"Após apurada análise, verifiquei que 43,25% dos comentários evocativos do 11 de Setembro ainda seguem um padrão iniciado no momento em que as torres desabavam. O truque consiste em começar por condenar, ‘vigorosa’ ou ‘veementemente’, os atentados. Três frases chegam. A seguir, acrescenta-se um discreto ‘mas’ e, na sequência do ‘mas’, babam-se as maiores declarações de ódio aos EUA e às democracias ocidentais desde..., bem, desde o comentário anterior.
O imprescindível ‘mas’ assinala a transição das convenções sociais para a franqueza. O ‘mas’ é também uma piscadela de olho e um símbolo de pertença: é o cartão de sócio de um permissivo clube, que inclui esquerdistas, pacifistas, fascistas, cabeças-rapadas, malucos e trafulhas, e concede acesso a um mundo encantado. E invertido: as acções dos EUA, mesmo se posteriores, são responsáveis pelo 11/9. A globalização é responsável pelo 11/9, mesmo que estatisticamente venha atenuando a miséria dos pobres. A pobreza é responsável pelo 11/9, mesmo que o terrorismo em curso provenha de países e meios privilegiados.
Sucede que a técnica do ‘mas’ pressupõe essa compaixão fingida e, vinda de quem vem, custosa. O ideal seria ‘comentar’ o 11/9 sem os empecilhos dos cadáveres, dos escombros, do luto. A fim de remover as perdas norte-americanas na matéria, o ideal seria uma teoria da conspiração. Nos fundilhos da internet, circulavam há anos várias, a que obscuros livros e filmes conferiam vaga ‘credibilidade’. Infelizmente, não a bastante para que os delírios em causa alcançassem a discussão pública. Salvo escassas excepções e escassas alusões, nem a imensa desvergonha da Esquerda radical arriscava utilizar semelhantes ‘argumentos’. Não era a decência intelectual que a impedia, claro: era o medo do ridículo.
Ao quinto ano do 11/9, o medo acabou, e entrámos numa fase inédita do ‘debate’. Por cá, e por exemplo, o amor das nossas televisões pela isenção levou-as a mostrar as duas versões da história. De um lado, mais ou menos mórbidos, os factos; do outro, os dementes das conspirações, cujas ‘provas’ demons- tram à evidência que o 11/9 foi obra directa do governo de Bush e, em simultâneo, não existiu. É certo que um 11/9 ‘fabricado’ arrasa com a lenda das vítimas da globalização e com a rebelião dos oprimidos. Mas, enfim, os distúrbios neurológicos são um terreno complicado, que prefiro evitar. O que me intriga é o motivo pelo qual canais ditos sérios transmitem produtos como ‘Loose Change’ (RTP 1, com direito a repetição), colagem de invenções e palpites que uma criança mediana não engoliria. E intriga-me mais que o serviço público tenha insistido e feito do último ‘Prós e Contras’ um exercício de retórica em volta do ‘tema’.
Metade do programa gastou-se a ponderar alucinações. Metade dos convidados sugeriu a ‘mentira’ do 11/9 sem que o auditório se rebolasse a rir. E Mário Soares, que em tempos terá presidido à nação, reconheceu que “há ali coisas muito estranhas”. Entre as quais, digo eu, o facto de ele repetir barbaridades com convicção e citar o extraordinário prof. César das Neves em sua defesa. De figura maior da democracia a peão de tarados, o dr. Soares é um caso curioso: se ele não existisse, teria de ser inventado. E se calhar, conforme uma boa tese conspirativa provaria num ápice, até foi."
Alberto Gonçalves
12 Comments:
Neste mundo hipócrita em que vivemos ainda aparecem pessoas que têm coragem de chamar os bois pelos nomes. Em poucas palavras, Alberto Gonçalves disse tudo aquilo que tb pensam as pessoas sensatas e honestas! Parabéns!
