O Kadaffy pode ser um sacana, mas é o "nosso sacana"
Deste modo singelo, com a visita de uma delegação de alto nível norte-americana a Tripoli, e com o rápido e evidente degelo nas relações entre o ocidente, encabeçado pelos EUA e a Líbia do agora ditador aceitável Kadaffy, volta-se à velha política da guerra fria em que ditadores eram apeados ou impostos, apoiados ou guerreados de acordo com o mais elementar conceito geo-estratégico.
E até se assistiu, como no Chile em 73 a um presidente eleito democráticamente a ser deposto por um golpe de estado sanguinário, e esse golpe ter sido apoiado pela "pátria da liberdade".
Como Marcos da Filipinas já havia sido apoiado, Somoza da Nicarágua, Suharto na Indonésia, responsável por mais de um milhão de mortos após a deposição de Sukarno, e que só à conta de Timor-Leste terão perecido 200.000 almas ou actualmente o ditador militar Musharraff do Paquistão, tudo porque faz o favor aos americanos de estarem presentes no Afeganistão, não pela luta aos talibãs, mas para que os EUA reforcem a sua presença estratégica na Ásia Central.
Há sacanas bons e outros que nem tanto.
Em tempos não muito distantes, também Saddam Hussein o foi, mas curiosamente deixou de o ser a partir do momento em que interveio no igualmente ditatorial e teocrático estado do Kuweit.
Seria muito petróleo para um único estado.
Enfim...
Gostaria que os sacristões de serviço à grande religião universal do bem e da liberdade da nossa praça jornalística (José Manuel Fernandes, Pacheco Pereira, Ribeiro Ferreira, José António Saraiva ou Luís Delgado) escrevessem algo sobre isto.
E como é que estabelecem e justificam esta súbita "amizade", com os desígnios propalados pelos EUA de que querem democratizar a região.
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