sexta-feira, novembro 18, 2011

A bem da nação!

"Durante a II Guerra Mundial, a BBC era conhecida por dizer sempre a verdade. Assim, quando dizia uma mentira todos acreditavam que era verdade. Em Portugal há quem considere que a RTP só deve dizer a verdade a que temos direito, segundo a interpretação do Estado.
Cada um merece as suas verdades, mas o que espanta é que o liberal líder do grupo que elaborou o projecto de serviço público seja tão estatal na informação. Portugal é assim: pequenino. Liberal como vício público, estatal como devaneio privado.

A ideologia reinante desde há séculos não muda. No futebol interessa quem gere a arbitragem. Na política só importa quem tem o poder da informação. Portugal é um país sempre à espera de que o Estado pastoreie as almas. Ou controlando a informação, ou tornando-a inofensiva.

O pretenso liberalismo de alguns é um estalinismo doce e crocante. As declarações de João Duque, regente de um documento que é elaborado repositório de frases feitas, são típicas de quem acha que o liberalismo é bom enquanto não se comanda o Estado. Quando se tem o poder, tudo deve ser ministrado a conta-gotas aos cidadãos.

O problema é que tudo isso é o contrário do genuíno ideal liberal, que se opõe a tutelas e mascotes. A democratização da RTP está em deixá-la livre, e não tatuada por quem julga ser o detentor da verdade e quer ser o árbitro do gosto.

O que se defende a bem da nação é o fim da pluralidade informativa que deve ser garantida pelo Estado. O que João Duque propõe não é que o Estado seja só árbitro do gosto. É que tenha o poder de garantir o arbítrio do gosto. Sempre a bem da nação, é justo salientar
."

Fernando Sobral

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