quinta-feira, junho 15, 2006

Economia.

"O Governo não fabrica automóveis e não pode fazer mais do que oferecer boas condições às empresas que querem investir em modernização no nosso país".

"O sector automóvel voltou a ser o maior pesadelo do ministro da Economia, Manuel Pinho.

E, desta vez, o filme vai acabar mal, ao contrário do outro, o da AutoEuropa, que permitiu ao Governo capitalizar politicamente uma estratégia correcta de atracção de investimento estrangeiro. A Opel de Azambuja, já se percebeu, vai sair de Portugal, simplesmente porque é mais barato construir em Espanha do que em território português.

Para lá das avaliações mais ou menos inflamadas sobre a decisão de uma empresa estrangeira de sair de Portugal - que ficam bem em discursos demagógicos mas estão longe de ter qualquer adesão à realidade, a esta em particular ou a qualquer outra, de resto -, importa dizer, primeiro, que qualquer pessoa de bom-senso também não admitiria pagar mais por um produto do que o que pagaria se pudesse escolher um idêntico, mas mais barato. O problema é (1º) de Portugal e dos portugueses e da nossa (in)capacidade para mudar a face de uma economia e de uma estrutura produtiva que não respondem às necessidades de um País moderno e competitivo. E (2º) da própria General Motors (GM), que atravessa uma crise económica e financeira e precisa, por isso, de fazer uma ‘limpeza profunda’ do seu balanço internacional.

Tendo em conta a situação presente, quais são as possibilidades do Governo de inverter a situação? Poucas ou nenhumas, para lá do que já foi tentado. Para já, o pior que o ministro Manuel Pinho pode fazer é ameaçar a GM com tribunais e processos afins. Isso não só não vai manter a Opel em Portugal como vai desincentivar potenciais novos investidores. Depois, a alternativa dos apoios financeiros - já ensaiada - parece ter poucas possibilidades de sucesso, desde logo porque isso exigiria mais investimentos daquele produtor automóvel, o que não parece viável. De resto, o nível de incorporação de produtos fabricados em Portugal nos automóveis que saem da fábrica da Azambuja é muito inferior ao que se verifica nos produzidos na AutoEuropa. Assim, a vantagem competitiva da fileira automóvel em Portugal (leia-se componentes) não é significativa face às de outras paragens, nomeadamente em Espanha, no caso da Opel. Finalmente, a história diz-nos que os incentivos financeiros são terapias temporárias, se nada mais for feito. Em 2001, a Opel de Azambuja recebeu 41,7 milhões de apoios do Estado português…

No imediato, o Governo pode e deve aproveitar uma mão-de-obra qualificada para atrair outros investimentos estrangeiros na área de componentes automóveis, provavelmente de menor dimensão, mas com iguais exigências técnicas.

No futuro, fica a lição de que, nesta corrida pelo investimento, Portugal está em concorrência com outros países e, por isso, o Governo, este ou qualquer outro, vai ganhar alguns projectos e vai perder outros. O problema estrutural não é perder a Opel da Azambuja, apesar do impacto negativo desse facto na economia portuguesa. A questão reside, antes, em criar as condições que permitam não tornar estes processos inevitáveis
."

António Costa

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Costa ,este artigo é teórico.O nosso país não tem qualquer hipótese de captar um projecto automóvel, a menos que fôsse para abastecer o mercado ibérico(Uma condição ,é um bom mercado local).No caso da Azambuja há dois azres simultãneos: 1)Saragoça reduziu consideravelmente os custos e é uma fábrica mais completa 2)A GM anda a fazer prejuizos e os gestores têm de fazer show-off.Discordo quanto ao governo: tudo o que puder ser feito ,sem violar as regras comunitàrias deve ser feito ,nesta comjuntura dificil.É que vamos ter muitas "mortes anunciadas" para a frente...

quinta-feira, junho 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Pergunto-me qual será o limite de incentivos que os governos poderão dar a estas multinacionais. O país que der mais apoios é onde se estabelecerão. Vai-se a um leilão e logo se vê. Estas empresas só gostam de vender na Europa, mas fabricar por cá... Será que não vêem que se nestes países se propender para um desemprego ainda maior não haverá dinheiro para se comprarem os seus produtos?

quinta-feira, junho 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Nos próximos 15 anos, as perspectivas no SECTOR ATOMÓVEL são de que 80 % da INOVAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO surjam da Electrónica e do Software e não da assemblagem Mecânica. Acima de tudo há novos conceitos como o AUTOMÓVEL 100% SEGURO que transformarão os custos dependentes do Software/Conhecimento incorporado, o elemento de custos mais importante. O automóvel do Futuro é mais um «CHIP» COM RODAS. Mas claro preparar os próximos 15 anos é muito tempo para Portugal, infelizmente. É de qualidade de investimento que se deve falar. É das apostas na Industria de Software que é urgente discutir. Se o não fizer, Portugal está irremediavelmente fora das cadeias de valor da Economia do Conhecimento. O Futuro cria-se com Qualidade das apostas e não com paliativos políticos como por exemplo os 41,7 milhões de 2001. Neste como noutros sectores tradicionais da Economia, a não inclusão de sectores de I&D em electrónica de ponta e Software junto das empresas, é certo e sabido - problemas potenciais e cinéticas de deslocalização e consequente desemprego.

