terça-feira, março 16, 2004

Dúvida.

Na sua habitual crônica no Público, Vital Moreira afirma “Com mais ou menos ressentimento ou agressividade, os que apoiaram os Estados Unidos na invasão do Iraque lamentam amargamente a inesperada e pesada derrota do PP de Aznar nas eleições espanholas de domingo, que atribuem ao massacre terrorista de quinta-feira, acusando de forma mais ou menos explícita os eleitores espanhóis de terem cedido à chantagem e de terem "recompensado" o crime terrorista. Seguindo o que se foi escrevendo desde domingo à noite quer nos jornais, quer nos blogues de direita, é fácil dar conta da onda de denúncia e de condenação dos resultados eleitorais, não faltando mesmo as referências a Munich e a Chamberlain!

A censura é duplamente injuriosa. Primeiro, porque quem, como os espanhóis, sofre na carne desde há muitos anos o terrorismo basco e o combate sem desfalecimento, não pode ser aleivosamente acusado de acobardamento perante o terrorismo que vem de fora. Segundo, porque, mesmo que a derrota de Aznar tivesse sido predominantemente motivada pelos atentados, esse voto foi mais do que justificado, tendo em conta a esmagadora oposição contra o seu alinhamento com George Bush na invasão e ocupação do Iraque, que pelos vistos colocou a Espanha na mira da Al-Qaeda.

Parece incontestável que sem os ataques terroristas de Madrid, o PP teria obtido uma nova vitória eleitoral, embora muito provavelmente sem maioria absoluta…

O voto de domingo é por isso não somente um voto de protesto contra a entrada espanhola na guerra do Iraque e contra a subsequente desconsideração da ameaça terrorista islâmica que dela resultou, mas sobretudo contra a arrogância e a desonestidade política que se seguiram aos terríveis massacres de 11 de Março. Mais do que à Al-Qaeda, o PP deve atribuir a responsabilidade pela derrota a si mesmo.”


Dúvida: se o próprio Vital afirma “parece incontestável que sem os ataques terroristas de Madrid, o PP teria obtido uma nova vitória eleitoral, embora muito provavelmente sem maioria absoluta” como pode ele afirmar depois que “o voto de domingo é por isso … um voto de protesto contra a entrada espanhola na guerra do Iraque”?

Para mais a “a questão do Iraque não chegou a ser um tema central da campanha eleitoral antes de quinta-feira, e as sondagens pareciam indicar que os espanhóis estavam dispostos a renovar a maioria no PP, apesar da sua política de alinhamento com Washington e a sua decisão de enviar soldados para Bagdad”

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