O bom filho a casa retorna.
"A saída de Carlos Cruz ocorreu cerca das 19 horas. Manuel Abrantes, ex-provedor-adjunto, ainda não tinha regressado da visita e, assim, o apresentador não conseguiu despedir-se do co-arguido do processo de pedofilia na Casa Pia. O JN sabe que, apesar da nostalgia, Manuel Abrantes se congratulou com a saída de Cruz, dando-lhe os parabéns. Como é norma nas prisões, o apresentador despediu-se de todos os companheiros da Ala "F" do Estabelecimento Prisional de Lisboa. Todos lhe desejaram imensa sorte, lamentando apenas o facto de perderem um dos reclusos que mais contribuíam para amenizar o período de reclusão com as suas constantes piadas.
Carlos Cruz abandonou a prisão sem levar os seus haveres, tendo estes sido, ontem, recolhidos pelo enteado, Martim Louro.
De acordo com familiares, o apresentador garante que o tempo que passou em reclusão serviu para se encontrar consigo próprio e para aprender a conhecer-se melhor. Carlos Cruz terá mesmo confidenciado que todos os juízes deste país deviam passar três meses numa prisão para aprenderem a julgar melhor.
Carlos Cruz soube que iria para casa, anteontem, através da rádio. O apresentador encontrava-se a preparar a intervenção que deseja fazer no debate instrutório, marcado para segunda-feira, quando irrompeu pela sua cela o outro arguido do processo de pedofilia na Casa Pia, Manuel Abrantes. O ex-provedor-adjunto não explicou nada e apenas disse a Cruz para ligar o rádio. A notícia apanhou o apresentador de surpresa, mas rapidamente se mentalizou que iria abandonar o Estabelecimento Prisional de Lisboa.
Apesar da surpresa, o bom humor que caracteriza Carlos Cruz não o abandonou. Assim, quando um guarda prisional o foi chamar para ir ter com Serra Lopes, um dos seus advogados, Cruz perguntou: "Já me vem buscar?" O guarda, que ainda não sabia de na-da, questionou-o se iria sair, ao que Cruz respondeu: "Não, eu sou é maluco, não ligue. Mas, pelo sim pelo não, arranje-me aí uns sacos pretos daqueles grandes para guardar as coisas".
O guarda riu-se e lá o conduziu ao parlatório onde Serra Lopes o aguardava. Cruz rapidamente percebeu que este também estava a leste da notícia. Serra Lopes perguntou-lhe se estava tudo bem e se podiam avançar com o planeamento do debate instrutório. Cruz limitou-se a questionar o advogado se tinha trazido carro. Espantado, Serra Lopes disse que sim. "Então, tens de me levar para casa", atirou o apresentador. A satisfação do advogado foi tão grande que, de imediato, se prontificou a arranjar duas viaturas.
O arguido ficou a saber que iria abandonar a prisão cerca das 16 horas, mas Carlos Cruz só deixou o estabelecimento perto das 19. Durante o período que intermediou a saída, dedicou-se a arrumar as coisas e a despedir-se dos restantes companheiros da Ala "F". A um recluso, o apresentador deixou a televisão. A outro, um leitor de CD. Nos sacos pretos meteu o resto dos seus pertences, designadamente uma rosa oferecida pela filha mais nova, a pequena Mariana, e cravos comemorativos do 25 de Abril. Já secos,
mas com uma simbologia de que o apresentador não se quer desfazer.
Escassos 30 minutos foi o tempo que levou a chegar à sua vivenda de Birre, em Cascais. Depois da emoção com que foi recebido por familiares e dezenas de amigos, Carlos Cruz pediu um whisky, que amaciou com água e gelo, e um charuto. A pequena Mariana não se
cansava de pedir colo ao pai e fez questão de lhe apresentar a no-va aquisição da família: um pequeno e felpudo gatinho.
Os abraços dos entes queridos eram uma constante. "Ele adora a sua casa. Sempre gostou de gozar a calma do lar. Era melhor estar totalmente livre, mas assim já fica muito melhor. Hoje (anteontem) desapareceu um fardo pesado das nossas costas", confidenciou, ao JN, Marluce, a ex-mulher do apresentador que, desde a primeira hora, assumiu a sua defesa.
Martim Louro, o enteado do mediático arguido, não deixava que nada faltasse ao "Papi", como carinhosamente trata Carlos Cruz. Marta pediu para permoitar em casa - vive com a mãe - e, antes de ir dormir, pediu ao apresentador para lhe ir dar um beijo de boa-noite quando também fosse descansar.
Cruz parecia uma criança a quem presentearam com dúzias de doces. Do processo diz não querer falar. Ainda. Mas recordou para a família dezenas de episódios da reclusão, não se esquecendo de mencionar que foi um preso quem, nma segunda-feira, lhe cortou o cabelo. "Dos melhores cortes que já me fizeram", brincou."
JN
P.S. Uma história comovente capaz de tirar lágrimas às pedras da calçada. Não percebo como há jornalistas que dizem terem vergonha de o ser, depois de terem assistido ao regresso triunfal do sr televisão à sua casa, com imagens melhores que as interactivas da TV Cabo. Efectivamente podia-se escolher qualquer posição dada a existência de cameras por todo o lado. Nem Sampaio conseguia tal.
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