sábado, agosto 19, 2006

Uma guerra perdida?

" Israel ganhou a guerra no Líbano? Não, Israel não ganhou a guerra no Líbano porque, na verdade, não a podia ganhar. Que espécie de vitória seria alcançável contra um inimigo como o Hezbollah, que ocupa e até aqui dominou, sem resistência, um Estado fraco como o Líbano, vive da ajuda do Irão e da Síria e se alimenta do ódio do islamismo radical ao Ocidente? O tempo das guerras rápidas, dos sucessos retumbantes de Israel já passou. Não estamos em 1967. E quando os críticos de Olmert o acusam de na prática ter comprometido, ou mesmo arruinado, a invulnerabilidade de Israel ignoram a óbvia realidade que nenhum Estado é hoje invulnerável ao islamismo radical. No Líbano não se podia esperar que Israel liquidasse com prontidão definitiva o Hezbollah. Isso, suponho, não era possível, como a curto prazo não é possível ne- nhuma democracia do mundo estar livre do islão ideológico e fanático. Desde o começo dos ataques no Líbano que Israel procurou a melhor de todas as soluções precárias: o enfraquecimento e a contenção do Hezbollah. Se isso será conseguido, vai depender do Governo do Líbano, do exército multinacional que irá vigiar a região, dos progressos diplomáticos na Palestina, do apaziguamento do Irão, do que puder ser feito contra o islão que quer a destruição do Ocidente. A paz de Israel é hoje mais delicada que no passado.

Esta fragilidade e realismo aplicam-se por inteiro ao Ocidente. Nos últimos cinco anos o terrorismo atacou, por exemplo, em Madrid e em Londres. Foi possível impedir outros atentados, como o suposto golpe de Londres. Vamos ter de viver com a ameaça do terrorismo, como temos vivido com outras ameaças. O Ocidente ainda está à procura da melhor forma de erradicar o terrorismo. Habituemo-nos por isso a avanços e retrocessos. O diplomata americano George Kennan antecipou uma vez que a Guerra Fria duraria 50 anos, contra os quatro da Primeira Guerra Mundial e os seis da Segunda. A Guerra Fria acabou de facto por durar quase 50 anos. O combate ao islamismo radical só agora começou. A incerteza de Israel também é a nossa.
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Pedro Lomba

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