O mostrengo voador
"Há alguns anos, na BD, foi criado o Morcego Vermelho, um alter ego do popular personagem Peninha. Ele era um super-herói improvável. Apesar de ter equipamentos sofisticados como o pula-pula morcego, a moto-morcego e a corda-morcego, eles frequentemente resultavam mal.
O Morcego Vermelho é uma inspiração, mesmo na política. Mas em Portugal há uma maior: o Mostrengo. Vítor Gaspar é, na sua sobriedade de falso lento, um optimista. Provou-o ao dizer que Portugal está perto do "ponto de viragem". Socorreu-se então da poesia para explicar a prosa. Lembrou "O Mostrengo" de Fernando Pessoa para exemplificar a ideia que no presente é possível recriar o "episódio mítico do monstro marinho contra o homem do leme".
E, é claro, Gaspar acredita que é o homem do leme e que, escudado em Camões e Pessoa, abrirá a via para o cabo da Boa Esperança. É uma ideia encantadora. Depois do medo inicial, surge a certeza. Depois da coragem, a verdade. Vítor Gaspar ilude, no entanto, uma metáfora: "O Mostrengo", antes de se chamar assim, chamava-se "O Morcego".
Não foi ingenuamente que Pessoa se lembrou dele: o morcego, no Ocidente, simboliza a noite e a sua natureza proibida. O mundo subterrâneo é povoado por morcegos. Há quem diga que, com "O Mostrengo", Pessoa queria simbolizar a entrada na noite. Mostrengo ou Morcego entrámos na noite. Portugal não poderá continuar a criar mais austeridade, senão o equilibrismo político reinante desaparecerá.
Até 2013 estamos sob o chapéu dos fundos da troika. Mas depois, sim, se verá se vencemos o Mostrengo ou toda a farsa será simbolizada pelos morcegos da noite do euro. "
Fernando Sobral
O Morcego Vermelho é uma inspiração, mesmo na política. Mas em Portugal há uma maior: o Mostrengo. Vítor Gaspar é, na sua sobriedade de falso lento, um optimista. Provou-o ao dizer que Portugal está perto do "ponto de viragem". Socorreu-se então da poesia para explicar a prosa. Lembrou "O Mostrengo" de Fernando Pessoa para exemplificar a ideia que no presente é possível recriar o "episódio mítico do monstro marinho contra o homem do leme".
E, é claro, Gaspar acredita que é o homem do leme e que, escudado em Camões e Pessoa, abrirá a via para o cabo da Boa Esperança. É uma ideia encantadora. Depois do medo inicial, surge a certeza. Depois da coragem, a verdade. Vítor Gaspar ilude, no entanto, uma metáfora: "O Mostrengo", antes de se chamar assim, chamava-se "O Morcego".
Não foi ingenuamente que Pessoa se lembrou dele: o morcego, no Ocidente, simboliza a noite e a sua natureza proibida. O mundo subterrâneo é povoado por morcegos. Há quem diga que, com "O Mostrengo", Pessoa queria simbolizar a entrada na noite. Mostrengo ou Morcego entrámos na noite. Portugal não poderá continuar a criar mais austeridade, senão o equilibrismo político reinante desaparecerá.
Até 2013 estamos sob o chapéu dos fundos da troika. Mas depois, sim, se verá se vencemos o Mostrengo ou toda a farsa será simbolizada pelos morcegos da noite do euro. "
Fernando Sobral
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