segunda-feira, novembro 14, 2005

Até amanhã.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar "afro-americanos"
aos pretos, com vista a acabar com as raças por via gramatical - isto tem
sido um fartote pegado! As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas" e
preparam-se agora para receber menção de "auxiliares de apoio doméstico".

De igual modo, extinguiram-se nas escolas os "contínuos"; passaram todos
"auxiliares da acção educativa".

Os vendedores de medicamentos, inchados de prosápia, tratam-se de
"delegados da propaganda médica". E pelo mesmo processo transmudaram-se os
caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".

Os drogados transformaram-se em "toxicodependentes" (como se os consumos de
cerveja e de cocaína se equivalessem!); o aborto eufemizou-se em
"interrupção voluntária da gravidez"; os gangues étnicos são "grupos de
jovens"; os operários fizeram-se de repente "colaboradores"; e as fábricas,
essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas da estranja são
"centros de decisão nacionais".
O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à
"iliteracia" galopante. Desapareceram outrossim dos comboios as classes 1.ª
e 2.ª, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas,
mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se
preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística".

A Ágata, rainha da música pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...»;
agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da
pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da
cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças
irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm um "comportamento
disfuncional hiperactivo". Do mesmo modo, e para felicidade dos
"encarregados de educação", os brilhantes programas escolares extinguiram
os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de
desenvolvimento instável".

Ainda há cegos, infelizmente, mas como a palavra fosse considerada
desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O
termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos
aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras
gramaticais...)

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça
desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas
fracturantes" e outros barbarismos da linguagem.


E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção
política» e o novo-riquismo linguístico.

À margem da revolução semântica ficaram as putas. As desgraçadas são ainda
agora quem melhor cultiva a língua. Da porta do quarto para dentro, não há
"politicamente correcto" que lhes dobre o modo de expressão ou lhes imponha
a terminologia nova. Os amantes do idioma pátrio, se o quiserem ouvir pleno
de vernaculidade, que se dirijam ao bordel mais próximo. Aí sim, um pénis
de 25 centímetros é um "car**** enorme" e nunca um "órgão sexual masculino
sobredimensionado"; assim como dos impotentes, coitados, dizem elas
castiçamente que "não levantam o pau", e não que sofrem de "disfunção
eréctil".

segunda-feira, novembro 14, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Isso são gajas de jeito?

segunda-feira, novembro 14, 2005  
Blogger Elise said...

lollzzz @ pantera

segunda-feira, novembro 14, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Pedofilia pura (não confundir o r com um t), mon cher Assur...

segunda-feira, novembro 14, 2005  

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