Natura deficit
O círculo fechou, mas o circo vai continuar.
O centrão com todos os seus apêndices que parecem dizer que não ou a tudo parecem ser contestatários, aí está, no seu apogeu.
As marés vivas enfraquecem e a elas seguem-se as outras, conforme o andar desta velha Terra, da Lua e do Sol que afinal também se move.
De facto, o futuro dos que nada devem a ninguém, que não costumam pedir e que se não querem corromper, a si, nem aos seus, esse futuro está sem horizonte.
O sítio foi tomado pelas ratazanas, há muito, diria, mas ao que parece agora, a visibilidade do facto é a realidade a que assistimos, os que ainda pensam...
Podemos atribuir este facto a sociedades mais ou menos secretas como as das ratazanas, subterrâneas, silenciosas mas letais, e cruéis e frias quando é necessário. O olfacto é o seu melhor meio, as suas melhores armas a dissimulação, o guincho e o ataque em grupo, quando as forças estão em maioria, fingir de morto apenas quando os perigos são de morte.
As ratazanas tomaram conta do sítio e os que nada podem, lamentam-se e já falam ou escrevem a medo, porque sabem que estão a ser lidos e a ser vigiados.
Exagero? Penso que o único exagero é, ou será pensar que estamos num sítio onde se podem discutir ideias, ou poder dizer que o estado do sítio foi assaltado por quadrilhas e grupos, que de facto governam através de marionetas com maior ou menor poder, mas sempre marionetas.
Estas figuras, que todos os dias entram nas casas dos humanos do sítio onde habito, vestem e falam bem, ou então, parecem às vezes zangar-se uns com os outros, com o objectivo de enganar ainda algum incauto que não tenha ainda ficado com o cérebro condicionado pelas televisões e outras coisas criadas pelos dominadores do mundo, com um deus que é o dinheiro e o poder que ele gera, não importam os meios que se utilizem, apenas os fins.
Este imenso rebanho, que alguns gostam de chamar de povinho, está satisfeito, saliva quando tocam a campainha a que chamam de voto, gosta de receber e lamber as mãos dos donos e desde que o subsidiozinho, a pensãozinha e o respectivo complementozinho ou rendimentozinho garantido apareçam, é sempre bom ouvir a banda tocar e acompanhar a procissão do senhor presidente e ou outro figurão do chamado governo da república, bater palmas, apertar as mãos e dar a beijar as ainda inocentes criancinhas.
Afinal eles oferecem as maiorias, há que os sustentar, dar-lhes a ração e tocar a campainha ao mesmo tempo, como Pavlov fazia.
É a nova religião dos fundamentalistas evangélicos do politicamente correcto, dos Marcelos que tudo sabem e debitam na sua homília; dos Louças que falam como se fossem seminaristas arrependidos; dos Cavacos que voltam muitos anos depois a visitar os bairros que continuam degradados, mas continuando a necessitar de terapeuta da fala, e de limpar a baba dos cantos da boca, facto que podia aproveitar no oásis ou instituição dos bem comportados do antro que lhe foi decerto mostrado; do apressado Sócrates que prepara o país para o aborto, coisa decerto que domina, e todos os outros actores do circo que pagam a conta aos seus lacaios, das várias confederações patronais e dos trabalhadores, ex trabalhadores e outros difíceis de catalogar.
A testada está limpa mas é necessário continuar a pagar as coimas.
Natura deficit, fortuna mutatur, deus omnia cernit. (A natureza trai-nos, a sorte muda, um deus vê do alto todas as coisas.).
Não queria acabar assim, mas lembrei-me do imperador Adriano e dos escolhos que teve que afastar.
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