segunda-feira, outubro 24, 2005

O Homem Providencial e o MIto

Sobre Cavaco Silva

Especula-se e olha-se hoje para a figura de Cavaco Silva como um homem que no seu cargo de Primeiro Ministro elevou Portugal a um patamar de desenvolvimento nunca visto desde o 25 de Abril, muito através da política de obras públicas, financiadas em grande parte com os dinheiros de Bruxelas, e bem aproveitados pelo seu Ministro das Obras Públicas, o Engº Ferreira do Amaral.

O que transformou Portugal no país moderno que temos hoje foi o regime democrático fundado a 25 de Abril de 74 que acabou com uma ditadura que tinha uma ideologia conservadora e tacanha, contra o desenvolvimentismo, e fechada ao exterior.

Cavaco Silva como outros PM's que tivemos todos contribuíram à sua maneira, para esse desenvolvimento após o 25 de Abril.

E o grande impulso veio da integração portuguesa da União Europeia. Não foi Cavaco sozinho que fez isso, como se outros PM's não o tivessem feito de igual forma.

Um dos grandes artífices da integração portuguesa na Europa foi o Partido Socialista e particularmente Mário Soares.

Em 1985, aquando da integração na então CEE, Cavaco até estava céptico relativamente a essa adesão.

Se uma das imagens de marca dos governos de Cavaco foram as grandes obras públicas, as infra-estruturas, isso foi graças aos dinheiros dos fundos de coesão de Bruxelas. Não foi magia dele.

Mas esse é o Mito do “Homem Providencial”.

Os fundos de coesão foram tão bem aplicados por Cavaco, como o foram por Guterres. A taxa de execução de obras públicas foi tão elevada com Cavaco como o foi por Guterres.

Relativamente ao anos áureos dos fundos do Fundo Social Europeu, estes serviram para o desperdício, em vez de servirem para uma efectiva qualificação profissional dos portugueses, serviu para o dinheiro fácil, para disfarçar o desemprego, através da frequência de cursos sem qualidade e inúteis na maioria dos casos.

E tudo isso no tempo em que Cavaco era PM. Por isso, eu não santificaria Cavaco, nem o consideraria um Messias que vem agora após um prolongado tabú, salvar Portugal do abismo. Pode ser que ele ganhe, embora eu não o deseje.

Mas não acredito que com ele em Belém, Portugal dê o salto em frente. Cavaco é mais um dos senadores desta democracia esgotada por uma classe politica conformada e bem instalada, rendida e que navega ao sabor dos interesses económicos e financeiros.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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quinta-feira, abril 26, 2007  

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