A irmandade pacífica.
"Num jornal diário, um sr. Macias, doutorado em História, discorre sobre um passeio à Síria. Na Síria, além das “grandes matrizes artísticas” (o Ocidente limita-se a “pequenas cópias”), o sr. Macias encontrou a felicidade: gente hospitaleira, simpatia, cruzamentos de “vivências” (sic) e de crenças. Lá, abunda um “genuíno amor por crianças”, e as mulheres gozam de completa “autonomia”, a ponto de convidarem o sr. Macias para um chá em casa delas. A segurança, “dentro de fronteiras”, é total: o risco “vem de fora” (adivinhem de onde).
Claro que a Síria real é outra: uma brutal ditadura dinástica, que observa a lei islâmica, restringe os direitos das mulheres, condena as crianças ao trabalho e à fome e recebe, com o beneplácito oficioso, escravos da Ásia e da África. Basta folhear os relatórios das organizações de direitos humanos. Mas tudo bem: o doutorado Macias poupou na erudição (veja-se as descrições: “Uma espécie de casas feitas em terra e que, em termos de formato, são muito cómicas”) para investir na afirmação política.
Mesmo subtil, a afirmação política não falha nas alusões ao Médio Oriente. Ninguém está interessado em tomar chá com aldeãs, ou nos “cruzamentos de vivências”. A ideia é apresentar um retrato idílico, e alucinado, dos árabes na zona, para contrapor ao “invasor”, evidentemente Israel, que é sempre a questão original.
É também, e sempre, uma questão em voga. A minha última crónica bateu um recorde pessoal de ‘e- -mails’, favoráveis ou contrários. Nada a dizer: as críticas às políticas de Israel são naturalmente legítimas. Ilegítimo é o rol de mentiras que, regra geral, as acompanha. Em boa parte da opinião pública, não há a sombra de uma vontade em apurar razões: há raiva, e qualquer delírio a sustenta.
Vale que os ‘e-mails’ são sinceros: dois leitores, que confessam deplorar a violência, insultam o macaquinho do Irão por este não cumprir as ameaças que diariamente agita. Em público, esta franqueza cai mal, e a eliminação sumária de Israel, uma ambição largamente partilhada, tem de ser escondida sob o suave véu do pacifismo. Decerto são pacifistas que se agitam em manifestações perante as embaixadas de Israel. E, em Portugal, foram decerto pacifistas que subscreveram um “documento” a pedir o “fim da violência”.
O “documento”, que finge condoer-se dos povos palestiniano e libanês, é uma coisinha ordinária, que desfila invenções rasteiras e dezenas de “personalidades”. Já não falo das vítimas israelitas, de agora e de outrora. Mas, talvez por esquecimento, nenhuma das “personalidades” em causa assinou papéis quando palestinianos foram forçados (pela hospitalidade árabe) a secar em enclaves, mortos por sírios e roubados por Arafat. Ou quando libaneses foram mortos por palestinianos e submetidos a sírios e bandos terroristas.
Se nem as mais desvairadas ficções conseguem culpar os ‘sionistas’ por uma desgraça, a desgraça é irrelevante. Caso contrário, eles pagam a despesa. Desde que, em última e dissimulada instância, visem o fim de Israel, todos os pretextos e ‘argumentos’ servem. E todas as alianças, voluntárias ou não, são bem-vindas. Não é à toa que o tal “documento” junta padres e comunistas, fascistas e antifascistas, palhaços e malabaristas. Se estivermos atentos, ainda ouviremos a Extrema-esquerda invocar o pobre Ratzinger. O ódio a Israel é o farol ecuménico do nosso tempo."
Alberto Gonçalves,
Claro que a Síria real é outra: uma brutal ditadura dinástica, que observa a lei islâmica, restringe os direitos das mulheres, condena as crianças ao trabalho e à fome e recebe, com o beneplácito oficioso, escravos da Ásia e da África. Basta folhear os relatórios das organizações de direitos humanos. Mas tudo bem: o doutorado Macias poupou na erudição (veja-se as descrições: “Uma espécie de casas feitas em terra e que, em termos de formato, são muito cómicas”) para investir na afirmação política.
Mesmo subtil, a afirmação política não falha nas alusões ao Médio Oriente. Ninguém está interessado em tomar chá com aldeãs, ou nos “cruzamentos de vivências”. A ideia é apresentar um retrato idílico, e alucinado, dos árabes na zona, para contrapor ao “invasor”, evidentemente Israel, que é sempre a questão original.