quinta-feira, junho 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Em resposta ao sr.António Costa,digo o seguinte;existe um bom ditado português, que diz o seguinte "Depois da casa roubada trancas na porta", isto significa o seguinte: 1º Não é a (in)capacidade dos portugueses ou de Portugal de mudar a face de uma economia ou de uma estrutura produtiva que não respondem às necessidades do País, mas tão só, a capacidade dos governantes deste país;porque, existem portugeses neste país que depois de se virem abandonados pelos patrões estrangeiros e pelo próprio estado, são muitos deles que assumem a gestão dessas empresas e vencem no mercado. Então como é? Isto, é uma luta interna surda, ou seja de portugueses patriotas contra portugueses que não o são.Quem geralmente não o é faz parte da superestrutura do estado, está tudo dito,pelo menos é a opinião de uma pessoa com mestrado em serviço social,gestão de empresas e relações internacionais e especilista em auditoria. 2ºOs dinheiros que vieram da UE, deviam ter sido aplicados quase na integra na estrutura produtiva do país,então, o que foi feito, enterraram esse dinheiro em bens de consumo rápido ou seja em bens que não geravam riqueza para o país, os resultados são estes.Criação de empresas ficticias,jipes, montes alentejanos,carros topo de gama e mudanças frequentes da frota de carros no estado e mobiliário novo para cada secretário de estado etc. etc.

quinta-feira, junho 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

A fabrica vai fechar, ao porque os custos em Espanha sejam assim tao mais baratos, mas sim por infelizmente numa logica de racionalizacao a fabrica de Azambuja eh umas daquelas que eh mais dispensavel. problema eh de centros de decisao, e destas multinacinais nao se regem por nacionalismos e muito menos andam por ca para fazer caridade. Espero que o governo receba parte dos incentivos de volta e que os use em proveito daqueles que vao ficar sem emprego.

quinta-feira, junho 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Concordo "grosso modo" com Maria Morte Lenta,pois o problema passa não pela incapacidade dos Portugueses,mas sim pela ignorância,e bestuntês de quem os tem dirigido.E falo também no Governo onde se tomaram decisões erradas,e que hoje estão a sair caro aos Portugueses.Gastou-se o dinheiro de Bruxelas em rotundas,alcatrão,e betão.No dia em que for necessário fazer a conservação,então veremos.Não se melhoraram os portos,não se fizeram interfaces destes com a ferrovia,esta continua com um traçado do séc.XIX,hospitais ficaram a maioria por fazer,Universidades idem,etc..Mas a verdade,é que o dinheiro gastou-se para bem dos bolsos dos empreiteiros.A falta de uma política com olhos postos no futuro é flagrante em todos os sectores.A Agricultura(que podia empregar muita gente) foi vendida a pataco,a troco de subsídios,para não se cultivar(set aside),gastou-se dinheiro em instalações para feiras,exposições,etc..Foi um regabofe,enquanto os Espanhóis investiam em Cooperativas de Comercialização.Resultado em Portugal o agricultor é uma espécie em vias de extinção,em Espanha a Agricultura está bem e recomenda-se.Depois os autores desta e doutras "façanhas",similares têm direito a Comenda e quem sabe,se a nome de rua.Numa coisa concordo,em que os Portugueses são culpados,andam a votar há 32 anos na incompetência,na ignorância,e nos "Acácios" todos que temos de aturar

quinta-feira, junho 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

O artigo é de encomenda.
Os argumentos são falsos.
Não há aqui nacionalismo, há internacionalismo maçon e opusiano.
Patriotismo é coisa em desuso, mas traição é coisa a aplicar.
Os cães têm dono e o resto é retórica para intelectuais do centrão e apêndices, vejam-se as opiniões ou a falta delas, digo dos partidos.
O país está a encerrar desde Cavaco e não é para balanço, trata-se da venda em saldo aos espanhóis, estes ( agora no poder),não são diferentes, ladram de outra forma apenas.
Afinal para onde foi a deslocalização?
Só se aguarda que o grupo instalado no estado democrático comece a prender quem se opõe à integração ibérica, lembrem-se de Azaña, do Costa da 1ª república, de Cortesão e agora as reedições.

sexta-feira, junho 16, 2006  
Blogger Al Cardoso said...

E estranho que com trabalhadores mais bem renumerados, a fabrica da Espanha consegue fazer os carros mais baratos!!!

sexta-feira, junho 16, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Calma!
A mim me parece que a fábrica da Azambuja vai continuar. Que nós todos vamos pagar para ela não ir para a Polónia. Ai, mas afinal era para ir para a Catalunha? Então vai depender de quem pagar mais: se o desgoverno deste sítio se o emergente do sítio da Catalunha.

domingo, junho 18, 2006  
Anonymous Anónimo said...

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quarta-feira, março 07, 2007  

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