quarta-feira, outubro 06, 2004

Assim vai o país.

Marcelo Rebelo de Sousa apresentava há mais de quatro anos um comentário aos assuntos da semana, durante o "Jornal Nacional" da TVI. Debitando muitas vezes nos seus comentários o populismo esperado pela audiência, contornando assim a justeza argumentativa, os comentários agradavam à grande maioria dos espectadores e não deixavam indiferente os restantes do seu vasto auditório.

Num país sem oposição governamental, MRS dava-se ao luxo de colmatar ele próprio essa enorme pecha, apesar de ser do próprio partido que está no governo. A obscuridade que envolve este procedimento, conferindo por vezes a perda da noção de bom senso e de independência aos seus comentários, poderá ser explicada num profundo desejo de encarnar o Sebastianismo.

Mas nem sempre os seus comentários estavam inquinados de demagogia e os que não enfermavam dessa doença mediática eram verdadeiras armas certeiras. O problema estava em distinguir o joio do trigo.

Convocado para uma reunião com Paes do Amaral, MRS dá a entender que a sua colaboração com a TVI já não poderia ser livremente concebida e executada, dando a entender que o princípio do contraditório defendido pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Gomes da Silva é o regresso à censura. Ou simplesmente um mero recurso face à ausência argumentativa deste governo?

A medida teve no entanto um efeito totalmente oposto. Revelou ainda mais as enormes deficiências de um governo que caiu do céu nas mãos de políticos imaturos.
Impreparados para as adversidades, esta classe política resultante do mau estado em que se encontra, cujos melhores há muito debandaram, à mínima dificuldade fazem birra e acabam por disparar tiros no pé.

Com efeito esta manobra levanta o véu da tentativa de controlar editorialmente os diários nacionais de maior expansão, a televisão pública e os restantes órgãos de comunicação estatizados no intuito de vencer as eleições de 2006, já que pela governação parecem estar cada vez mais longe de atingirem a desejada popularidade.


MRS, apesar de tudo, faz falta à democracia.

Quanto à TV, qualquer dia só nos restas as boçalidades dos reality shows, não é Sr. Paes do Amaral? O lucro acima de tudo!!!!!

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Lamento a ausência dele nas minhas noites de domingo. Apesar de não ser da "côr" dele, gosto dos seus comentários.
Acredito que tudo isto caía no esquecimento e ele volte a dar-nos a sua opinião politica e social.
www.tribaglobal.blogs.sapo.pt

quinta-feira, outubro 07, 2004  
Blogger Luis Gaspar said...

Caro amigo: subscrevo e assino. Com uma excepção: não acredito que Paes do Amaral tenha explicado as razões da demissão (sim, tratou-se de uma demissão) a Marcelo. Também não acredito que ele seja ingénuo, e não tenha aproveitado um pouco. Tipo os jogadores de futebol. Mas foi falta. Aliás, foi penalty. Lá isso foi. Temo pelo futuro da democracia em Portugal, mais pela inexistência de oposição que pela esquizofrenia fascizóide do governo.

quinta-feira, outubro 07, 2004  
Anonymous Anónimo said...

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007  

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