quarta-feira, maio 16, 2007

16 de Maio de 1943.


"Operação Chastise ". A destruição das barragens do Möhne e do Eder, no vale do Rhur, conhecida como a "Operação Chastise ", foi muito polêmica. Apesar de ter sido um ato de coragem incrível, supôs um custo social considerável. Foi uma das missões mais espetaculares da Segunda Guerra Mundial. Em plena noite, os bombardeiros da RAF efetuaram um ataque de precisão contra as represas do Rhur, cujas centrais elétricas forneciam energia ao maior complexo industrial da Alemanha. As barragens eram muito resistentes e uma bomba que pudesse abrir nelas uma brecha seria pesada demais para ser transportada, mesmo pelos Avro Lancaster. Barnes Wallis, um dos melhores projetistas aeronáuticos britânicos, propôs uma bomba menos convencional e demonstrou que se o explosivo fosse detonado na parte submersa das barragens, a onda de pressão seria suficiente para enfraquecer e, talvez, arrebentar a estrutura. Wallis projetou uma mina cilíndrica que, lançada a baixa altitude, flutuaria na superfície antes de afundar junto ao muro de arrimo, para depois explodir graças a uma espoleta hidrostática. Testes realizados com cargas miniaturizadas provaram que a idéia funcionava. O Ministério da Aeronáutica identificou os objetivos mais importantes nas barragens do Möhne, Eder, Sorpe, lister, Schwelme e Ennepe.


O tenente-coronel Guy Gibson foi escolhido para comandar uma nova unidade, o 617º Esquadrão ( que esta ativo até hoje utilizando os Tornados ). Gibson, um veterano comissionado em três operações, foi autorizado a selecionar pessoalmente a sua tripulação. Nos dois meses seguintes foi feito um treinamento para vôo de extrema precisão, mas, por motivos de segurança, os pilotos não sabiam quais eram os seus objetivos. O ataque foi planejado para 16 de maio de 1943, a fim de aproveitar o máximo da luz noturna, a lua cheia, bem como o nível maximo de água nas barragens. Só na véspera do ataque as tripulações receberam pormenores a respeito da missão. Enquanto isto, a base da RAF de Scampton, em Lincolnshire, recebeu 20 Lancaster B.MK III especialmente modificados. A bomba tinha que ser lançada exatamente a 18,3m acima do nível da água, à velocidade de 402 Km/h e a uma distância de 366 a 411 m do alvo. a precisão era vital para evitar que a bomba de desintegrasse com o impacto ou que saltasse por cima do objetivo.

A altitude era medida por dois refletores colocados na cauda e no nariz do avião, com os feixes convertidos de modo a formarem uma espécie de "8" sobre a superfície da água, no momento em que o avião atingisse a altitude exata. Gibson guiou nove aparelhos contra a barragem do Möhne. Um segundo grupo de cinco Lancaster´s, comandados pelo capitão Joseph McCarthy, um americano alistado na RAF, devia atacar a barragem do Sorpe. Os cinco aviões restantes, comandados pelo capitão W.C. Townsend deviam operar como "reserva movel".

A formação destinada ao Sorpe decolou pouco antes das 21H30min. , mas atraiu a atenção da Flack´s, a defesa anti-aérea alemã, sobre os Paises Baixos. Dois Lancaster´s foram abatidos e outros dois obrigados a voltar à base devido aos danos sofridos. Só ficou McCarthy, que voava com um atraso de quase 100 km devido a uma avaria sofrida na decolagem. A formação de Gibson, subdividida em três seções de três aviões, voava mais ao sul. Gibson chefiava a primeira seção, seguido a dez minutos de intervalo pelo comandante " Dinghy " Young. O grupo de reserva decolou por volta da meia-noite. Evitando as principais reservas do Rhur, Gibson localizou facilmente o seu objetivo graças à luz do luar. Enquanto a defesa anti-aérea abria fogo, colocou-se em posição e efetuou um ataque perfeito. O Lancaster do capitão J.V. Hopgood foi atingido pela flak logo que tentou a aproximação, enquanto o do comandante H.B. Martin efetuava o ataque, Gibson sobrevoava a barragem para distrair a anti-aérea inimiga. Martin soltou a mina com precisão. " Dinghy" Young, acompanhado por Gibson e Martin, que distraiam a artilharia inimiga, lançou uma terceira mina sobre o objetivo. Mas foi o seguinte ataque a do capitão D. J. H. Maltby, que causou o colapso da grande estrutura de concreto.


Os pilotos que sobrevoavam a barragem observaram a cena com angústia quando viram abrir-se uma brecha de 100m na estrutura e a massa de 134 milhões de toneladas de água represada começando a transbordar para o vale. Depois de ordenar a Martin e Maltby que regressassem à base, Gibson dirigiu-se para Eder. situada num vale mais profundo que a do Möhne, a barragem do Eder revelou-se muito mais difícil de bombardear. O capitão D. J. shannon fez seis tentativas, todas abortadas, para lançar a mina com sucesso. A de Maud Slay atingiu o para-peito e explodiu com o impacto, destruindo o Lancaster que passava apouco metros de altura. Foi a última carga, lançada pelo tenente l.G. Knight, que finamente abriu uma brecha na barragem do Eder provocando um espetáculo ainda mais impressionante que a do Möhne, quando duzentos milhões de toneladas de água se precipitaram pelo estreito vale.

Um pouco mais afastado, McCarthy dirigiu-se para o Sorpe, onde lançou a mina com precisão, mas só conseguiu reduzir a escombros uma parte do para-peito da barragem. foi então que Gibson convocou os três aviões de reserva para apoiarem o ataque, mas só um conseguiu faze-lo e a barragem manteve-se intacta. Os dois últimos Lancaster´s de reserva receberam ordens de se dirigir à barragem do Schwelme, que foi atacada, mas sem quaisquer resultados. O avião que deveria atacar a barragem do Lister talvez tenha sido abatido, pois a sua tripulação não voltou à base.

Guy Gibson foi condecorado com a Cruz da Vitória pela sua excepcional coragem e capacidade de comando. Esse homem se tornou um símbolo da geração de jovens que, noite após noite, desafiando as anti-aéreas e os caças noturnos inimigos, levavam a guerra até o coração da Alemanha. Um ano mais tarde Gibson perdeu a vida em território inimigo, mas o seu esquadrão, orgulhoso de se chama " DamBuster´s", sobreviveu como unidade de elite, encarregada de efetuar ataques ousados contra uma longa lista de objetivos vitais, desde o afundamento do encouraçado Tirpizt à destruição do viaduto de Bielefeld.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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quarta-feira, maio 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

sábado, março 17, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Excelente artigo ( como é normal neste vosso blog! )! De onde estou posso olhar para um desses Lancasters ( matricula AJG do Wg. Cdr. Guy Gibson ). Bem, é na escala 1/72, mas mesmo assim impressiona! :)
Boa homenagem a esses heróis!

abraço

quarta-feira, maio 16, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Excelente matéria. Guy Gibson foi um dos grandes pilotos que atual na RAF. Parabéns pelo blog. Olhando para o céu vejo um Avro solitário cortando o vento em busca de seu destino.

sábado, outubro 18, 2008  

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