O que é o terrorismo?
"A tecnologia que nos deu maravilhas, deu-nos também sofisticadas armas, com um poder de destruição pré-apocalíptico. A situação no Líbano, não sendo surpreendente, é grave. Sob o ponto de vista da escalada militar e do equilíbrio geopolítico e estratégico no próximo e médio Oriente. Mas sobretudo pela indiferença , mais ou menos generalizada, em relação a mais um conflito.
Os estrangeiros põem-se a salvo. As populações locais tentam fazer o mesmo. Hezzbollah e israelitas assumem um confronto que ambos, afinal, parecem desejar. O estado libanês torna-se uma ficção e a comunidade internacional está-se nas tintas. Vale a pena discutir razões?
O que está em causa, sendo objectivamente o mesmo, é, afinal, nos inflamados discursos, uma coisa para os israelitas e outra para o Hezzbollah, o Hamas, a Síria, o Irão e o mundo árabe em geral.
Vêem-no de modo diferente o cidadão comum e os seus governantes. É, finalmente, uma coisa para todos quantos ainda insistem em ‘compreender’ o fenómeno do terrorismo (seja ele de Estado ou de grupos armados sem aparato nem disfarce estatal) e outra para todos aqueles que o repudiam sem quaisquer reservas.
Nos últimos decénios o terrorismo, antes dissimulado, ‘emancipou-se’. Perdeu o medo e a vergonha. Com a preciosa ajuda de quem o arma, o acoita e dele se serve sempre que possa mostrar alguma ‘utilidade’.
Perdeu a prudência, pôs de lado remotas motivações de natureza vagamente romântica, desumanizou-se cada vez mais e tornou-se um agressor comum. Selecciona agora os alvos de modo a que as vítimas sejam cada vez mais numerosas. É a estatística a comandar também o terrorismo. Persegue a destruição e a intensidade do drama. Apenas lhe interessa a espectacularidade do teatro da morte.
E nós? Estamos cansados.
Desde a Guerra Fria que os grandes senhores do mundo o transformaram num local em que os ‘equilíbrios’ vão sendo feitos de sucessivos desequilíbrios, em que o terror tem sido o elemento principal. E com isto perdemos a capacidade de nos surpreender com as proezas do terrorismo.
A tecnologia que levou os homens ao espaço e nos deu todas as maravilhas informáticas e científicas deu-nos também sofisticadas armas que evitam o confronto clássico de exércitos, mas têm um poder de destruição pré-apocalíptico, sem que os inimigos se olhem nos olhos. E em segundos nos oferecem horrores incomparavelmente mais sangrentos do que o terreiro da mais mortífera batalha da história.
Também as televisões com a presença constante e desejável, nos locais onde a humanidade todos os dias se desumaniza, ajudaram a vulgarizar o horror. Graças a elas suportamo-lo com a mesma resignação com que suportamos os dias de calor mais intenso. Como uma inevitabilidade, uma contingência, que há-de passar. Foi assim que muitos de nós deixámos de nos preocupar com o sofrimento alheio. E outros não hesitam em se aproveitar dele.
Hoje as reacções individuais ao sofrimento que vai pelo mundo dependem apenas daquilo que está dentro de nós e não daquilo que nos rodeia.
Somos prisioneiros da nossa impotência, mas também credores da nossa cultura, dos nossos valores, do nosso mundo interior e da nossa determinação de sobreviver como seres pensantes. Somos livres, apesar de tudo. "
Os estrangeiros põem-se a salvo. As populações locais tentam fazer o mesmo. Hezzbollah e israelitas assumem um confronto que ambos, afinal, parecem desejar. O estado libanês torna-se uma ficção e a comunidade internacional está-se nas tintas. Vale a pena discutir razões?
O que está em causa, sendo objectivamente o mesmo, é, afinal, nos inflamados discursos, uma coisa para os israelitas e outra para o Hezzbollah, o Hamas, a Síria, o Irão e o mundo árabe em geral.
Vêem-no de modo diferente o cidadão comum e os seus governantes. É, finalmente, uma coisa para todos quantos ainda insistem em ‘compreender’ o fenómeno do terrorismo (seja ele de Estado ou de grupos armados sem aparato nem disfarce estatal) e outra para todos aqueles que o repudiam sem quaisquer reservas.
Nos últimos decénios o terrorismo, antes dissimulado, ‘emancipou-se’. Perdeu o medo e a vergonha. Com a preciosa ajuda de quem o arma, o acoita e dele se serve sempre que possa mostrar alguma ‘utilidade’.
Perdeu a prudência, pôs de lado remotas motivações de natureza vagamente romântica, desumanizou-se cada vez mais e tornou-se um agressor comum. Selecciona agora os alvos de modo a que as vítimas sejam cada vez mais numerosas. É a estatística a comandar também o terrorismo. Persegue a destruição e a intensidade do drama. Apenas lhe interessa a espectacularidade do teatro da morte.
E nós? Estamos cansados.
Desde a Guerra Fria que os grandes senhores do mundo o transformaram num local em que os ‘equilíbrios’ vão sendo feitos de sucessivos desequilíbrios, em que o terror tem sido o elemento principal. E com isto perdemos a capacidade de nos surpreender com as proezas do terrorismo.
A tecnologia que levou os homens ao espaço e nos deu todas as maravilhas informáticas e científicas deu-nos também sofisticadas armas que evitam o confronto clássico de exércitos, mas têm um poder de destruição pré-apocalíptico, sem que os inimigos se olhem nos olhos. E em segundos nos oferecem horrores incomparavelmente mais sangrentos do que o terreiro da mais mortífera batalha da história.
Também as televisões com a presença constante e desejável, nos locais onde a humanidade todos os dias se desumaniza, ajudaram a vulgarizar o horror. Graças a elas suportamo-lo com a mesma resignação com que suportamos os dias de calor mais intenso. Como uma inevitabilidade, uma contingência, que há-de passar. Foi assim que muitos de nós deixámos de nos preocupar com o sofrimento alheio. E outros não hesitam em se aproveitar dele.
Hoje as reacções individuais ao sofrimento que vai pelo mundo dependem apenas daquilo que está dentro de nós e não daquilo que nos rodeia.
Somos prisioneiros da nossa impotência, mas também credores da nossa cultura, dos nossos valores, do nosso mundo interior e da nossa determinação de sobreviver como seres pensantes. Somos livres, apesar de tudo. "
2 Comments:
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