Noites estranhas.
A noite já vai longa. Uma figura corta apressadamente as ruas da capital debaixo de uma chuva fina invernosa por entre poças de água e um frio de enregelar. Os seus paços ecoam como marteladas no silêncio.
Passa apressadamente por cantos aonde gentes enganam o frio dormindo em caixas de papelão. Figuras esquivas eclipsam-se ao longe furtando-se ao encontro. A viagem continua célere. Furtando-se á confusão dum Rossio descaracterizado por obras num ápice chega ao Restauradores.
Pára em frente do ponto de encontro. Antigo Cinema, antiga Discoteca aonde se consumiram muitas horas em voltas dos mostradores a escolher musica e se agravou o défice, agora Loja do Cidadão. A saudade transforma-se numa lágrima que se mistura com as gotas de chuva que correm pelo rosto cansado. Um eco na noite acaba violentamente com esse breve recordar do passado.
As duas figuram-se unem-se num aperto de mão. Caminham em direcção à viatura parada em cima do passeio e desaparecem pela avenida acima em direcção a Cascais. Depois de estacionado o carro entram no bar carruagem vizinho à Estação terminal. Sentados à mesa lançam um olhar em redor, filtrando a farta afluência.
Duas figuras com bâton vermelho acendem a fogueira do desejo. Trocam-se mensagens subtis por entre olhares indiscretos. No cimo dos sapatos de salto alto, curvas graciosas de sonho dominam os curtos vestidos negros. Os olhos fogem das órbitas. Feras em jogos de sedução, levantam-se e saem deixando no ar um convite silencioso irrecusável. Continuam pela rua fora, indiferentes aos piropos mais ordinários e aos carros que abrandam á queima-roupa, perseguidas á distancia por duas sombras silenciosas bem conhecidas.
Entram num Mercedes e rumam a Sintra, sempre perseguidas implacavelmente por um Golf Prateado. Os carros param e, num conhecido bar, as quatros figuras acharam-se juntas na mesma mesa cumprindo o destino traçado. Travaram conversa. Beberam loucamente até os olhos se encadearem. Os carros voltaram a partir, desta vez com pares trocados, cortando o escuro da noite ávida em descobertas de sensações fortes.
Entram num Mercedes e rumam a Sintra, sempre perseguidas implacavelmente por um Golf Prateado. Os carros param e, num conhecido bar, as quatros figuras acharam-se juntas na mesma mesa cumprindo o destino traçado. Travaram conversa. Beberam loucamente até os olhos se encadearem. Os carros voltaram a partir, desta vez com pares trocados, cortando o escuro da noite ávida em descobertas de sensações fortes.
A viagem acaba à beira da falésia na vivenda branca isolada do mundo. Covil discreto ideal aonde a descoberta alcança o auge. Os encantos ocultos são finalmente revelados à luz da lareira que aquece a enorme sala enquanto o vento assobia e o mar bate violentamente nas rochas.
As horas passam a correr lá fora e a manhã nasce abruptamente. Um sol tímido ilumina aquela casa em ressaca. Capítulo final de uma noite que nada de novo acrescenta ao mundo.
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