quarta-feira, março 15, 2006

Endividamento .

"Todas as comunicações e informações de crédito ao consumo vão ser obrigadas a indicar, de forma bem legível e perceptível, a taxa de juro. Mesmo que na comunicação ou publicidade em causa não haja referência a custos, passa a ser obrigatório a referência à taxa a pagar. Esta é uma das medidas que o Governo vai hoje anunciar, assinalando o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, e de que a banca não gostou. Como afirmou ao DN o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, Fernando Serrasqueiro, a Associação Portuguesa de Bancos (APB) mostrou reservas à sua aplicação."

DN

"Portugal foi o país que registou o maior aumento do endividamento das famílias desde 1990, no conjunto dos países que hoje fazem parte da área do euro. Uma das razões apontadas para esse forte crescimento é o enriquecimento desencadeado pela rápida e acentuada descida das taxas de juro que precedeu a entrada no euro em 1999. O certo é que pouco ou nada foi feito para contrariar essa tendência, nem no passado nem hoje.

A medida de obrigar as instituições financeiras a publicitar o custo efectivo do crédito é bem-vinda, desde que seja verdadeiramente cumprida. Já hoje a banca tem de publicitar o preçário dos seus serviços nos balcões, mas é em regra muito difícil ver onde estão essas tabelas. Estão lá. Mas em geral no cantinho menos visível.

A campanha publicitária para prevenir o sobreendividamento, também a anunciar hoje pelo Governo, apenas peca por tardia. Hoje já muitas famílias podem estar numa trajectória financeira de falência.

O elevado nível de desconhecimento dos portugueses sobre matérias económicas e financeiras, determinado pelo pouco tempo de convivência com os mecanismos de mercado, teria justificado por parte de quem governou o País desde os anos 90 uma atenção especial a este problema. Hoje pode já ser tarde para evitar alguns problemas.

Num passeio pela Internet, se visitarmos o site do banco central da Holanda, vemos como de imediato encontramos uma ligação para o público em geral. Aí se podem encontrar perguntas e respostas e esclarecimentos para jargões que ouvimos com alguma frequência, como data- -valor. E estamos a falar de um país com grandes tradições financeiras, onde aconteceu a primeira bolha bolsista, com as famosas tulipas.

Em Portugal nada disto encontramos. O Banco de Portugal não tem um sítio onde o cidadão comum se possa informar sobre os seus direitos ou apenas umas perguntas e respostas que traduzam a legislação que afecta os consumidores de produtos bancários. É verdade que existem umas publicações, mas não chega.

Para complicar, o Governo lá vai decidir fazer mais um gabinete, desta vez de aconselhamento financeiro.

As soluções para o problema do endividamento revelam apenas e mais uma vez o pior que há na ignorância: não saber que não se sabe e fazer de conta que se é muito sofisticado. São assim os países onde falha a educação.
"


Helena Garrido

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Acho muito bem que isto aconteça porque á muito boa gente em apuros por causa das ditas " letras pequeninas"

quarta-feira, março 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

As medidas que agora se anunciam não resolvem o principal problema conexo com o crédito ao consumo.
Na verdade, é a autorização legal de que as sociedades financeiras dispõem para cobrar juros elevados, na ordem dos 25%, e para praticar o anatocismo, isto é, a indexação dos juros vencidos ao capital para efeito de cálculo do juro devido no ano seguinte, que constitui a fonte do endividamento de quem recorre ao crédito ao consumo.
é um genuíno negócio usurário mas que é legal por autorizado.
A lei tem de ser alterada nessa matéria e a urgência dessa alteração é mais premente do que a medida que agora se preconiza.

quarta-feira, março 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Embora não seja favoravel a esta governação do Partido Socialista, não posso deixar de aplaudir esta iniciativa. Será no entanto deplorável que não passe de uma iniciativa, como tantas outras que tem ficado pelo caminho... Assim acaba-se de uma vez por todas com a formula
escrever com letras pequenas para enganar o consumidor. Esta iniciativa deve especialmente contemplar os contratos dos Seguros quer de natureza pessoal, os Seguros de Vida, quer os de natureza imobiliaria, seguros de veículos, etc. As Companhias de Seguros são como é evidente useiras e viseiras na aplicação deste sistema para que os seus segurados não se apercebam como facilmente podem ser enganados, quando aos sinistros não são aplicadas as normas que os agentes seguradores para alcançarem os seus interesses, prometem mundos e fundos e quando os segurados se vêem confrontados com a forma como assinaram os contratos e a forma como as Companhias pretendem valorizar quer os danos, quer as indemnizações. Por isso apoio incondicionalmente esta medida que pelos vistos ainda não passa de intenção, pois só assim deixarão de se enganar os bem intencionados, por agentes impreparados ou até malévolos.

quarta-feira, março 15, 2006  
Blogger Elise said...

e a responsabilidade das pessoas? daquelas que nem se dão ao trabalho de ler os textos pequeninos?

quarta-feira, março 15, 2006  

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