sexta-feira, dezembro 30, 2005

O DRAMA DE SÓCRATES

Quanto mais o PS de Sócrates se encosta à direita e às teses monetaristas tão do agrado dos partidos mais à direita, mais espaço deixa à sua esquerda para que PCP e BE cresçam, e mais espaço há para organizações sociais apareçam.

O drama do PS é que andou mal em todo o processo.

Após ter falhado nas tentativas para que Guterres, primeiro, e depois António Vitorino se candidatassem, e depois ainda de uma mal explicada história de um convite a Alegre, que depois foi desconvidado perante a disponibilidade de Mário Soares se apresentar na corrida a Belém, qual homem insubstituível, o PS está de pantanas.

Divorciado de grande parte da sociedade portuguesa, não consegue agradar ao eleitorado do PSD e CDS-PP, e afasta-se dos que acreditaram nele nas eleições de 20 de Fevereiro, e que lhe valeram uma maioria absoluta.

O PS olha para o seu umbigo e vai atrás das cartilhas sagradas do neo-liberalismo monetarista da velha escola de Chicago.

Em 10 meses, aumentou 9 impostos (IRS, IVA, IRC, ISPP, IA etc,) e permitiu o aumento intercalar dos transportes públicos.

O desemprego cresceu, e acena-nos agora com “novos amanhãs que cantam” através das promessas de prosperidade com a Ota e o TGV.

Mas para aumentar os salários não tem verba.

Há que zelar pelos interesses instalados da elite de bem pensantes, dos que decidem, dos poderes escondidos atrás das mesas dos conselhos de administração.

E agora o drama supremo:

Independentemente de Cavaco Silva ganhar ou não as eleições de 22 de Janeiro, e se Alegre, o militante out-sider que se candidata ficar à frente do candidato apoiado pelo partido?

E se houver 2ª volta e se Manuel Alegre, agregando os votos da esquerda, vencer nessa 2ª volta Cavaco Silva?

Em que pé fica o PS de Sócrates?

Depois de uma penalizante derrota nas autárquicas, uma derrota presidencial frente a Cavaco já é suficientemente má.

Mas pior para a direcção actual do PS seria Alegre ficar à frente de Soares, e eventualmente vencer as eleições, caso consiga forçar a realização de uma 2ª volta nas presidenciais.

O supremo castigo para o autismo de Sócrates e do seu aparelho de aparatchik’s, os que agora querem mais cargos, mais benesses, mais nomeações para conselhos de administração, para assessores de empresas públicas e semi-públicas, para empresas privadas, para organismos públicos.

São sempre os mesmos.

Sócrates teve a confiança popular que lhe valeu uma folgada vitória no início de 2005.

Deitou fora essa confiança que lhe depositaram recorrendo à mentira ao embaraço ao desdizer das promessas eleitorais.

Ao continuar as politicas de Durão Barroso/Santana Lopes é pior que estes, já que Barroso nunca se disse nem de esquerda nem socialista.

Não enganaram ninguém.

Sócrates enganou, traiu-os, e está agora a colher os resultados.

Os seus mais fiéis não o aconselham, ou estão a querer enterrá-lo?

Não se percebe, mas neste hiato, quem paga é o povo de pagantes, dos que pagam os aumentos dos bens e serviços a valores iguais ou superiores à inflação, mas que recebem aumentos de vencimentos bem abaixo do valor dessa mesma inflação.

Com uma eventual vitória de Alegre o PS afundar-se-á, e será a bofetada suprema dos militantes e simpatizantes do PS na sua direcção.

Será o descrédito da direcção instalada no Largo do Rato perante os seus eleitores e maioria de militantes que já não se reveêm na direcção partidária.

Será o princípio de um fim antecipado.

Se Alegre ganhar, o Governo ficará com pouca margem de manobra para governar os 4 anos da legislatura, mau grado ter conseguido uma maioria absoluta graças a promessa que o vento as levou.

Se Alegre vencer, pode-se dizer que o PS terá um ano negro para si.

2 Comments:

Blogger Mulah Omar said...

Olha!!

Publicidade a blog's ingleses...

sexta-feira, dezembro 30, 2005  
Anonymous Anónimo said...

um feliz e auspicioso 2006. Que a luta contra o bando continue.

sexta-feira, dezembro 30, 2005  

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