É também, e sempre, uma questão em voga. A minha última crónica bateu um recorde pessoal de ‘e- -mails’, favoráveis ou contrários. Nada a dizer: as críticas às políticas de Israel são naturalmente legítimas. Ilegítimo é o rol de mentiras que, regra geral, as acompanha. Em boa parte da opinião pública, não há a sombra de uma vontade em apurar razões: há raiva, e qualquer delírio a sustenta.
Vale que os ‘e-mails’ são sinceros: dois leitores, que confessam deplorar a violência, insultam o macaquinho do Irão por este não cumprir as ameaças que diariamente agita. Em público, esta franqueza cai mal, e a eliminação sumária de Israel, uma ambição largamente partilhada, tem de ser escondida sob o suave véu do pacifismo. Decerto são pacifistas que se agitam em manifestações perante as embaixadas de Israel. E, em Portugal, foram decerto pacifistas que subscreveram um “documento” a pedir o “fim da violência”.
O “documento”, que finge condoer-se dos povos palestiniano e libanês, é uma coisinha ordinária, que desfila invenções rasteiras e dezenas de “personalidades”. Já não falo das vítimas israelitas, de agora e de outrora. Mas, talvez por esquecimento, nenhuma das “personalidades” em causa assinou papéis quando palestinianos foram forçados (pela hospitalidade árabe) a secar em enclaves, mortos por sírios e roubados por Arafat. Ou quando libaneses foram mortos por palestinianos e submetidos a sírios e bandos terroristas.
Se nem as mais desvairadas ficções conseguem culpar os ‘sionistas’ por uma desgraça, a desgraça é irrelevante. Caso contrário, eles pagam a despesa. Desde que, em última e dissimulada instância, visem o fim de Israel, todos os pretextos e ‘argumentos’ servem. E todas as alianças, voluntárias ou não, são bem-vindas. Não é à toa que o tal “documento” junta padres e comunistas, fascistas e antifascistas, palhaços e malabaristas. Se estivermos atentos, ainda ouviremos a Extrema-esquerda invocar o pobre Ratzinger. O ódio a Israel é o farol ecuménico do nosso tempo."
Alberto Gonçalves,
8 Comments:
"Consistently, from the Hezbollah heartland, my message was that Hezbollah must stop this cowardly blending ... among women and children," Egeland said. "I heard they were proud because they lost very few fighters and that it was the civilians bearing the brunt of this. I don't think anyone should be proud of having many more children and women dead than armed men."
U.N. humanitarian chied Jan Egeland said it!!!!
Acabem com a injusta ocupação judaica da terra muçulmana!!!!
http://photos1.blogger.com/blogger/3599/471/1600/unjust_jewish_occupation_of_muslim_land.0.jpg
Convém não esquecer que a terra muçulmana vai da peninsula ibérica ao Irão. Se há quem goste de ser escravo dos árabes, eu não.
Texto maravilhoso. Só o que posso dizer. Ainda bem que existem pessoas assim que conseguem ver a realidade sem ficar destilando o ódio enraizado a nível genético como a Europa e Rússia sempre estiveram, um ódio gratuito e agora com Israel, um prato cheio.
Brilhante! É pena que vozes como a sua são cada vez mais raras. Parece que "os suspeitos do costume" embandeiraram mais uma vez!
Mais uma vez, simples, claro, consiso... dá prazer ler opiniões que são proferidas com as doses certas de distância e imparcialidade. Infelizmente há quem assim não saiba fazer análise e sintetisar um acontecimento.
Eu nunca serei nem escravo de judeus, posso dizer isso, afinal não sabiam, os infiltrados da Mossad que o prédio estava cheio de crianças, Arroz é filha de Dan, também infiltrada na américa enquanto a américa profunda permitir.
Na minha opinião, não se pode apenas condenar o estado israelita. Já muito se escreveu sobre isto e estou quase certo que nós pouco ou nada podemos acrescentar ao que já foi dito. Sem dúvida que não se pode defender a posição de Israel. Assim como não se pode defender a posição de quem tenta defender os seus direitos de armas na mão, matando indicrinadamente. Bem sei, Israel também mata. Não disse o contrário e, logicamente, condeno tanto uma facção como a outra. No entanto, acho que é contra a Guerra em si que temos de nos insurgir e não contra os povos que a praticam. As generalizações sempre deram mau resultado. É perfeitamente normal que todos se insurjam contra a violência. Seja ela provocada por brancos, pretos, vermelhos, amarelos, judeus ou hindus!
resistenciapassiva.blogspot.com
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