais de 90.000 euros por ano.
É claro, os italianos não são portugueses e não têm nada de parvos pelo que não comem tudo o que lhe põem à frente. Sabem distinguir que os interesses que estão em jogo.
Mandem o Berlusconi para Portugal para ver se cria esse imposto especial por cá para quem aufira mais de 5.000 euros por mês.
Não seria mais justo de que atacar sempre os mesmos para ver se morrem de exaustão, fome e desidratação.
Tenham um grande dia, apesar do CAVAQUISMO ter renascido.
Lembram-se de Cavaco? Aquele que acabou com a agicultura, as pescas e a indústria
metalo-mecânica em Portugal.
Brisa:Investiu 87 M Eur acções próprias em 2011,nas quais perde 35 M Eur,não incluídos no 1S2011.Perde mais 36,3 M Eur nas acções próprias de 2008.Target 2,75 Eur (antes 2,877 Eur). REDUZIR.
Quem se der ao trabalho, como eu, e for analisar as compras de 2011 de acções próprias da Brisa, precisará de preencher uma folha de Excel com 97 linhas, correspondentes a 97 dias de compras de acções próprias em 2011. E note-se, a Brisa só comprou, não teve um único dia em 2011 em que tenha vendido acções próprias.
Refira-se que as anteriores compras de acções próprias da Brisa, tinham sido em 2008, atingindo as 23,48 milhões de acções próprias, registadas no Balanço a....7,50 Euros cada.
Em 2011, conforme podem confirmar na lista longa de compras ( http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/emit_accoes_proprias.cfm?num_ent=%23%23TW%5D%0A ), tudo começa em 10-01-2011 com a compra de 280.516 acções ao preço médio de 5,082 Euros. Depois destaca-se uma compra de 1.300.000 acções próprias a 27 de Abril de 2011, fora de Bolsa, ao preço médio de 4,439 Euros.
Mas, nas 97 linhas de Excel, totalizei em 2011, uma quantidade de 19.561.397 acções próprias adquiridas, a um preço global de 87.000.805 Eur, ou seja à média de 4,448 Eur cada acção própria.
E assim, como hoje fecharam a 2,66 Eur, a Brisa está a perder 1,788 Eur em cada acção própria adquirida em 2011 (4,448-2,66). E, o prejuizo só das acções adquiridas em 2011 é já de 34,97 milhões de Euros (1,788x19.561.397). E este prejuizo ainda não está substancialmente relevado nas contas do 1S2011 da Brisa, já que a cotação de fecho a 30-06-2011 foi 4,21 Eur, ligeiramente abaixo do preço médio de compra das acções próprias da Brisa adquiridas em 2011 (4,448 Eur).
E ainda há a considerar a desvalorização das restantes 23,48 milhões de acções que a Brisa já tem desde o ano de 2008, neste caso também considerando a desvalorização desde a data das últimas contas apresentadas a 30-06-2011 do 1S2011: como a Brisa fechou em Bolsa a 4,21 Euros a 30-06-2011, então desde que fechou contas do 1S2011, nessas 23,48 milhões de acções está a perder mais 36,3 milhões de euros ainda não reportados [23,48 milhões de acções x (4,21 Eur a 30 de Junho de 2011 - 2,66 Eur de cotação de fecho de hoje)].
Ou seja, no total, depois de fechar contas a 30-06-2011, a Brisa acumulou 71,27 milhões de euros de prejuízos em acções próprias (34,97 milhões de euros nas que comprou em 2011, e mais 36,3 milhões de euros nas que já tinha desde 2008).
E, 71,27 milhões de euros de prejuízo, a dividir por cerca de 556,5 milhões de acções do capital social liquido de acções próprias (as 600 milhões de acções do capital social - as 43,5 milhões de acções próprias agora detidas), dá uma perda de -0,127 Eur por acção.
E, como eu tinha um target de 2,877 Eur na Brisa, retiro-lhe agora estes -0,127 Eur, e obtenho o target de 2,75 Eur.
E assim, baixo a recomendação para Reduzir (antes Neutral), face ao potencial de valorização de apenas +3,3%.
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