A conspiração
Num jardim à beira-mar plantado viviam vários animais.
De todos as ratazanas eram os mais bem sucedidos. Eram especialistas em sobrevivência, estava-lhes no sangue, sendo este grupo, descendente de outras, também com cheiro e linhagem igual e que por este sítio referido tinham vivido, depois de o terem deixado exangue e destruído, depois de encherem os seus estômagos de bons omnívoros, alimentando-se, como as ratazanas fazem, de tudo o que de bom existia, sem olhar a meios, até que a reserva vital do sítio conseguiu correr com elas, uns para um sítio onde dizem que lhes inventaram as ideias, pelo menos o nome, coisa de que duvido, dizendo antecipadamente que estes grupos e regras foram inventados por uns ratos que vivem numas ilhas atlânticas, em frente a um sítio a que chamam de continente.
Como dizia, deste grupo de ratazanas, uns ficaram na cidade chamada de Luz a viver à grande e à francesa, decerto com o espólio roubado deste jardim, outros continuaram a viver e a conspirar e a dar de barato tudo, desde a forma e os planos de algumas que ainda por cá decerto ficaram, a troco de alguns cargos de pouca importância, desde que lambessem as patas e fossem submissas, às ratazanas de um sítio ao lado do jardim à beira-mar plantado, coisa decerto fácil para as ratazanas a que vou chamar de exiladas, termo que elas gostam tanto de usar, fazendo disso um acto de heroísmo.
Nisto de ratazanas e ratos, há algumas que têm linhagem e são mais ou menos orgulhosas, mas do cheiro de grupo não se livram.
Felizmente , como dizia, a reserva vital expulsou esse grupo de mamíferos, que por lá foram ficando, mas sempre conspirando, até que a geração actual de ratazanas, conseguiu voltar a tomar o poder, chamando ao acto de revolta dos cravos, coisa que nunca entendi bem, embora os considere uma flor sem graça e sem cheiro, que nem em jardim tem lugar.
Ao fim de um ano os estragos no sítio já eram consideráveis. Ao fim de trinta anos assiste-se ao deserto. As ratazanas dão-se todas muito bem apesar de dizerem pertencer a grupos autónomos, está bem de ver, na forma, que no conteúdo são iguais.
De todos as ratazanas eram os mais bem sucedidos. Eram especialistas em sobrevivência, estava-lhes no sangue, sendo este grupo, descendente de outras, também com cheiro e linhagem igual e que por este sítio referido tinham vivido, depois de o terem deixado exangue e destruído, depois de encherem os seus estômagos de bons omnívoros, alimentando-se, como as ratazanas fazem, de tudo o que de bom existia, sem olhar a meios, até que a reserva vital do sítio conseguiu correr com elas, uns para um sítio onde dizem que lhes inventaram as ideias, pelo menos o nome, coisa de que duvido, dizendo antecipadamente que estes grupos e regras foram inventados por uns ratos que vivem numas ilhas atlânticas, em frente a um sítio a que chamam de continente.
Como dizia, deste grupo de ratazanas, uns ficaram na cidade chamada de Luz a viver à grande e à francesa, decerto com o espólio roubado deste jardim, outros continuaram a viver e a conspirar e a dar de barato tudo, desde a forma e os planos de algumas que ainda por cá decerto ficaram, a troco de alguns cargos de pouca importância, desde que lambessem as patas e fossem submissas, às ratazanas de um sítio ao lado do jardim à beira-mar plantado, coisa decerto fácil para as ratazanas a que vou chamar de exiladas, termo que elas gostam tanto de usar, fazendo disso um acto de heroísmo.
Nisto de ratazanas e ratos, há algumas que têm linhagem e são mais ou menos orgulhosas, mas do cheiro de grupo não se livram.
Felizmente , como dizia, a reserva vital expulsou esse grupo de mamíferos, que por lá foram ficando, mas sempre conspirando, até que a geração actual de ratazanas, conseguiu voltar a tomar o poder, chamando ao acto de revolta dos cravos, coisa que nunca entendi bem, embora os considere uma flor sem graça e sem cheiro, que nem em jardim tem lugar.
Ao fim de um ano os estragos no sítio já eram consideráveis. Ao fim de trinta anos assiste-se ao deserto. As ratazanas dão-se todas muito bem apesar de dizerem pertencer a grupos autónomos, está bem de ver, na forma, que no conteúdo são iguais.
É de interesse vital que os outros mamíferos do antes jardim à beira-mar plantado, assim pensem, ou melhor, para isso foram educados pelos fundamentalistas da classe do politicamente correcto, a que chamo de fundamentalistas, laicos e republicanos.
Criaram um sistema político de alternância, em que roubam para os vizinhos a leste que respeitam, como um cão respeita o dono.
A troco de alguns lugares subalternos e de mais valias, foram destruindo paulatinamente o sítio a que já dei o nome de jardim.
O método é simples.
Carregam nos impostos para que os vizinhos possam vender as mercadorias que produzem aos outros mamíferos, destruindo de encomenda o que os donos lhes disserem e ordenarem, chamando a tal, de forma a que só a semântica entenderá, controle do défice.
Melhor esquema não poderia existir, só equivalente ao que alguns administradores em tempos idos, fizeram no tempo de uns fulanos chamados de Filipes.
Estas ratazanas, que se têm alternado no poder, têm alianças com ratazanas que tendo o mesmo cheiro, tiveram linhagens comuns, portanto digamos que são meios irmãos de sangue e cheiro.
As obras feitas e por fazer, desde os sectores de energia, transportes, pescas e até as reservas de água foram entregues, depois de sobrecarregarem os mamíferos não pensantes e escravos, com impostos e sacrifícios, sempre para venderem ao vizinho do lado a preço de uva sem valor e ácida. O resultado está à vista.
Há dias chamaram de deslocalização e de globalização à saída de uma empresa que fabrica uns veículos, mas não entendi, porque a deslocalização se efectua para o leste ao lado e não para o leste longe ou para o oriente longínquo, será uma nova forma de globalização? Entenderá disto quem quiser entender, mas que eu saiba os mamíferos aqui do lado ganham muito mais que os de cá, mas as ratazanas de lá não se vendem com a facilidade das de cá.
Portanto, presumo que se trata de mais um capítulo da conspiração que vendeu o jardim à beira-mar plantado, aos do lado de lá, com as manobras das ratazanas que aprenderam o que os avós não conseguiram fazer há oitenta, noventa anos atrás.
Como numa fábula, termino com um pensamento, que pode ser utilizado por quem ainda o sabe utilizar:
"É fácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que tolere, sem protestar, um mestre ou um Corão. Mas é muito diferente, para libertar o homem, fazê-lo reinar sobre si próprio.Mas o que é libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que não sente nada, que significa a sua liberdade? Não há liberdade a não ser a de «alguém» que vai para algum sítio. Libertar este homem seria mostrar-lhe que tem sede e traçar o caminho para um poço. Só então se lhe ofereceriam possibilidades que teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se não existir gravidade. Porque a pedra, depois de liberta, não iria a parte nenhuma."
Antoine de Saint-Exupéry, in 'Piloto de Guerra'
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