segunda-feira, julho 31, 2006

Matar às ordens de um Deus.

"São xiitas contra sunitas e todos juntos, em nome do Islão, contra judeus e cristãos. Matam em nome de um deus que, com toda a certeza, não quer que se mate. Quando a al-Qaeda, que no Iraque mata xiitas porque quer os sunitas no poder, ameaça defender o Hezbollah levando a guerra ao Mundo para impor a sua religião, deveríamos perceber de que lado está o fundamentalismo.

Israel é um Estado religioso, mas nunca teve a ambição de impor o judaísmo aos seus vizinhos. Os cristãos abandonaram há séculos essa pretensão. A guerra no Líbano é desumana e mata sobretudo inocentes, mas aos olhos de um deus que tutele todos os deuses não pode ser vista como injusta. Eles defendem-se com tudo o que têm à mão, fazendo exactamente o que faríamos todos se sentíssemos a nossa existência ameaçada.

Não é fácil fazer a defesa do Estado de Israel. Não hesitam em bombardear a ONU para não deixar escapar o inimigo. Não se comovem com a morte de libaneses inocentes para diminuir a capacidade do Hezbollah de matar civis israelitas. Mas não é esse o mal de todas as guerras? Para que não exista peso na consciência dos militares, alguém se lembrou de chamar a tudo isto "danos colaterais".

Deus é a mais esfarrapada das desculpas utilizadas pelos homens que procuram o poder de mandar na vida dos outros. Em seu nome, o Mundo faz guerras há séculos. O Hezbollah, que não representa a maioria dos libaneses, provocou esta guerra em nome de Alá, mas o Islão não pode ser condenado pela loucura dos fundamentalistas. Os verdadeiros crentes de todos os deuses deveriam começar por amar os crentes do deus do lado. Para acabar de vez com a possibilidade de matar em nome de Deus
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Paulo Baldaia

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