Arautos da tal mensagem - 1
Eduarda Frommhold ( E.F.), na sua coluna de opinião publicada no Diário de Notícias de 05 de Abril, voltou à carga com o velho assunto do custo da remuneração dos gestores brasileiros.
O assunto, além de excessivamente repisado, nada traz de novo além da tentativa de influenciar a opinião pública.
É sabido que os bons gestores custam dinheiro. Ainda por cima estrangeiros.
Mas vamos aos factos.
E.F. afirma que os brasileiros ganham três vezes e meia mais do que o Presidente da República que ganha 6847,97 Euros e acrescenta que o próprio Cardoso e Cunha ganha 7800 euros por mês.
Ou seja, estranhamente a senhora fica escandalizada pelos brasileiros ganharem mais do que o presidente e não fica escandalizada por acontecer o mesmo com Cardoso e Cunha.
O que é mais grave, visto que ele é administrador não executivo, ou seja, não faz nada.
Melhor. O único trabalho que ele tem desenvolvido, como tem sido notório aos olhos da opinião pública, é simplesmente sabotar o trabalho de Fernando Pinto.
E ainda por cima, cada gestor da sua administração não executiva ganha 6500 euros. Coisa que eu nunca entendi. Porque é que o estado pagava duas administrações, uma executiva ( brasileiros ) e outra não executiva.
Vá lá que E.F. nem se lembrou que os gestores brasileiros já renegociaram os seus salários, aceitando ganhar menos para poderem cumprir os seus objectivos – salvar a companhia da falência.
Mas o que verdadeiramente a escandaliza, é o facto de os brasileiros irem receber 600 mil euros de prémio pelo facto de a companhia apresentar lucros à custa de resultados extraordinários.
E.F. esquece-se, como lhe convém, que o endividamento foi reduzido em 118 milhões de euros, situando-se agora em 756 milhões e mesmo sem os resultados extraordinários, a companhia não dá prejuízo mas um ligeiro lucro. Isso não conta?
Depois queixa-se também que lhes é paga a renda de casa.
Mas isso, nada há a fazer. Foi o resultado do contrato celebrado pelo ministro da altura, Jorge Coelho, a Swissair e os brasileiros. Talvez se a E.F. estivesse presente, o contrato teria resultado menos penoso.
Queixa-se E.F. de que, enquanto os brasileiros vão ter direito a um prémio no fim do ano, enquanto os responsáveis pelas áreas de Handling e Manutenção não vão ter, apesar de “como ficou confirmado na apresentação à imprensa, na última quinta-feira, dos resultados da companhia em 2003, aquelas ( Handling e Manutenção ) foram as únicas áreas de negócio da TAP que não precisaram de resultados extraordinários para apresentar resultados positivos”.
Acontece que:
1/ O contrato de trabalho com os brasileiros foi assim definido;
2/ Se tivermos em conta que, antes de deduzidos os encargos gerais, o Transporte Aéreo registou um lucro de 21 milhões de euros. O que retirando-se os tais resultados extraordinários fica em 1 milhão de euros.
3/ as receitas extraordinárias não se referem somente ao sector do Transporte aéreo.
4/ Qual a dificuldade dessa duas áreas darem lucro?
Termina com o lapidar “mesmo assim, Fernando Pinto defende o “bom desempenho” da companhia, num “ano terrível” para o sector, o que atribui à sua “experiência como piloto”. Uma experiência que de pouco lhe valeu quando foi presidente da VARIG”:
1/ Ainda há dúvidas que foi uma ano terrível para o sector da aviação civil com a guerra do Iraque, a pneumonia atípica, a gripe das aves, a desvalorização do dólar e das tarifas?
2/ Em 1996, quando Fernando Pinto assumiu a gestão da VARIG, esta tinha uma dívida de 2,4 mil milhões de dólares. Em 200, quando saiu da presidência, a dívida tinha sido reduzida para 940 milhões de dólares. Isto, tendo pelo meio a desvalorização cambial brutal em que o real passou a valer metade do dólar. Parece-me que estava a ser um bom trabalho.
3/ Sabe-se que a sua saída da VARIG aconteceu por motivos políticos. Tal como se está, actualmente, a tentar fazer por cá.
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