sexta-feira, abril 01, 2005

Comentários.

"Assim, sendo gravíssimo o que aconteceu na Amadora (assassínio dos dois polícias), tal não justifica a adopção de medidas de excepção. Tratando-se de um acontecimento esporádico, provocado por um indivíduo excepcionalmente violento, devemos analisá-lo como tal e não perdermos o sentido das proporções. Quando ocorrem episódios como este, a comunicação reage invariavelmente a quente – ampliando momentaneamente a dimensão dos factos e esquecendo-os logo a seguir.

...

Mas sobra uma pergunta: se a polícia foi tão rápida a dirigir-se ao seu esconderijo, por que não o prendeu antes? Por que esperou que ele matasse para lhe deitar a mão
?

Editorial do Expresso de 25 de Março de 2005-03-31



É isso. A morte dos dois polícias foi um acontecimento esporádico provocado por um indivíduo excepcionalmente violento. Há pouco mais de um mês atrás, a morte de outro agente foi outro acontecimento esporádico provocado por dois (até ao momento) indivíduos violentos. Há pouco mais de um ano a morte de outro agente atropelado foi outro acontecimento esporádico. Desde 1999 morreram seis polícias e 2799 ficaram feridos (peca por defeito) em acontecimentos esporádicos provocados por indivíduos violentos. Resumindo: em Portugal acontecem milhares de acontecimentos esporádicos que não têm dignidade para serem considerados relevantes e, como tal, a criminalidade não merece ser levada a sério. Mais. Se os polícias morrem, a culpa é deles porque não prenderam os assassinos antes de eles dispararem. Só não explica qual o argumento que legitima essa prisão. Talvez "Suspeita de futuro assassinato?”

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