sexta-feira, abril 16, 2004

"Aconteceu em Fallujah".

"O que se passou em Fallujah, no Iraque, no passado dia 31 de Março, quando uma multidão dementada assassinou a tiro quatro civis norte-americanos, incendiando depois as viaturas em que estes se deslocavam, acabando por desmembrar a pontapé, com pás de ferro os seus cadáveres e arrastando finalmente dois deles pelas ruas da cidade enquanto penduravam os dois restantes na velha ponte de Fallujah, tornou ainda mais visível a selvajaria que assola o mundo.

Pode-se não aprovar a invasão e o que os americanos e ingleses foram de facto fazer àquela nação independente do médio oriente. Certo é que apesar de aquela acção ter sido aprovada por alguns países, a maioria da comunidade internacional critica severamente a referida intervenção militar. Pode-se até argumentar que tal intromissão na soberania do Iraque nada tem a ver com os argumentos expendidos pelos senhores George W. Bush e Tony Blair, situando-se a sua decisão em questões que nada têm a ver com a boa ou má governação de Saddam Hussein, mas em razões bem mais materiais, a que não são alheios interesses económicos dos países intervenientes.

A verdade, porém, é que a barbárie demonstrada em Fallujah levou o mundo a olhar com horror para a cultura, os instintos primários e sobretudo para a fé religiosa daquele povo. Se antes já havia alguma reserva das populações do hemisfério ocidental quanto ao fundamentalismo islâmico, é perfeitamente compreensível que depois de Fallujah, e tendo em conta que a atrocidade cometida por uma multidão que se assume profundamente religiosa, só pode ser entendida num quadro de incivilidade colectiva.

Não foi por acaso, de certo, que as acções criminosas dos habitantes da cidade iraquiana foram sempre acompanhadas com gritos de "viva o Islão" e "Alá é justo".

Não esquecemos que o islamismo é a religião que mais cresce no mundo, actualmente. Perante a irracionalidade demonstrada em Fallujah, é legítimo esperar então que grupos extremistas muçulmanos considerem como vontade de Alá irem pelo mundo fora matando "infiéis" aos milhares, como se tem verificado nos últimos tempos.

Não será isso o que leva fundamentalistas exarcerbados, sem quaisquer noções de que todos nascemos com direito inalienável à vida, a decidirem os frios atentados que têm enlutado o mundo civilizado? Se não é isso, o que será, então? Que mal lhes fizeram os largos milhares de seres humanos cristãos até hoje sacrificados ao que consideram a "justa vontade de Alá?"

Em 11 de Março passado, na cidade espanhola de Atocha foram assassinadas 190 pessoas e feridas cerca de 2 mil. Em nome de quê? Decidido por quem? Sob que justificação foram sentenciados ao extermínio homens, mulheres e crianças cujo único crime foi embarcar àquela hora no "comboio da morte"?

Diz-se que foi obra da Al-Qaeda que, por sua vez, responsabiliza pelo atentado um grupo extremista islâmico, Tak-fir Wal Hijra. O mais curioso disto tudo é que "do ponto de vista islâmico, estes atentados são aceitáveis", segundo as palavras de um suposto membro daquela rede terrorista, detido e interrogado em Espanha.

Pelos vistos, para os "extremistas islâmicos, "aceitáveis" são os assassinatos "menores", como o que perpetraram em Fallujah, 20 dias depois,

E assim vai o mundo, numa onda de loucura que, por este andar, só pode ter um final que não me atrevo a prever."

Luís Farinha.

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