É de facto curioso o "mas". Gosto também dos "alegados terroristas", dos "alegados ataques" e das "alegadas vítimas". Quando Israel ou os Estados Unidos atacam, o termo "alegados" deixa de ser empregue pelos jornalistas...
Quanto ao Prós e Contras, de facto o mais extraordinário foi ter sido feito. Depois achei piada ao "Sr. Neves", como Soares lhe chamou. Alguém achou que foi lapsus linguae? Conspiro, talvez, mas cá para mim foi uma provocação deliberada. Como provocação deliberada é dizer ao Pacheco Pereira que "isto não é a Quadratura do Círculo, em que ninguém deixa ninguém falar" (ou algo do género). Fez-me lembrar a elevação de Mário Soares nos debates das presidenciais...
De bom tira-se a afirmação repetida de que "se o terrorismo fosse feito pelos pobres, era africano e não do Médio Oriente". Já toda a gente o percebeu...
No último programa “Prós e Contras” da RTP 1, um dos ilustres muçulmanos convocados ao debate para apoiar Mário Soares e alegar que a queda do WTC foi obra de Bush, foi o Dr. Yossuf Adagmy, membro da Comunidade Islâmica em Portugal.
Trata-se do mesmo intelectual islâmico que escreveu assim no seu livro “A Mulher no Islão” (onde cheguei por esta via):
«[...] Assim, para evitar tais catástrofes, o ISLÃO exige que a mulher muçulmana cubra e proteja e seu corpo, e vá de encontro aos requisitos da modéstia, honra e virtude. [...] Que contradite com as modas ocidentais, que cada ano se concentram, intencionalmente, a excitar a mais sensualidade dos olhares públicos. Nos últimos anos, temos assistido ao surgimento do mini-vestido, da mini-saia, do cabelo molhado, das calças justas, do vestuário transparente, topless (uma lista infindável), tudo destinado a expor, ou a realçar, as partes íntimas do corpo feminino. A sociedade ocidental encontra-se, infelizmente, tão apodrecida, que os seres humanos, homens e mulheres, não se sentem envergonhados de andarem despidos em público, completamente nus e, realmente, tão desnudos como peixes.»
Ai o rancor de reprovação que lhe deve ter merecido (estou certo que nas antípodas do gozo do lúdico Mário Soares) a vista esplendorosa, opulenta e “pouco vestida” da apresentadora-moderadora do programa… E, é claro, tapem-se as senhoras e os quadros ímpios de Goya, muito piores que todas as caricaturas juntas sobre Maomé.
Adenda: Pelo que nos conta o Tiago Barbosa Ribeiro, o mesmíssimo intelectual islâmico “há dois anos, defendeu a aplicação da sharia e a lapidação de Amina Lawal aos microfones da Antena 1”. Temos homem, pois, para ajudar a construírem-se pontes entre culturas, civilizações e religiões. Com as mulheres à parte, para se poder “negociar” à vontade e sem tentações libidinosas.
Do blog Àgua lisa
http://agualisa6.blogs.sapo.pt/
Para desmontar as teorias de conspiração, este site fez um grande trabalho:
http://www.loosechangeguide.com/lcg5.html#$160%20Billion%20in%20gold?
Correcção....
O link principal e com o index todo é:
http://www.loosechangeguide.com/LooseChangeGuide.html
Sorry... lololl
A minha opinião é que o dr. Soares nunca existiu.
