PORTUGAL, OS PORTUGUESES E A SUA ATITUTDE FACE A ESPANHA
Portugal e a sua capacidade de Defesa
Portugal e os portugueses não podem, ou não devem desvalorizar o investimento que Espanha está a fazer em matéria de Defesa, exactamente por sermos países vizinhos.
Se somos aliados no seio da NATO ou parceiros na UE, isso não significa que devamos ser distraídos, anedóticos ou palermas relativamente ao que se passa quanto a uma certa corrida armamentista espanhola, que ao nível de Marinha já a coloca ao nível de países como Itália, Holanda ou Alemanha, e apenas atrás da França e Inglaterra..
Deveríamos adoptar uma atitude, não de agressividade, mas de desconfiança, já que poderíamos encontrar 1.000 razões para desconfiar deste caminho armamentista de Espanha que acabará por hegemonizar estratégicamente toda a Península Ibérica, na qual estamos inseridos.
Não apontar alvos portugueses para os 60 Tomahawk's (mísseis de cruzeiro, com alcance e 1.800 km.) de Espanha (bastaria que estacionassem uma F-100 nas Canárias, para que Portugal pudesse sofrer sem capacidade de retaliação), mas apontar caminhos para a inversão da situação.
É certo que aqui, nestes fóruns, ou blogues poucos nos lêem ou ouvem.
Mas julgaria necessária a criação de uma consciência nacional para inverter esta atitude congénita do povo português, que para tudo parece confiar mais em Nª Senhora que nas suas capacidades como povo e Nação quase milenar.
E pensar se Portugal não deveria seguir um caminho ao nível de planeamento que levasse a uma capacidade suficientemente dissuasória para evitar tentações hegemónicas que se traduzam por sobranceria ou dictat's espanhóis sobre os interesses portugueses no seio peninsular e europeu.
O pior que os portugueses devem fazer em relação ao caminho espanhol é a desvalorização, ou aceitar como sábias, as afirmações paternalistas de cidadãos de Espanha, afirmando que o investimento espanhol em Defesa é benéfico para Portugal, já que segundo eles, Portugal beneficiará de um "chapéu de chuva" defensivo, mais uma vez contra o delirante ameaça moura, que os parece tanto preocupar.
O paternalismo "desinteressado" e altruísta de Espanha sobre Portugal é o primeiro passo para a anexação, não política, mas estratégica, e apagamento de Portugal no seio da Europa e da NATO.
E o pior:
A culpa é do desinvestimento e falta de visão de futuro que as chefias militares e o poder político têm tido relativamente às FA's desde há décadas.
Se a guerra colonial impediu que Portugal adoptasse um modelo de FA's moderno, para os padrões dos anos 60/70, o facto é que 30 anos após o final dessa guerra, as nossas FA's continuam com equipamentos desfasados no tempo, com uma organização herdeira da guerra colonial e um dispositivo territorial próprio da 1ª metade do século XX, e nenhuma vontade política de inverter seriamente essa situação.
Perguntar-se-á:
Mas as ameaças de hoje não são o terrorismo internacional, em vez de Espanha?
É exactamente por causa da diversidade de ameaças e imprevisibilidade, que hoje os interesses e segurança dos Estados se devem defender por vezes a milhares de quilómetros de distância, e não já em Vilar Formoso, ou em Elvas.
Mesmo perante ameaças clássicas, como numa pouco provável agressão de Espanha, Portugal não teria hipóteses para resistir e defender a sua parte continental por mais que algumas horas.
Mas poderia e deveria ter meios dissuasórios suficientes para tornar essas ameaças mais improváveis, porque como disse outro colega acima, os custos dessa agressão seriam muito altos para o atacante e inaceitáveis para a sua opinião pública.
Por isso seria necessário que Portugal adoptasse uma simetria proporcional na quantidade e qualidade dos dispositivos de Defesa relativamente a Espanha, para que se mantivesse uma proporção estratégica a nível peninsular.
Quanto ao resto, os meios de projecção de poder e de forças servem exactamente para defender os interesses de um Estado a muitos quilómetros de distância, mas isso é coisa que Portugal não possui também.
Comparativamente com Espanha (2 LPD's, mais o Porta Aviões PdA, e o futuro navio de projecção de deck corrido) terá uma capacidade de projecção notável, até para os padrões ocidentais, ao contrário de Portugal que para já nada possui, nem a nível naval nem aéreo.
Nem se prevê que venha a ter, se exceptuarmos a possibilidade do NavPol para 2010/2012, a construir nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
Ora sem esses meios de projecção, e outros meios que garantam uma cadeia logística, para nada servem as muitas fragatas que aliás não temos ou a sua qualidade (que é muito mediana).
Infelizmente.
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