sexta-feira, junho 09, 2006

O Outono está longe

Os dias correm como se fosse Verão antecipado há uma lua ou mais. As ervas cresceram de forma destemperada, estão secas e com isto o risco de incêndios.

Como não há rei nem roque no sítio e o respeito pela natureza não existe, espera-se o pior.

Como se constituíram as empresas e a indústria do fogo, o quadro está traçado e clama-se a todo o momento pelos meios aéreos que sai do bolso de todos os ursos e camelos que pagam impostos. Os homens que os combatem devidamente fardados e os seus superiores que tudo controlam, com as divisas nos ombros como se fossem capitães, majores, coronéis, têm as mais valias, tiradas do esforço e da coragem e do bolso dos que são contribuintes líquidos. Portanto a pressão mantém-se alta, refiro à atmosférica claro, para não ferir susceptibilidades de heróis. A família socialista que domina o sítio conhece como se faz e gere o negócio.

O Alqueva e o seu projecto afinal vai servir para alimentar as clientelas e de projecto agrícola transforma-se em projecto imobiliário, sem que os contribuintes do sítio possam mexer uma palha, afinal são contribuintes líquidos para alimentar as hienas que comem da mesa do poder, mas comem a parte do leão ou seja tudo.

A Galp chama aditivo ao biodiesel e não explica que vão consumir mais os veículos, por menos eficaz em termos de rendimento, tendo entretanto distribuído quotas pelos fabricantes, impedindo os que lhe fazem sombra de fabricar mais para que se importe quando cá se podia fabricar. Se estiver enganado que se demonstre o contrário. É a regra quando deveria ser a excepção.

Há mais obras emblemáticas do regime como Foz Côa, que era mas deixou de ser, guterristicamente falando, porque deixou o aluno bem adestrado.

O desastre a que chegou o sítio só será falado para o fim do Verão, com novas contabilidades da coisa pública como agora se chama. Mas para quê as lamentações se é necessário alimentar o voto de cerca de 1 milhão de pensionistas que esperam que as suas reformas fiquem iguais ás dos que sempre contribuíram e durante muitos anos, apelidando à injustiça, de sustentabilidade da segurança social? Afinal o homem é zarco apenas de um olho ainda lhe restando outro e como em terra de cegos quem tem olho é rei, estamos perante uma nova aristocracia.

A juntar a estas, estão as pensões que mataram a CGA, desde os deputados, aos presidentes de câmara, vereadores, gestores de empresas públicas e de tudo o que é o negócio de um país chamado de Portugal.

O centrão está aí no seu melhor e os líderes da chamada oposição calam-se, mandados pelo patrão-mor, armado em capitão-mor do sítio, ameaçando que se irá embora se não fizerem o que manda, Deus ajudaria se o homem cumprisse as ameaças, ele e todos os outros grandes investidores do regime. Estão entre eles os que negoceiam nos governos o seu porvir. Estão lá e depois ficam empregados nas empresas que serviram e se forem espanholas melhor.

Que resta então?

Resta o deserto em que este rectângulo se transformou, um deserto de escravos a quem tiraram a capacidade de pensar, porque o ensino oficial e os cachorros de serviço nos media fizeram bem o seu trabalho.

Este trabalho foi bem complementado pelos secularistas evangélicos do politicamente correcto que enxameiam este sítio e este mundo e eu digo malditos sejam! Como toupeira claro está e com pena dos humanos escravizados pelo regime da democracia da alternância, porque a justiça de facto está cega e podre, e não cobra o que deve.

“Para compreendermos o homem e as suas necessidades, para o conhecermos naquilo que ele tem de essencial, não precisamos de pôr em confronto as evidências das nossas verdades. Sim, têm razão. Têm todos razão. A lógica demonstra tudo. Tem razão aquele que rejeita que todas as desgraças do mundo recaiam sobre os corcundas. Se declararmos guerra aos corcundas, aprenderemos rapidamente a exaltar-nos. Vingaremos os crimes dos corcundas. E, sem dúvida, também os corcundas cometem crimes.A fim de tentarmos separar este essencial, é necessário esquecermos por um instante as divisões que, uma vez admitidas, implicam todo um Corão de verdades inabaláveis e o inerente fanatismo. Podemos classificar os homens em homens de direita e em homens de esquerda, em corcundas e não corcundas, em fascistas e em democratas, e estas distinções são incontestáveis.Mas sabem que a verdade é aquilo que simplifica o mundo, e não aquilo que cria o caos. A verdade é a linguagem que desencadeia o universal.

Newton não «descobriu» uma lei há muito disfarçada de solução de enigma, Newton efectuou uma operação criativa. Instituiu uma linguagem de homem capaz de exprimir simultaneamente a queda da maçã num prado ou a ascensão do sol. A verdade não é o que se demonstra, mas o que se simplifica.De que serve discutir as ideologias? Se todas se demonstram, também todas se opõem, e semelhantes discussões fazem duvidar da salvação do homem. Ainda que o homem, por todo o lado, à nossa volta, revele as mesmas necessidades.”

Antoine de Saint-Exupéry, in 'Terra dos Homens'

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