sábado, maio 13, 2006

Ao serviço dos interesses de Espanha ou o parto que se avizinha

A Primavera vai adiantada, é um ano de muita erva.

Depois de um Inverno chuvoso quanto baste, espero, a Primavera veio em todo o seu esplendor. Mas a verdade é que provoca nos humanos uma sensação de perda, sendo uma época em que andam mais deprimidos, porque a natureza ao lhes dar as alegrias das cores e dos dias mais quentes, traz também consigo as tristezas e as recordações de sonhos por realizar e por concluir, ou a conclusão de que não passam de isso mesmo, de sonhos.

Interessante o facto e a sensação de que se sonhamos coisas estranhas, por exemplo voar, ao escapar de grandes perigos tentamos agarrar a mão de alguém que pode ser um irmão, por exemplo, de que nos recordamos da face quando éramos crianças e se acordamos logo a seguir alagados em suor, ficamos a relembrar aqueles rostos, para passado algum tempo se apagar na memória, anichando-se em locais remotos do cérebro, como dizem os fisiologistas e estudiosos dos fenómenos neurológicos, reduzindo tudo a uma teoria mais ou menos mecanicista, como se Deus fosse um deus ex machina e a alma fosse um intrincado sistema de reacções químicas e físicas, sem mais. Penso que há mais para além destas teorias demasiado simples, e todos nós temos de facto uma alma, porque se não, o que nos anima neste deserto de desânimo?

Discute-se para quem está mais atento neste sítio dos humanos tristes e de semblantes carregados, porque o fardo é pesado, a questão do Iberismo.

Mas o que é ser Iberista?

Mais ainda, o que é ser Iberista confesso? Será que se é por ter nascido num sítio a que os Romanos chamavam Ibéria?

Seria demasiado simplista considerar assim este facto.

Dito por quem diz e ampliado por outro que chama de nacionalismo bacoco aquilo que não deve coragem de dizer, querendo dizer patriotismo bacoco, que quer dizer pacóvio, pouco atilado ou ingénuo.

Outro ainda que os escolheu, chamado de Sócrates e os fez ser ministros desta república onde muito poucos se revêem, diz que Lino deve ter visões partilhadas com os governantes espanhóis, agravando ainda mais o dilema, ao recorrer ao pragmatismo. Portanto pode-se concluir que não temos um governo de Portugal, temos um governo partilhado com os governantes de Espanha.

Será que daqui se pode concluir que existe um acordo secreto e portanto partilhado apenas por alguns neste sítio, de que os interesses de quem governa aqui, partilha interesses com o governo de Espanha e logo com as empresas desse país, que sendo muito mais poderoso não deixará os seus interesses ser partilhados por Portugal, mas apenas servirá os de Espanha? A pergunta é pertinente e decerto pode ser procurado o rasto de tudo o que tem sido feito de forma sistemática, ao longo dos últimos trinta anos.

A economia se fosse partilhada, a nível fiscal deveria ser igual, mas na verdade é desvantajosa para as nossas empresas e para o cidadão em geral.

Então o que partilhamos, como diz Sócrates? Aqui o “partilhamos” será usado em termos gerais ou particulares?

Não será necessário dar exemplos porque os governos que se alternam, fazem sempre o mesmo, mudando apenas o estilo e a retórica, refiro-me é claro aos governos de Portugal e as oposições pouco mais fazem que mudar também o estilo e a retórica. Resulta daqui que cada vez estamos mais fracos e encostados a este vizinho poderoso, apenas acontece que, acreditando na linguagem usada, seremos um gémeo em que o cordão umbilical foi adulterado, restando um irmão mirrado e moribundo que será nascituro morto ao parir, e um outro gordo e lustroso, pela política do compadrio e ao serviço de interesses estranhos à nossa Pátria.

Portanto somos todos, os que acreditam em Portugal, para além do futebol, o gémeo que nascerá morto após o parto feito pelos obstetras que trabalham em equipa, assim que o Iberismo vencer. Bastará, que depois sejam distribuídos cargos pelos ditos obstetras do lado de cá, cargos de segunda, mas bem remunerados, porque com isto se contentam, apesar de venderem a alma que decerto não têm, porque nela não acreditam, logo a coerência está do lado deles, do outro lado reina o silêncio do grande rebanho, que vai balindo e se esconde na sombra do que está ao lado, restando as ovelhas decerto pouco tresmalhadas que cão diligente porá no lugar ao assobio do pastor, ou dos maiorais.

…“Nós os fracos não podemos sair de fracos, não façamos, pois, nada que não possamos fazer”. Esta amarga prudência, que até o insecto possui (o qual, em caso de grande perigo se finge morto ) tomou um pomposo título de virtude, como se a fraqueza do fraco – isto é a sua essência, a sua actividade, toda única, inevitável e indelével – fosse um acto livre e voluntário, meritório. Esta classe de homens na realidade necessitam crer num «sujeito» neutro dotado de livre arbítrio; é um instinto de conservação pessoal, de afirmação de si mesmo, por que toda a mentira tende a justificar-se. O sujeito ( a alma ) foi até aqui o artigo de fé mais inquebrantável, porque permitia à grande maioria dos mortais, aos fracos e oprimidos, esta sublime ilusão de ter a fraqueza por liberdade, a necessidade por mérito. Neitzsche em “ A genealogia da moral”

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