quarta-feira, junho 14, 2006

Elvas e o encerramento da maternidade

Por mim, nada contra a racionalidade que possa resultar no encerramento de alguns blocos e partos que estão a decorrer.

No governos de Cavaco Silva já se havia observado o encerramento de pequenos hospitais e blocos de partos (Sintra, por exemplo), e essa meduida resultou numa melhoria na qualidade dos serviços prestados pelas maternidades que permaneceram abertas.

Mas a especificidade geográfica de Elvas merecia um tratamento de excepção, que só não foi observado, dada a aptência que este Governo parece demonstrar pelo rastejar perante Espanha, deslumbrados que estão com a superioridade do país vizinho.

Tendo em conta que tanto Portalegre como Évora distam muitas dezenas de Km. de Elvas, claro que a tendência natural é que as parturientes sintam necessidade de se deslocarem apenas 10 Km para irem até Badajós.

E o que aconteceu ontem, com a tragédia de uma parturiente ver a porta da maternidade de Elvas fechada, e ir de ambulância por mais de 70 Km a caminho de Portalegre, perdendo o bébé pelo caminho é trágico, e um convite para que desde hoje todas as parturientes de Elvas e arredores acabem por escolher Badajós que assim vem o seu hospital com clientela alargada, paga pelo Estado Português.

Um vergonha e a capitulação da portugalidade.

Há casos e casos.

Não discuto, por que nem, conheço os métodos e práticas médicas que possam justificar o encerramento de uma maternidade. Por isso não discuto Lamego ou Barcelos.

Mas a especificidade geográfica de Elvas merece um tratamento de excepção.

Ontem a excepção não observada teve um desfecho trágico.

Resultado:

Badajós passará a ter desde hoje a totalidade das parturientes da zona de Elvas.

Como referi no início, eu nada tenho contra a racionalização de alguns meios. Mas no caso de gravidez, se Elvas mantém a valência de obstetrícia, é muito natural que a grávida que venha a ter acompanhamento durante a gravidez, porque se ganham laços de confiança com as pessoas e a instituição que a acompanhou ao longo dos meses, queiram fazer o parto nos serviços onde foi sendo acompanhada.

É quase sempre assim.

A menos que os médicos obstetras que acompanhem a gravidez abram depois uma clínica particular para encaminhar as grávidas para os seus serviços na altura do parto.

Quanto ao resto, eu só referi a parte política da situação, já que referi que a especificidade geográfica de Elvas deveria ser salvaguardada. Porque com o tempo, é óbvio que as grávidas de Elvas e Campo Maior irão preferir sempre a maternidade de Badajós que fica mais perto.

A menos que se disponham a ser acompanhadas durante a gravidez, e durante os "falsos alarmes", em que ficam umas horas ligadas ao TCG nos hospitais de Évora ou Portalegre.

Tudo isto porque não estou a imaginar a grávidas de Fuentes de Oñoro ou de Ciudad Rodrigo virem ter os bébés à Guarda (que aliás parece estar na calha para fechar) em vez de irem para Salamanca, que fica mais longe que a Guarda


Parabéns, Sócrates:

Conseguistes materializar o teu fascínio pelo serviço nacional de saúde espanhol.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Don Rodrigo, enterrado en Viseu

sábado, junho 17, 2006  

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