ora, senhor almirante, quem dera que fosse verdade! :/
http://photos1.blogger.com/blogger/7327/2701/1600/06.09.12.Tunnelvis-X.gif
Prós
por Francisco José Viegas
in A Origem das Espécies
Se acham que foram os americanos a mandar os aviões contra o WTC, eu acho bem. É preciso que assentemos numa verdade. Se acham que cada um de nós tem culpa dos crimes do fundamentalismo e anda a humilhar o Oriente e o Magrebe, transformemos isso numa verdade inquestionável (basta ouvir os noticiários). Paguemos a Kadhafi, como ele exige, para evitar que a emigração do outro lado do Mediterrâneo chegue às praias de Espanha e de Itália (chantagem por chantagem, o melhor é pagar ao chantagista directamente em vez de votarmos depois de fazerem explodir Atocha). Consideremos que o uso da burka e a excisão feminina são apenas questões de natureza cultural e que, no fundo, são reacções contra a arrogância ocidental e as pernas de Mary Quant, essa vaca imoral. Claro que estamos de acordo em que o Ocidente tem falta de Deus e que Maomé tem lições a dar-nos, ele e os outros profetas de vária procedência; o criacionismo integrista está aí para nos salvar. Vigiemos os caricaturistas, vigiemo-los bem. Claro que andamos a irritar o mundo das mesquitas fundamentalistas; aceitemos, portanto, a bondade de nova fatwa contra Rushdie e, mesmo agora, contra Mahfouz.
[continuar a ler] http://origemdasespecies.blogspot.com/2006/09/prs.html
A coragem de Bento XVI
Um artigo corajoso de Judite de Sousa: A coragem do Papa
Há lições a tirar. O Ocidente não pode ceder à chantagem e ao medo. Não podemos ter medo de falar sobre o Islão e sobre Maomé. Nós, Ocidentais não podemos estar reféns nem dos extremistas muçulmanos nem dos muçulmanos moderados que em momentos como este pensam exactamente o mesmo dos " Jihadistas ".
Se não podemos citar palavras de há 600 anos com o medo de ofender os muçulmanos, o que é que podemos fazer ? Resignamo-nos a perder a nossa liberdade e condenamo-nos ao obscurantismo ? Só resta dizer que o imperador Bizantino Manuel Segundo está carregado de razão e que os seus diálogos permanecem actuais.
O artigo todo em http://jn.sapo.pt/2006/09/16/opiniao/a_coragem_papa.html
SIM!!!! Temos que dizer: "Até aqui e NÃO mais!!!
Chega de dobrar á chantagem!!!!
Finalmente a "revelação"...
http://photos1.blogger.com/blogger/4195/569/400/20060619.png
Os heterónimos extremistas e os provedores
O João Miranda levanta uma questão muito pertinente sobre os empenhados "consumidores do canal público" que pedem insistentemente a Paquete de Oliveira, provedor do Telespectador da RTP, para rever o "documentário" Loose Change, uma peça de propaganda grosseira e paranóica que reúne uma boa parte das mais absurdas teorias da conspiração sobre o 11 de Setembro.
Ainda há pouco tempo, foi possível detectar uma instrumentalização semelhante do provedor do Público pela extrema-esquerda, nessa altura para pressionar José Manuel Fernandes relativamente aos seus editoriais sobre a resposta de Israel às agressões do Hezbollah.
Quem compreender os mecanismos da acção colectiva facilmente se apercebe de que os provedores são uma ferramenta ideal para que grupos minoritários extremistas - como o PCP e o BE - consigam através da acção directa aumentar ainda mais a sua já desmesurada influência na comunicação social. A utilização destes mecanismos permite-lhes simular uma representatividade que de facto não têm. A perversidade maior destas situações está em que, ao serem-lhes concedidos mecanismos que permitem levar a cabo essas simulações e manipulações, os grupos extremistas acabam por beneficiar em termos bem reais da (falsa) imagem criada, não só pelos efeitos de propaganda conseguidos mas especialmente pelo poder efectivo que lhes é atribuído. Assim se explica também a preferência da extrema-esquerda pelas experiências de "democracia" participativa e pelas acções de rua como alternativa à democracia eleitoral burguesa. Para a extrema-esquerda, o padrão é o mesmo de sempre. Só os meios usados e os idiotas úteis que são manipulados vão mudando.
Do blog O Insurgente
E assim se constroi o "politicamento correcto" e se instala o Sindroma de Estocolmo na imprensa....
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