quarta-feira, setembro 15, 2004

"Diz-me o que fazes, dir-te-ei quem és".

"Os jornais nem deram muita importância ao tema, mas ontem uma deputada municipal do Bloco de Esquerda na Câmara do Porto resolveu invadir a reunião do executivo. Os quatro partidos com assento neste órgão preferiram não dar mais publicidade à senhora e simplesmente desmarcaram a reunião condenando o acto. Falando para as televisões a referida senhora ainda explicou que estava a exprimir uma posição do Bloco de Esquerda.
A notícia merece três observações e uma conclusão:

1) Foi dito e repetido que o Bloco de Esquerda não tem legitimidade democrática suficiente na Câmara do Porto – expressa em votos – para ter assento no executivo;
2) Todos os partidos, do CDS ao PCP, condenaram o acto, mas não se ouviu uma única palavra do Bloco de Esquerda. Por outro lado parece estranho que a senhora tenha tomado uma posição tão radical sem antes consultar a direcção do Partido;
3) O caso concreto até correu mal enquanto operação de propaganda, mas se tivesse corrido bem não veríamos o Dr. Louçã de dedo em riste apregoando moral e outros afins?

É nestas pequenas acções que vemos o que se esconde por debaixo da batina. O Bloco de Esquerda não é um partido democrático. O Bloco de Esquerda não reconhece o nosso sistema como uma democracia. Considera-o injusto, burguês e infectado pelos piores defeitos da sociedade consumista. O Bloco de Esquerda considera que não precisa de legitimação democrática, porque tem legitimação moral e, por isso, o Bloco de Esquerda é tão perigoso."



"Acrescento: o péssimo trabalho jornalístico feito pelas televisões que filmaram o espectáculo do protesto (de um grupo que ocupou casas num bairro social do Porto destinado à demolição) sem se darem ao trabalho de investigarem o mínimo sobre o que se estava a passar, dando cobertura a uma tentativa de fraude do sistema de atribuição de casas sociais, através de ocupações selectivas por grupos marginais. Se fossem seguidos os critérios a que a operação de propaganda do Bloco de Esquerda deu cobertura, Lisboa e arredores ainda estariam cheios de barracas, como antes do Plano de Erradicação das barracas. Uma das obras do cavaquismo, diga-se de passagem. "

Divulgue o seu blog!